sexta-feira, 31 de outubro de 2014

JOÃO GUMES


JOÃO GUMES
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João Antônio dos Santos Gumes, mais conhecido como João Gumes, nasceu em 10 de maio de 1858, em Caitité, sendo seus pais  o professor. Antônio dos Santos Gomes (seu homônimo) e a professora Anna Luisa das Neves Gumes.
O patriarca da família é Luis Antônio dos Santos que saindo do Porto (em Portugal), chegou à região em 1790. Casou-se com Maria Lagoeiro e com ela teve sete filhos, entre eles João Antônio que acrescentou “Gumes” ao seu nome.
Em 1896, João Gumes publicou sua primeira produção, intitulada “O Caetiteense”, em homenagem  a Rodigues Lima, que voltava a Caetité depois de cumprir  o mandato de governador da Bahia.
Apesar de autodidata, foi professor, escritor, musicista, dramaturgo, tipógrafo, pintor, memorialista, historiador, advogado provisionado e jornalista. Como jornalista  muito se destacou; tornou-se tão famoso que o governador Góes Calmon fez questão de conhecê-lo,  alegando que João Gumes era um nome respeitado em todo o sertão. Como musicista é autor de várias partituras.  Na pintura, merece destaque um retrato de Alan Kardec, de sua autoria.
Em 1897,  adquiriu o primeiro prelo do alto sertão  e  editou o jornal “A Penna”, decano da imprensa sertaneja, o segundo do interior da Bahia. Neste jornal  se envolveu  em uma polêmica com o bispo da dioscese de Caetité, dom Manuel Raimundo de Melo, motivada pelo  apoio que deu ao Colégio Presbiteriano, do pastor Henry John McCall.
"A Penna” foi editado de 1897 a 1942, apesar de  algumas interrupções. De suas oficinas sairam outros pequenos jornais tais como  “O Lápis”, “A Filhinha”, “O Arrebol” e o “Boletim Paroquial”
Católico praticante, participou da criação da Diocese de Caetité e de diversos projetos comunitários   como o do Colégio Presbiteriano  e o do Mercado Público.  
Sua bibliografia é extensa, dela constando o drama “Abolição”, (comemorativo da Lei Áurea) e o romance “O Sampauleiro” (alusivo à imigração baiana para São Paulo),  “A Vida Campreste”, “Intriga Doméstica”, “Origem do Nome Caetité”, “Seraphina”, “A Sorte Grande”, “Pelo Sertão”  e  “Os Analfabetos”,
João Gumes é um dos patronos da  Academia Caetiteense de Letras e da Academia de Letras de  Guanambi.
Em 1905, convertido ao espiritismo criou, com  Aristides Spínola, o “Centro Psiquico de Caetité”, depois denominado “Centro Espírita Aristides Spínola”, do qual foi diretor. Este Centro é um dos mais antigos do Brasil. Ao lado do Centro, fundou um pequeno jornal, denominado “Lux”.
João Gumes faleceu no dia 29 de abril de 1930, merecendo, por iniciativa de Afrânio Peixoto,  um voto de pesar na Academia Brasileira  de Letras.
Pedro Calmon, em sua “História da Literatura Brasileira”, faz referência a este grande baiano, luminar do sertão..
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terça-feira, 28 de outubro de 2014

JAIME SODRÉ


JAIME SODRÉ
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Jaime Santana Sodré Pereira, mais conhecido como Jaime Sodré, historiador,  poeta, compositor, músico, adepto e defensor do Candomblé, escritor e professor universitário, nasceu em Salvador, em 19 de fevereiro de 1947.
Ele é:
  1. Licenciado em Desenho Geométrico, em 1973, pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, concluiu o mestrado em Teoria e História da Arte, com uma dissertação sobre a influência da religião afro-brasileira na obra de Mestre Didi. É doutor em História Social e PhD em História da Cultura Negra.
  2.  Professor da Universidade do Estado da Bahia, do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia e membro atuante das religiões afro-brasileiras.
  3. Autor de diversas obras sobre historiografia baiana, dentre as quais detacamos a peça teatral intitulada “1835: Alufá Licutari”. Nesta peça ele  aborda a Revollução Malê e o seu lider, Alufã Licutari, uma  personaliade histórica esquecida pelos historiadores.  Este trabalho ganhou, em 2003, o 2º lugar do Prêmio Funarte, região Nordeste, do Ministério da Cultura.
Jaime Sodré é, também, versado em antropologia e  artes. Em 2010 publicou o livro “Da Diabolização a Divinização - Criação de Um Senso Comum”. Trata-se de uma  análise  sobre a imagem distorcida do Candomblé baianol
Outras obras de sua autoria são:
  1. "Influência da religião afro-brasileira na oObra escultórica do Mestre Didi”
  2. “ Quirino, um heroi da raça e classe”
  3. “As histórias de lokoirokotempo: Candomblé, Uma História Para Qualquer Idade”
  4. “O dia em que mataram Papai Noel”
  5. “Da cor da noite”, em colaboração com Nivalda Costa.
É Ogan do Candomblé bantu e responsável pela parte musical, instrumental e cerimonial da casa de Nação Jeje, localizada na Ladeira do Bogum, no Bairro de Engenho Velho da Federação, em Salvador.
É portador de diversos prêmios e condecorações, dos quais merecem destaque:
  1. Medalha 2 de Julho, da Prefeitura de Salvador
  2. Homenagem Ládurú Óré, do Núcleo de Religiões de Matriz Africana da Polícia Militar
  3. Troféu Caboclo da Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu
  4. Medalha Zumbi dos Palmares, da Câmara Municipal de Salvador.
Transcrevemos a seguir um de seus pronunciamentos sobre a africanidade, mais precisamente sobre a mulher africana:
“A África clama por um novo olhar.
Mulheres Africanas – A Rede Invisível é um filme de Carlos Nascimento que aborda cinco mulheres marcantes na história deste continente:
Luiza Diogo ressalta a presença feminina na definição da agenda nacional; Graça Machel, ex-ministra da Educação de Moçambique, destaca que a presença feminina já atingiu uma massa crítica, faltando visibilidade; Sara Masasi conta como saiu da invisibilidade na Tanzânia muçulmana como empresária de sucesso; Leymam Gbowee, Prêmio Nobel, atuante pela paz na guerra civil da Libéria; Nadine Gordimer, escritora, vencedora do Nobel, argumenta da impossibilidade de falar de uma cultura africana única.
Luiza Diogo, primeira-ministra entre 2004 e 2010, diz que a mulher luta principalmente pela segurança alimentar; o trabalho da mulher africana na zona rural é extremamente duro, “imagine uma mulher de vários braços”, comenta. Para Luiza, a mulher está a construir uma agenda do desenvolvimento do país, por isso investir nas mulheres é importante.
Graça Machel, ministra da Educação e Cultura entre 1975 e 1989 em Moçambique, chama a atenção para as transformações que as mulheres africanas têm revelado: “Já há uma massa crítica no ambiente das mulheres africanas, em particular as jovens, altamente qualificadas, que exercem funções de grande responsabilidade, mas não tem havido um sistema que lhes permita ter visibilidade”.
Sara Masasi, da Tanzânia, é líder empresarial e diz: “Quando se tem um negócio, você precisa pensar, porque você não quer perder”; deve-se desfilar na avenida do sucesso, a que não se chega sem planejar. “Adoro trabalhar, os desafios me tornaram a pessoa que sou” – era a única africana a frequentar  uma escola europeia. Atua no mercado de placas para automóveis.
Carmeliza Rosário é antropóloga de Moçambique e assim se manifesta: “Não creio que a humanidade tenha se desenvolvido sem a existência da mulher… são elas que ficam grávidas, geram os filhos”, mas chama a atenção de que todos são importantes de alguma maneira. Alega que é preciso ter respeito pela África, afinal “somos o berço da humanidade”.
Nadine Gordimer, da África do Sul, branca, com Prêmio Nobel de Literatura, ressalta que o continente africano é enorme, sendo impossível falar a respeito de uma cultura unificada, porém as mulheres desempenharam um papel subjetivo. Até os dias de hoje há problemas de lidar com pessoas que vendem suas filhas de 14 ou 15 anos para homens mais velhos. A mulher negra tem que lutar contra isso, conclama.
Para Graça Machel, nos últimos dez anos o continente africano fez progresso quanto ao acesso das “raparigas” à educação, muitas no primário, mas o desafio é a passagem do primário para o secundário, e ainda maior deste para o “terciário”. Lembra que existe uma grave evasão da terceira para a quarta, quando a comunidade acredita que a menina está pronta para casar. Ela afirma que as tradições não são estáticas e acredita em mudanças.
Leymam Gbowee é uma personagem carismática, nascida na Libéria, Prêmio Nobel da Paz. A guerra civil na Libéria matou cerca de 200 mil pessoas, foram cometidas atrocidades por soldados de ambos os lados, milhares fugiram e Gbowee viveu em campos de refugiados em Gana. De 1909 a 2003 foram os anos mais cruéis, grupos inteiros foram dizimados, mulheres estupradas e alguns soldados diziam que suas genitálias eram boas demais para violentar as mulheres, por isso usavam facões na genitália feminina.
Quando vieram as conversações de paz, elas tiveram grande esperança, mas as discussões giravam em torno de quem iria controlar as minas de diamantes. Em revolta Gbowee e suas amigas bloquearam a saída do prédio, o segurança quis prendê-la, mas ela ameaçou tirar a roupa e disse: “A minha nudez será em protesto contra a miséria”. Duas semanas depois o acordo de paz foi assinado.
Luiza Diogo afirmou que “o substrato do funcionamento deste continente está nas mãos das mulheres, é aquele ditado que diz: a mulher sustenta metade do céu… mas se um dia ela largar, tudo rui”. Que continuem a sustentar!”


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

LUIS GAMA


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Luiz Gonzaga Pinto da Gama, mais conhecido como Luis Gama, rábula, orador, jornalista e escritor, nasceu em Salvador, em 21 de junho de 1830, sendo seus pais uma mãe negra livre e pai branco.
Pedro Calmon, em seu livro “Revolta dos Malês: a insurreição das senzalas”, diz que   Luisa Mahin,  mãe de Luis Gama, é a  responsável pelo  fracasso  do movimento.  Arthur Ramos,  afirma que ela foi uma heroína.
Disse  Luis Gama em sua auto-biografia: "Nasci na cidade de S. Salvador, capital da província da Bahia, em um sobrado da Rua do Bângala, a 21 de junho de 1830, pelas 7 horas da manhã, e fui batizado, oito anos depois, na igreja matriz do Sacramento, da cidade de Itaparica"
Vendido como escravo, aos 10 anos, foi levado para São Paulo onde permaneceu analfabeto até os 17 . Depois conquistou a liberdade e passou a atuar como rábula, defendendo  antigos companheiros de cativeiro.
Aos 29 anos foi considerado “o maior abolicionista do Brasil”. Além de abolicionista, liderou  ferrenha  oposição à monarquia.
No curso de sua vida exerceu várias profissões: foi soldado, copista, amanuense, tipógrafo, jornalista, rábula e funcionário público. Como jornalista,  fundou, em 1864, o jornal “Diabo Coxo”, primeiro periódico ilustrado humorístico da capital paulista. Em 1866 fundou outro  jornal, “Cabrito”, onde fez propaganda da República e a abolição da escravatura.
Na Loja Maçônica “América”, também por ele criada,  chegou a Venerável Mestre.
Advogado dos pobres e libertador de escravos, foi acusado combatido e acusado de ser turbulento  Ele se defendeu dizendo:  "a turbulência consistia em eu fazer parte do Partido Liberal; e, pela imprensa e pelas urnas, pugnar pela vitória de minhas  ideias; e promover processos de pessoas livres criminosamente escravizadas, e auxiliar licitamente, na medida de meus esforços, alforrias de escravos, porque detesto o cativeiro e todos os senhores, principalmente os reis.”
A respeito de Luis Gama. disse Raul Pompeia: "...não sei que grandeza admirava naquele advogado, a receber constantemente em casa um mundo de gente faminta de liberdade, uns escravos humildes, esfarrapados, implorando libertação, como quem pede esmola; outros mostrando as mãos inflamadas e sangrentas das pancadas que lhes dera um bárbaro senhor. E Luís Gama os recebia a todos com a sua aspereza afável e atraente; e a todos satisfazia, praticando as mas angélicas ações, por entre uma saraivada de grossas pilhérias de velho sargento. Toda essa clientela miserável saía satisfeita, levando este uma consolação, aquele uma promessa, outro a liberdade, alguns um conselho fortificante. E Luís Gama fazia tudo: libertava, consolava, dava conselhos, demandava, sacrificava-se, lutava, exauria-se no próprio ardor, como uma candeia iluminando à custa da própria vida as trevas do desespero daquele povo de infelizes, sem auferir uma sobra de lucro...E, por essa filosofia, empenhava-se de corpo e alma, fazia-se matar pelo bom...Pobre, muito pobre, deixava para os outros tudo o que lhe vinha das mãos de algum cliente mais abastado."
Uma frase sua se tornou famosa, provocando  a ira dos  escravagistas: "O escravo que mata o senhor, seja em que circunstância for, mata sempre em legítima defesa".
Luis Gama, “O Apóstolo da Abolição”, faleceu, vítima de diabetes, nodia 24 de agosto de 1882.
Na porta de sua residência uma enorme multidão lamentou a sua morte. Colocado no esquife, um escultur moldou o seu rosto.  O enterro saiu no dia seguinte, nos brqçow do povo, em doloroso pranto. Vários discursos foram pronunciados enquanto as carruagens desfilavam, formando  um imenso corso,  pelas ruas da cidade. Enquanto isso, o carro fúnebre desfilava vazio ...
 



 




terça-feira, 21 de outubro de 2014

EDGAR DE CERQUEIRA FALCÃO


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Edgard de Cerqueira Falcão, médico e escritor, nasceu em Salvador, em 1904, sendo seus pais. Teófilo Borges Falcão e Maria das Dores Cerqueira Falcão. 
Estudou os preparatórios na capital baiana, findos os quais matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia pela qual foi diplomado como aluno laureado  em 1925. Em razão de ter sido laureado, teve seu retrato colocado no Pantheon da Faculdade e recebeu como prêmio uma viagem de estudos à Europa.
Regressando ao Brasil, atendeu o pedido de seu irmão, médico-clínico radicado em Santos (São Paulo) e iniciou o exercício profissional naquela cidade, onde clinicou durante durante vários anos como otorrinolaringologista.
“Alto de espírito, forrado de sólida cultura humanística, de grande sensibilidade artística e científica, elaborou trabalhos que o recomendam à gratidão nacional, e o fez, sempre, com o maior rigor científico, a mais escrupulosa honestidade, o mais primoroso senso estético” (3)
Como fotógrafo amador, retratou as belezas do nosso país, publicando, dentre outras obras, “Brasil Pitoresco, Tradicional e Artístico”, “Encantos Tradicionais da Bahia”, “Relíquias da Terra do Ouro” e “Basílica do Senhor do Bom Jesus de Congonhas do Campo”.
Como historiador da medicina, publicou diversos  livros sobre variados assuntos, inclusive biografias de médicos famosos, como  Manoel Pirajá da Silva (“Manoel Pirajá da Silva, o Incontestável Descobridor do Schistosoma mansoni” e “Achegas”), Gaspar Viana, e de outros..
Sua vasta e valiosa bibliografia inclui, além dos títulos citados, obras famosas, tais como:

1-Fortes coloniais do Salvador, de 1942
2-Encantos Tradicionais da Bahia, de 1943
3-A Fundação da Cidade do Salvador em 1549, de 1949
4-Isto é a Bahia, de 1954
    paragens do Aleijadinho, de 1955
5-Novas Achegas ao Estudo da Determinação da  Especificidade                Schistosoma mansoni., de E957
6-A Basílica do Senhor Bom Jesus de Congonhas do Campo, de   1962
7-José Bonifácio, o Patriarca, Sua Vida e Sua Obra, de 1963
8-Lições e Conferências do Prof. Oscar Freire, de 1968
9-O pioneirismo dos brasileiros na conquista do ar, de 1969
10-Gazeta Médica da Bahia, de 1974
 Embora vivesse afastado de sua terra natal, nunca deixou de amar a Bahia e sua Faculdade de Medicina.
Organizou uma biblioteca privada com mais de trinta mil títulos, um dos maiores acervos particulares do Brasil, todos cuidadosamente conservados com controle de umidade e temperatura. A maior parte desta biblioteca foi adquirida e leiloada pela Sotherby. O Museu Britânico, um dos mais importantes do mundo, mantém muitas de suas pubulicações em um setor que tem o seu nome.
Foi agraciado com diversos títulos e comendas, no Brasil e no exterior. Dentre essas honrarias, : Medalha de Ouro da Sociedade Paulista de História da Medicina (1959), Prêmio Arnaldo Vieira de Carvalho (1961), Ordem do Mérito Naval (1967), Ordem do Mérito Médico (1967), Ordem do Mérito Militar (1967), Cruz da Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha (1969), Ordem do Mérito Aeronáutico (1971), medalhas Alexandre de Gusmão, Manuel da Nóbrega, Machado de Assis, Imperatriz Leopoldina, Carlos Chagas, Marechal Rondon, Nina Rodrigues e Vital Brazil.
No final da vida foi acometido de retinopatia diabética e passou a acompanhar-se de um neto  que lhe fazia as leituras necessárias. Morreu  aos 82 anos de idade, cercado pelo carinho e pela admiração de colegas e discípulos, espalhados pela imensidão do Brasil.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.     Benício dos Santos, Itazil – Vida e Obra de Pirajá da Silva (2a edição). Brasília, 2008.
2.     Cerqueira Falcão, Edgard – Pirajá da Silva, o Incontestável descobridor do Schistosa mansoni (2a. edição), Brasília, 2008.
3.     Sá Menezes, Jayme – Edgard de Cerqueira Falcão . Anais da Academia de Medicina da Bahia, volume VII, julho 1987.
.4     Tavares Neto, José – Formdos de 1812 a 2008 pela Faculdade de Medicina da Bahia. Feira de Santana, 2008.
 
 
 
 
 
 
 
 


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

ANTÔNIO PACÍFICO PEREIRA


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Antônio Pacífico Pereira nasceu em 5 de junho de 1846 na cidade de Salvador, sendo seus pais Victorino José Pereira e Carolina Maria Franco Pereira.
Após os estudos preparatórios, realizados em sua cidade natal, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual foi diplomado em 1867.
Foram seus colegas de turma: Augusto César Torres Barrense, Aprígio Martins Menezes, Antônio Celestino Sampaio, Jayme Soares Serva, Manoel Ignácio Lisboa e Ulysses Leonésio Pontes.Todos, os quais, como estudantes de medicina, participaram do Serviço de Saúde do Exército, durante a Guerra do Paraguai (4).
Antônio Pacífico Pereira foi Opositor, por concurso, da Secção Cirúrgica, em 1871; concorrente (aprovado e não nomeado) à cadeira de Patologia Externa (1874); lente catedrático de Anatomia Geral e Patológica, em 1882; lente de Histologia, em 1882.
Diretor de Saúde Pública Estadual.
Aluno laureado, visitou, em várias oportunidades, o Velho Mundo, onde realizou estudos médicos nas principais capitais do continente.
“Humanista e competente clínico, e tendo a medicina como verdadeiro sacerdócio, dedicava-se, exclusivamente, aos seus doentes, que dele recebiam os cuidados primorosos de sua alta capacidade e a confiança que sabia impor através do trato ameno e da dedicação que consagrava aos enfermos, que tinham a fortuna de tê-lo à sua cabeceira” (3).
Colaborou em vários jornais leigos e científicos, sobretudo na “Gazeta Médica da Bahia”, da qual foi fundador, diretor e principal incentivador, durante mais de meio século.
Por duas vezes foi diretor da Faculdade de Medicina da Bahia. A primeira, em 1884, como diretor-substituto. A segunda, como diretor eleito, de 1895 a 1898, quando renunciou, por motivos políticos.
Durante a Guerra de Canudos, transformou a Faculdade em hospital, adaptando gabinetes e salas de aula em enfermarias, de modo a atender 521 pacientes, dos quais apenas 4 faleceram.
“Anatomista, cirurgião,obstetra, clínico geral, sanitarista, professor de vaias disciplinas, humanista, enfim, um sábio, Pacífico Pereira de plena justiça há merecido o título de “Preceptor Brasilae”, que lhe foi outorgado por congresso, realizado no Rio de Janeiro, em 1922” (1).
Revela Antônio Simões: “As grande e excepcionais personalidades podem por vezes apresentar certos tiques. Pacífico, não escapou. Ele manifestava um piscar freqüente de olhos que lhe valeu em certa oportunidade um ligeiro embaraço, quando viajava num dos bondes da Linha Circular.
Olhando, descuidadamente, para o condutor do veículo, em que viajava, o mestre batera a pálpebra por algumas vezes, e o condutor que tinha uma moça nas suas proximidades pensou que ele, Pacífico, quisesse pagar a passagem da jovem desconhecida... ” (3)
O grande médico, um dos maiores do Brasil, faleceu em Salvador, no dia18 de novembro de 1922.
 
FONTES BIBLIOGRÁFICAS:
1.     Magalhães Neto, José Maria de – Discurso de Posse. Anais da Academia de Medicina da Bahia. Volume II, junho de 1979.
2.     Sá de Oliveira, Eduardo de – Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador, 1992.
3.     Simões, Antônio – Pacífico Pereira. Anais da Academia dda Bahia. Volume VI, julho de 1985.
4.     Tavaes-Neto, José – Formados de 1812 a 2008 pela Faculdade de Medicina da Bahia. Feira de Santana, 2008.
 
 COMO NASCEU A ESCOLA TROPICALISTA BAIANA
(Extraído do Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil(1832-1930) Casa de Oswaldo Cruz/Focruz –http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)
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A formação da Escola Tropicalista Baiana partiu das iniciativas dos médicos estrangeiros radicados na Província da Bahia - Otto Edward Henry  Wucherer, de descendência luso-germânica, John   Ligertwood  Paterson, de origem escocesa e José Francisco  da  Silva  Lima, português. Com base em conhecimentos médicos europeus, as investigações realizadas por esse grupo seriamexpressão das novas disciplinas que surgiam durante o século XIX (anatomi ia patológica, parasitologia e bacteriologia). Contrapunham-se, assim, ao en sino médico oficial, representado na  época   pela Faculdade de Medicina da Bahia e pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, que ainda fundamentavam-se na teoria miasmática para explicarem a etiologia das doenças, pres supondo que o solo produzia emanações causadoras  de  doenças que acome tiam as populações. O grupo localizado na cidade de Salvador, Bahia, acaba va, assim, por desafiar atradição do ensino e da prática médica local baseada na reprodução do saber médico europeu, principalmente de origem francesa, desvinculado das    singularidades da  realidade  brasileira (PEARD, 1997  e 997BARROS, 1998). Lycurgo de Castro Santos Filho (1991), assinala que a medicina brasileira durante o século XIX,  desde  a  fundação das escolas de cirurgia em 1808, se caracterizou pela   observação   clínica, como no século anterior. Neste sentido, destaca os trabalhos dos tropicalistas" da Bahia   que teriam apontado um novo rumo, o da pesquisa da patologia, considerando-os predecessores da medicina experimental, que  se  firmaria  no Brasil a partir do médico sanitarista Oswaldo Gonçalves Cruz  e   do Instituto Soroterápico Federal, no Rio de Janeiro, no limiar do século XX.
O historiador Flávio Edler (2001) observou que a Escola Tropicalista Baiana segundo esses autores teria apresentado uma trajetória singular no panorama das instituições médicas  do período por   desenvolver   estudos baseados em disciplinas  do   ramo   das ciências naturais que só viriam a ser exploradas a partir   do   final   do século   XIX, com   a institucionalização   da  medicina fundamentada nas teorias do cientista francês Louis Pasteur (1822-1895). Edler (2001) questionou essa visão, considerando   que   desde   a criação da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro em 1829, as elites médicas, parte formada pelas faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da Bahia, já vinham desenvolvendo pesquisas no  âmbito da   anatomoclínica e da higiene   voltando-se   para  alguns   ramos   das ciências naturais como a botânica, a climatologia, a  metereologia,  a  topografia. Essas pesquisas não deixavam de buscar as causas das  doenças próprias à nossa realidade climá-tica,"na identificação dos agentes deletérios ambientais (...)   e na adequação das medidas profiláticas propugnadas pela Higiene às condições nacionais" As primeiras reuniões da denominada Escola Tropicalista Baiana, ocorreram na residência de John Ligertwood Paterson, sendo quinzenais e noturnas. Posteriormente, as sessões se efetuaram   alternadamente na casa de cada um dos três. Inicialmente além desses médicos fundadores, o ccom a assistência de mais quatro facultativos: o cirurgião Manul Maria Pires Ca ldas, o clínico Ludgero Ferreira e os professores da Faculdade de Medicina da Bahia Antônio José Alves (pai do poeta Castro Alves e professor  de cirurgia) e Antônio Januário de Faria (professor de clínica médica). Participavam ainda do grupo, dois médicos   estrangeiros: Thomas  Wright Hall, que trabalhava com a comunidade britânica, e Alexander Ligertwood Paterson, irmão de John Ligertwood Paterson. Nessas reuniões, discussões científicas eram baseadas na anatomia patológica  e  no uso pioneiro de mi- croscópio no Brasil. Mais tarde, alguns estudantes   da Faculdade  de Medi- cina da Bahia como Antônio Pacífico Pereira (1846-1922); seu  irmão, Ma-  nuel Victorino Pereira (1853-1902) e Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906) integrara-se à Escola Tropicalista Baiana, atraídos pela crítica à medicina ocidental  tra tradicional e pelas pesquisas originais desenvolvidas pelo grupo.
Embora alguns professores da Faculdade de Medicina da Bahi participassem de suas atividades, os  membros  fundadores não  conseguiram se integrar ao corpo docente dessa instituição de ensino. Portanto, a prática  e ensino dessa medicina eram exercidos informalmente no Hospital da Santa Casa da Mise- ricórdia da Bahia, e a divulgação dos estudos realizados pelo grupo era feita através do periódico Gazet a Médica da Bahia, lançado em jde 1866.
O nascimento da chamada Escola Tropicalista Baiana poderia ser traçado por meio da sugestão de John Ligertwood Paterson, como um encontro informal entre quatorze médicos instalados em Salvador, que se reuniram com o intuito dediscutir assuntos de  interesse clínico,   bem   como a última literatura  médica. As discussões enfocavam os   casos  mais típicos das doenças tropicais da região. Para investigar esses  distúrbios, os   médicos   fizeram uso das mais avançadas ferramentas da medicina européia como novos métodos clínicos baseados em medidas e aplicados pela fisiologia, o uso da química na aná- lise de corpos fluidos, e das novas disciplinas de parasitologia e microscopia. Embora não tenham  recebido apoio oficial nem fundos para a realização de  seus  trabalhos, o  grupo  dos "tropicalistas" conseguiram tornar-se uma   importante   força   inovadora   na   Bahia    e na medicina brasileira (PEARD, 1997). Isto de certa forma, foi reconhecido por alguns cientistas brasileiros mais tarde como Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, parasitolo-     gista e discípulode Oswaldo Cruz. Ao tomar posse como professor  hono -rário na Faculdade de Medicina da Bahia em 13 de fevereiro de 1924, Cha gas ressaltou em discurso a  importância das influências recebidas da Escola Tropicalista Baiana nos seus estudos (TORRES, 1946). Chagas tornara-se conhecido pela descoberta da doença produzida pelo Trypanosoma cruzi, que foi designada em sua homenagem de Doença de Chagas.
 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

NINA RODRIGUES


NINA RODRIGUES
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Raimundo Nina Rodrigues nasceu em 4 de novembro de 1862, na cidade de Vargem Grande, no Maranhão, sendo seus pais Francisco Solano Rodrigues e Luísa Rosa Nina Rodrigues.
Cresceu em sua terra natal, sob os cuidados de uma madrinha, que ajudava sua mãe nos afazeres domésticos.
Estudou no Colégio São Paulo e no Seminário das Mercês, em São Luis. Era, nesta época, “uma criança franzina, muito feia, irritadiça, e de saúde frágil”.
Em 1882, veio para Salvador e  matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, onde estudou até 1885,  quando se mudou para o Rio de Janeiro e concluiu o quarto ano médico. Voltando para a Bahia no ano seguinte, escreveu seu primeiro artigo, sobre a lepra no Maranhão.
Retornando ao Rio, terminou o curso, defendeu sua tese de doutoramento sobre “Paralisia Progressiva” (Amiotrofia de Origem Periférica).
Em 1888, clinicou em São Luis, com consultório na “Rua do Sol” (hoje, “Rua Nina Rodrigues”). Em 1889, hostilizado pelos médicos locais “por atribuir à má alimentação problemas de saúde da população carente da região onde vivera, resolveu fugir do provincianismo e adotar definitivamente  a Bahia como morada”.
Na capital baiana encontrou ambiente favorável para suas pesquisas sociais, herdadas da antropologia criminal do médico italiano Cesare Lombroso e, é claro, do positivismo sociológico penal. A cidade do Salvador tinha, na época, mais de dois mil africanos catalogados. Aqui, neste ambiente propócio aos seus estudos e pesquisas, deducou-se, também ao atendimento dos menos favorecidos, pelo que foi chamado “o doutor dos pobres”.
Seu progresso foi impressionante: em 6 de setembro de 1888,  após concurso, foi nomeado professor adjunto da 2ª cira de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Bahia. Em 4 de março do ano seguinte, passou a lente substituto de Higiene e Medicina Legal e em 21 de fevereiro de 1895, após concurso, foi nomeado professor catedrático de Medicina Legal.
Da sua alentada bibliografia, constam livros e artigos sobre diversos  assuntos, de modo especial Medicina Legal, Antropologia, Psicologia e Sociologia.
Aceito membro de várias associações científicas internacionais, colaborou  em periódicos científicos europeus e norte-americanos.
Foi redator  dos Arquivos de Psiquiatria, de Buenos Aires e Vice-Presidente da Sociedade de Medicina Legal de New York.
“Trabalhando na interseção de dois saberes, o médico e o jurídico, Nina Rodrigues constituiu e institucionalizou – através de procedimentos especificamente médico-legais,aceitos como cientificamente confiáveis por médicos, advogados e policiais – uma nova especialidade médica brasileira, a Medicina Legal. Utilizando a metodologia científica mais avançada de sua época, ele foi um dos pioneiros da Antropologia brasileira, pelos seus estudos sobre religião, genealogia, língua e mitologia dos negros afro-brasileiros. Estes trabalhos, sobretudo, e sua atividade como professor e pesquisador, trouxeram-lhe notoriedade nacional e internacional “ (2).
“Possuidor de sólida e diversificada cultura, , o Prof. Nina Rodrigues marcou época. Seus estudos pioneiros sobre antropologia, versando sobre crenças, mitos e valores dos afro-brasileiros, tiveram grande repercussão no cenário médico mundial” (Ibidem).
O Instituto Médico Legal que hoje tem o seu nome, foi, sem dúvida, a mais viva das  suas aspirações.
Suas pesquisas sociais causaram certa reação na mentalidade acadêmica. “Nina está maluco! Frequenta candomblés, deita-se com inhaós e come a comida dos orixás”, diziam alguns colegas da Faculdade.
Em janeiro de 1905, um incêndio destruiu parte da Faculdade de Medicina e o laboratório de Medicina Legal, lugar de trabalho de Nina Rodrigues. Segundo o Diário da Bahia, foram destruídos “diversos trabalhos seus, de importância científica; trabalhosa coleção de ossos humanos, cerca de 50, medidos e tratados; a cabeça de Antonio Conselheiro, o crânio de Lucas da Feira, além de uma outra coleção de crânios escolhidos, o que foi enormíssima perda” (5).
Em 1909, iniciou uma viagem á Europa. 
“Na noite da chegada em Lisboa, a 17 de maio de 1906 – diz Nogueira Brito – e estando hospedado no Hotel de Inglaterra, teve o Dr. Nina Rodrigues uma hemoptise leve. No dia 19, promoveu-se uma conferência de médicos lisbonenses. A hipótese de tuberculose foi afastada, “pelo fato dos pulmões ficarem transparentes sob a ação dos raios X. A 19 de junho, chegou o Dr. Nina Rodrigues a Paris, para saber o parecer de facultativos daquele país” ( 2 ).
Faleceu na capital francesa,  a 17 de julho de 1909.
 FONTES BIBLIOGRÁFICAS:

1.       Freire de Carvalho Filho, José Eduardo – Notícia Histórica sobre a Faculdade de Medicina da Bahia. Salvador, 1909.
2.       Nogueira Brito, Antônio Carlos – A morte e o sepultamento de Nina Rodrigues. Disponível em  http:// www.istoriae cultura .pro.br/cienciEpreconceito/lugaresdememoria/faculdadedemedicinadabahia,htm. cesso em 26 de novembro de 2009.
3.       Ribeiro, Marcos A.P. – A morte de Nina Rodrigues e suas repercussões Disponível em http://www.afroasia.ufba.br/pdf/afroasia_n16_p54.pdfAcesso em 26 de novembro de 2009.
4.  Sá Oliveira, Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia, concernente ao ano de 1942. Salvador, 1992.
5.  Sociedade Brasileira de História da Medicina. Raimundo Nina Rodrigues. Disponível em http:WWW.sbhm.org.br/índex.asp?p=medic_view&código=200. Acesso em 26 de novembro de 2009.