quinta-feira, 14 de agosto de 2014

MESTRE CAIÇARA


MESTRE  CAIÇARA
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Antônio ConceIção Morais, conhecido como Mestre Caiçara, nasceu em Salvador, em 1923.
Caiçara marcou época na história capoeira. Era provocante, alegre, atrevido e simpático, Exibia uma capoeira bonita de se ver. Diziam os entendidos que ele era “uma das lendas vivas da capoeira” e que sua história “mais parecia ter sido tirada de livros de ficção”.
No Pelourinho de sua época, ele “ditava as regras num território de prostitutas e cafetões, de traficantes e malandros”. Todos tinham de pedir a sua benção.
Em um disco famoso, gravou os diversos toques de berimbau, as ladainhas e os sambas de roda. Cantador de primeira qualidade, contador de casos e de histórias, tinha sempre uma reza para oferecer aos seus admiradores e camaradas.
Muito conhecido e festejado nas Festas de Largo, sempre presente em qualquer evento popular, exibia sua camisa de cores vermelho e verde, e promovia sua Academia de Angola, dos Irmãos Unidos do Mestre Caiçaras, (nome também de um disco fonográfico gravado em São Paulo).
Ardente defensor das tradições africanas, postava-se todas as tardes no Terreiro de Jesus “vendendo seu peixe e gingando”. Ele era  “o dono da capoeira de rua”, com sua impressionante voz, grave e profunda”.  “O vozeirão de Caiçara ressoava como o dos possantes cantores de ópera; tanto pelo volume, quanto pela afinação, e também por um natural e sadio exibicionismo.  Na música brasileira, seria o equivalente de um Orlando Silva – “o cantor das multidões” -, um Cauby Peixoto, ou um Nelson Gonçalves, que dominaram o cenário da música e do rádio com seus vozeirões”,
“Com muito orgulho e cheio de presepadas, contando lorotas, levantava a camisa e exibia a marca dos tiros, facadas e navalhadas, cada uma delas com sua história contada com muita prosopopeia, toda a vez que o convidavam para tomar cerveja gelada, “acompanhada de cachaça e tira gosto”.
Ricardo Cangaceiro relata seu encontro com Mestre Caiçara, dizendo: “Quando o conheci – eu, um iniciante de 23 anos de idade; ele, um homem maduro e mestre renomado de 46 anos -, após inúmeras cervejas super-geladas (algo que não é sempre fácil  de achar em Salvador) e tiragostos variados, estávamos  sentados numa área de má reputação, do lado  de fora de um botequim pé-sujo – ele, sentado, balançando para a frente e para trás como se numa cadeira-de-balanço; eu, num banquinho -, quando subitamente uma patrulhinha da polícia brecou no meio da rua e dela desceu um sargento tamanho geladeira que, a passos largos, se encaminhou cheio de decisão na nossa direção. trinquei.  Fiquei mais gelado que a meia dúzia de louras que havíamos consumido. É que havia um pequeno peoblema. Aliás pequeno não: Mestre Caiçara segurava displicentemente, na mão repleta de anéis, um charuto de fazer inveja a qualquer charuto cubano de Fidel Castro.  Rapidamente, por entre os vapores alcoólicos – tínhamos temperado a cerveja com algumas bem servidas doses de cachaça -, e o fumacê da Cannabis sativa, vislumbrei meu futuro próximo: ver o sol nascer quadrado por entre as grades de uma janelinha da penitenciária soteropolitana. Olhei rápido para mestre Caiçara e me preparei para o que desse e viesse.  Será que ele, com seu passado de rufião, ia dar testa aos homens da lei?  Ele continuava impávido no seu balanço na cadeira do bar, e a única atitude radical que tomou foi dar mais um profundo trago no charo, empestando mais ainda o odorífico do ambiente. O sargento chegou, parou em frente a Caiçaras, tocou um joelho no chão, traçou uns pontos riscados no chão, osculou a mão do mestre e pediu:- Sua benção, meu pai. Caiçara, bateu a cinza do charuto e traçou, com a mesma mão enfumaçada, alguns sinais cabalísticos sobre a cabeça do sargento enquanto murmurava algumas frases em nagô. O sargento levantou-se, agradeceu, entrou na patrulhinha, e partiu.”
Mestre Caiçaras faleceu em 26 de agosto de 1997.





MESTRE TRAIRA


MESTRE  TRAIRA
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José Ramos do Nascimento, conhecido como Mestre Traíra, nasceu em 1925, na cidade do Salvador e faleceu, também na capital baiana, em1975.
A  falta de registros confiáveis dificulta a construção de sua biografia. Sabe-se, apenas, que era muito famoso no meio dos adeptos da capoeira.
Era um perito na arte de dar rasteiras e cabeçadas. Jorge Amado descreveu Mestre Traíra como “um caboclo seco e de pouco falar, feito de músculos, grande mestre de capoeira. Vê-lo brincar é um verdadeiro prazer estético. Parece bailarino e só mesmo Pastinha pode competir com ele na beleza dos movimentos, na agilidade, na rigidez dos golpes. Quando Traíra não se encontra na Escola de Waldemar, está ali por perto, na Escola de Sete Molas, também na Liberdade”.
Alexandre Robatto Filho, em um curta metragem denominado “Vadiaçâo”, de 1954, mostra o jogo de Mestre Traíra e de outros capoeiristas famosos, tais como Bimba, Curió, Nagé, Waldemar, Caiçara e Crispim.  Este filme é um marco na história cinematográfica da capoeira.
José Ramos do Nascimento  também gravou o disco “Capoeira da Bahia”, ao lado de Mestre Cobrinha Verde. Este disco é  uma raridade fonográfica.
A fama de Mestre Traira decorre do seu jogo rápido e ágil e de suas rasteiras e cabeçadas.
Muito embora se afirme que não deixou alunos ou seguidores, sabe-se que pelo menos um Mestre iniciou seus conhecimentos com ele. Trata-se de Barba Branca, componente do Grupo de Capoeira Angola do Cabula.
 

 


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

MESTRE WALDEMAR DO PERO VAZ


MESTRE WALDEMAR
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Waldemar Rodrigues da Paixão, mais conhecido como Mestre Waldemar, Waldemar da Liberdade ou Waldemar do Pero Vaz,  nasceu na Ilha da Maré, em 22 de fevereiro de 1916.
Em 1940, aos 34 anos de idade, levantou um barracão na invasão do Corta Braço, no bairro da Liberdade, e,  aos domingos, começou a praticar a capoeira.. Simultânemente, ensinou capoeira na rampa do mercado, na Cidade Baixa.
A partir dos anos cinquenta,  seu barracão da Liberdade atraiu acadêmicos, artistas e jornalistas. Os etnólogos Anthony Leeds e Simone Dreyfus gravaram o som de seu berimbau. o escultor Mário Cravo, o pintor Caribé  e a maior parte dos amantes da capoeira começaram a frequentar sua academia.  O números de simpatizantes continuou a aumentar até que, em 1956, começaram a entoar longos solos antes do jogo, inovando o que hoje chamamos “ladainhas”. Waldemar, entusiasmado com o sucesso, pintou seus berimbaus e  os vendeu aos visitantes e aos turistas. Esta prárica se transformou em uma fonte de renda para mestre Waldemar.
Apesar do seu talento, Waldemar se manteve retraido e assim permaneceu até uma idade avançada. Apesar de ser  bom capoeirista, bom cantor e tocador, mantendo-se afastado da mídia.
Nos anos oitenta, acometido de doença de Parkinson,  gravou CDs com Mesre Canjiquinha e a tal ponto se tornou famoso que deu seu nome a um dos bairros de Salvador.
“Um esporte que eu estimo é a luta de Angola”, dizia ele quando era abordado por jornalistas.
Seus mestres foram Seri de Mangue, Tanabi. Canário Pardo e Mestre Ricardo do Cais do Porto.
Waldemar era frequentador assíduo das festas de largo e ensinava capoeira promovendo  “rodas”, que se tornaram célebres pelas “ladainhas” cantadas como um diálogo entre  birimbaus, birimbaus que ele fabricava e se notabilizaram  por  sua beleza e qualidade.
Temido e respeitado, reuniu muitos admiradores., tornando-se famoso pela diversidade dos jogos que praticava, dos mais lentos aos mais combativos, com preferência pelos primeiros.
Cercado da admiração de seus discípulos, faleceu em Salvador, no ano de 1990.  No livro “Bahia: Imagens da Terra e do Povo”, publicado em 1964, Odorico Tavares assim descreve uma roda de Waldemar no Domingo a tarde, no Corta Braço: “Com os tocadores ao seu lado o mestre levanta a voz, iniciando o canto. Os jogadores, em número de dois, estão de cócoras, à sua frente. É lenta a toada que o mestre canta , como solista e já os capoeiristas acompanham-no em movimentos mais lentos ainda, como cobras que começam a mover-se: olha o visitante atentamente, como se aqueles homens nem ossos tivessem, seus membros parecem que recebem um impulso quase insensível, de dentro para fora.(…) Os homens não se tocam para defesa e ataques que se sucedem em imprevistos de segundos. É um milagre em que a violência de um ataque resulta em outro ataque, em que ninguém se toca, ninguém se fere, ninguém se agride. É combate, é baile que dura horas.”
Mestre Waldemar sempre procurou um bom convívio com todos os capoeiristas recebendo-os em seu barracão com muito respeito e também sendo muito respeitado. O seu reconhecimento com Mestre evitava conflitos provocados pelos chamados ‘valentões’. Sobre esses conflitos Waldemar nos conta: “Barulho eu nunca tive com ninguém, porque eu sempre fui respeitado, nunca ninguém me desafiou. Se me desafiava para jogar, Mestre que aparecia aqui, a minha cabeça resolvia.(…) Me respeitavam muito os meus alunos. E não tinha barulho, porque eu olhava para eles assim, eles vinha pro pé de mim e ninguém brigava.”
O canto e o toque de berimbau não eram suas única habilidades o mestre também era um exímio jogador de capoeira. Ele relembra: “Quando eu jogava, eu dizia: toque uma angola dobrada. É um por dentro do outro, passando, armando tesoura, se arriando todo. Parece que eu tô vendo eu jogar. Eu joguei muito.(…) Eu gostava de jogar lento, pra saber o que faço. Pelo meu canto você tira. Eu canto pra qualquer um menino desse jogar, e ele jogo sem defeito. Para os meus alunos eu digo que vou cantar e eles já sabem o que eu quero: são bento pequeno. É o primeiro toque meu. Para o outro tocador eu digo : ‘de cima para baixo’, e ele sabe que é são bento grande. Para viola eu digo: ‘repique’, e ele bota a viola pra chorar.”


 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

MESTRE COBRINHA VERDE

COBRINHA VERDE
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Rafael Alves França, conhecido como Cobrinha Verde, um dos  capoeiristas  mais respeitados da Bahia, nasceu em Santo Amaro da Purificação.

Gabava-se de ser primo de outro mestre famoso, chamado Besouro Mangangá. Com ele, aos quatro anos de idade,  recebeu as primeiras lições de capoeira. Também foi aprendiz dos mestres Siri de Mangue, Canário Pardo e Doze Homens. Além destes, “bebeu da sabedoria” de Maitá, Licuri, Joité, Dendê, Gasolina, Espiridião, Juvêncio Grosso, Espírito Remoso, Neco e Tonhá.

Percebe-se, portanto, que  Cobrinha Verde, adepto da capoeira de Angola,  era  realmente  muito “instruído”.

O nome “Cobrinha Verde” foi dado por Besouro Mangangá, em alusão à agilidade e destreza de suas pernas. Era, também,  um perito no jogo de “Santa Maria” (toque no qual os capoeiristas lutam com navalhas entre os dedos dos pés...).
Rafael Alves assentou praça no exército, onde alcançou o posto de 3º sargento, e chegou a participar da revolução constitucionalista de 1932. Após dar baixa no exército, começou .a dar aulas de capoeira no bairro da Fazenda Grande e no Centro de Capoeira de Angola 2 de Julho, no Nordeste de Amaralina. Neste último local, dividiu os trabalhos com Mestre Pastinha passando seus conhecimentos para João Grande, João Pequeno e outros alunos que se tornariam mestres.
Sempre ensinou gratuitamente, pois Besouro Mangangá o fez prometer que jamais ganharia dinheiro com a capoeira. Esta foi uma promessa que ele cumpriu até o fim  da vida.

Certa feita Cobrinha Verde deixou o recôncavo baiano, visitou o nordeste brasileiro e acabou fazendo  parte do bando de cangaceiros comandado por Horácio de Matos. Armado com um facão de 18 polegadas, lutou contra oito policiais e, com o facão, desviou  as balas disparadas contra ele. Para realizar façanhas como esta contou  com mandingas ensinadas por um velho africano chamado Pascoal, vizinho de sua avó. Ele era possuidor de um patuá dotado de poderes mágicos, um patuá vivo, que ficava pulando quando era deixado em um prato virgem.. Um dia o patuá fugiu por causa de um erro que Cobrinha Verde cometeu.
Depois de muitas peripécias, Cobrinha Verde voltou para Salvador onde viveu ensinando capoeira, até 1983, ano em que  faleceu.


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

VASCO AZEVEDO NETO


VASCO NETO E FERROVIA DE INTEGRAÇÃO OESTE-LESTE

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Vasco Azevedo Neto, engenheiro civil, político  e professor universitário, é um baiano nascido em Guaxupé, Minas Gerais, no dia 25 de fevereiro de 1916.
Além de Professor Emérito da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia  (pela qual se graduou, foi livre docente, catedrático e diretor), Vasco Neto foi  Deputado Federal por quatro mandatos        (1971-1974, 1974-1978, 1978-1980 e 1986-1990) e candidato a Presidente da República (1998),  Na Câmara Federal, reativou o Plano Viário/73 e continuou a luta do seu pai, Deputado Vasco Filho, em favor da construção da rodovia BR-030 e da Ferrovia Marau-Brasília.

Trabalhou na Campanhia de Melhoramentos Urbanos de Salvador, no Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), no Departamento Nacional de Estradas de Ferro (DNEF), no Departamento Estadual de Rodagem da Bahia (DERBa) e criou o Departamento de Transportes na Escola Politécnica da UFBa.
É portador de várias honrarias e condecorações: Mérito Mauá (medalha e diploma), Mandacaru de Ouro, Cidadão Honorário de Maraú, (Ba, 1965), Cidadão Honorário de Ubaitaba (Ba, 1969), Medalha e Diploma Integração do Brasil pelas Telecomunicações, Medalha do Sesquicentenário do Poder Legislativo (1972), Cidadão do Estado de Sergipe (1973), Medalhas do Mérito Tamandaré (1973), Santos Dumont (1973 e Mauá (1973), e Comendador da Ordem do Mérito Aeronáutico (1974).
De sua bibliografia, constam vários trabalhos: “Os Vales na Economia”; “Transportes na América do Sul”, “Portos e Ferrovias: Projeção para o III Milênio”, “Transportes - Correções de Rumo”, “ O entorno da Baía de Todos os Santos”, “A Visibilidade e o Grade ondulado - Um caso típico”, “Transporte Ferroviário”, “Dia Nacional de Ação de Graças” e uma monografia comemorativa do primeiro centenário do Instituto Politécnico da Bahia.
Como engenheiro civil, professor de engenharia e membro do Congresso Nacional, participou de viagens de estudos,  congressos e seminários, no Brasil e no exterior (Estados Unidos, Argentina e Portugal).
 Ao longo de sua vida, toda ela  dedicada aos mais elevados princípios de civismo e cidadania, defendeu a ligação ferroviária, rodoviária e fluvial da costa atlântica com a pacífica.  O traçado da atual Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) è inspirado no projeto denominado “Ferrovia Transulamericana”, de autoria do Prof. Vasco Azevedo Neto, tendo por base a “Teoria das Linhas de Menor Resistência”, tese apresentada por ele para obtenção da Cátedra de Estradas de Ferro e de Rodagem na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia.
Influenciado, talvez,  por seus pais que eram ferroviários em Minas Gerais, revelou-se um apaixonado por trens de ferro, Notabilizou-se por ser um grande pensador do sistema viário brasileiro e por ser o precursor da FIOL, ferrovia de fundamental importância para a dinamização da economia baiana e a integração da região oeste  com o litoral e da costa atlântica com a pacífica.
O projeto por ele concebido pretendia ligar os dois oceanos por meio de um complexo rodoviário e ferroviário que passaria pelos Andes e chegaria a Iquitos, no Peru.. “A estrada nunca andou porque os gringos não liberaram dinheiro. Tinham medo que o Brasil se integrasse com os tigres asiáticos”, dizia ele.
A ideia da estrada leste-oeste não é nova. Houve, no século XIX, dois projetos: o primeiro, de autoria do engenheiro André Rebouças  (também baiano), objetivava uma  ligação interoceânica. O segundo, de 04 de abril de 1896, de autoria dos engenheiros Paula Freitas, Geraldo Bentes e Paulo Maia, era semelhante: ligava a Bahia de Todos os Santos a Arica, no Chile, passando por Rio de Contas, Caetité, Carinhanha, Goiânia, Coxim, Corumbá, Sucre (Bolívia) e Arica (Chile).
O projeto de Vasco Neto, datado de 1973,  estava esquecido nos arquivos do Congresso Nacional há mais de cinquenta anos. São 1.517 quilômetros de ferrovia que, além de dar inicio a ligação do Brasil com os países da costa pacífica, possibilita a ligação do oesta da Bahia  (grande produtor de algodão e carne bovina) com o Porto Sul, em Ilhéus. Atravessa 43 municípios, escoa a produção de minérios, transporta insumos e fertilizantes para o oeste do estado, impulsiona o desenvolvimento de 140 municípios, reduz o fluxo de caminhões pelas rodovias e diminui o custo do transporte de carga.. Além de beneficiar a Bahia, tem impacto sobre outros unidades da Federação.
Embalado por seu sonho, Vasco Neto faleceu em Salvador, no dia 30 de setembro de 2010, aos 94 anos de idade. Seu corpo, depois de velado na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, foi sepultado com grande acompanhamento no Cemitério do Campo Santo.

 “Perdemos um ser humano admirável, em todos os sentidos, como pai de família, amigo, engenheiro e homem público. Idealista, perseverante e de princípios, muitos dos seus sonhos tornaram-se realidade. Outros ainda o serão, principalmente os que se referem aos sistemas ferroviário e hidroviário que servirão à América Latina. Que a vida do professor Vasco Neto contribua para lembrar que vale a pena ser honesto” (Walter Pinheiro).
Um de seus filhos, Vasco Otávio Azevedo, falou um pouco da trajetória visionária de seu pai. “Além da Ferrovia Oeste-Leste, seu grande sonho era ver a América Latina ligada por uma hidrovia, ou seja, interligada por rios. Lutou veementemente contra o fim da ferrovia, foi visionário quando pensou no álcool como combustível, em uma época em que não se pensava que hoje seria tão utilizado”, destacou.
Pretende-se homenagear o ex-deputado Vasco Neto, e seu pai, dando seus nomes, respectivamente, à Rodovia Feira-Salvador e à Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL). Quanto a esta última, o Governador Jacques Wagner e os senadores Lídice da Mata e Walter Pinheiro estiveram na residência do Prof. VascoNeto, em 25 de fevereiro de 2010, para comunicar que a FIOL teria o nome de “Ferrovia Eng. Vasco Neto”. Desta visita resultou o Projeto de Lei 2223/2011, subscrito pelos três senadores da Bahia e os três representantes do Tocantins. Já aprovado no Senado, encontra-se na Câmara Federal. O Sindicato dos Engenheiros da Bahia, a Escola Politécnica da UFBa e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia, apoiaram a iniciativa e enfatizaram o pioneirismo de Vasco Neto e o seu papel de cidadão e homem público, sério e honesto, sempre comprometido com o progresso e a integração da Bahia, do Brasil e da América do Sul.

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 








 

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sexta-feira, 1 de agosto de 2014

MESTRE NORONHA





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Daniel Coutinho, mais conhecido como Mestre Noronha,  amante da capoeira de Angola, nasceu em 1909, na Baixa dos Sapateiros, em  Salvador.

Iniciou seu aprendizado aos oito anos, com Cândido da Costa (Cândido Pequeno), negro africano pelo qual nutriu grande afeição durante o resto da vida.

Além de capoeirista foi engraxate, estivador, doqueiro, trapicheiro e ajudante de caminhão.

Ao lado de vários capoeiristas (Amorzinho, Geraldo Chapeleiro, Juvenal Engraxate, Geraldo Pé de Abelha, Feliciano Bigode de Seda, Bom Nome, Henrique Cara Queimada, Onça Preta, Argemiro Grande, Olho de Pombo, Antônio Galindeu, Antônio Boca de Porco, Argolinha de ouro, Lúcio Pequeno, Paquete do Cabula, e outos) fundou o primeiro “Centro de Capoeira Angola do Estado da Bahia", no bairro da  Liberdade. Fundou, também, o “Centro de Capoeira de Angola da Conceição da |Praia”.
Mestre Noronha tinha o hábito de anotar nomes, datas, locais e fatos relacionados com a capoeira. Depois de sua morte, Frede Abreu reuniu essas anotações em um livro intitulado “ABC da Capoeira de Angola”. Graças a este fato,  chegou até nós tudo o que sabemos sobre a arte-luta do  início do século XX.
Mestre Noronha teve o privilégio de vivenciar os momentos culminantes da capoeira de Angola e os descreveu com raro brilhantismo..  “As elites queriam transformar a cidade de Salvador, em uma cidade de características européias. Em outras palavras, queriam limpar, erradicar, se necessário, das ruas, as tradições de origem negra, favorecendo a manutenção da ordem pública. De acordo com as exigências da classe abastada”
Foi nesta atmosfera de conflito e discriminação que ele  cresceu e se tornou adulto.. “ A capoeira veiu da África, trazida pelos africanos, porém não era educada. Ela se  educou no Brasil” .
Baiano por nascimento e africano por convicção, antes de freqüentar qualquer roda, não dispensava patuás, para evitar os maus espíritos. Para ele os amuletos eram fundamentais. Sempre tinha uma oração, e pedia uma graça ao Espírito Santo e, ao mesmo tempo, aos Orixás. Com o corpo fechado, não entrava em uma roda sem  preparo, sem “a defesa para a nafé (navalha)”.
“Um bom aprendiz de capoeira de Angola, dia ele, tem que obedecer às palavras do mestre, tem que aprender o jogo da sua defesa, fugindo da  polícia, pois ela não gosta de capoeira”.
Em seus manuscritos ele descreve as festas de largo e a participação da capoeira nesses eventos. Do contexto por ele descrito surgiu a estruturação das “rodas de capoeira”, tal como é hoje conhecida. Antes de Mestre Noronha a capoeira se apresentava de outra maneira. O modelo por ele preconizado se espalhou por várias partes do mundo.
Mestre Noronha faleceu em 1977. Uma de suas maiores contribuições é o Centro de Capoeira de Angola do bairro da Liberdade, exaltado pelo próprio  Mestre Pastinha, ídolo da Capoeira de Angola.


 
 



MESTRE MORAES


MESTRE  MORAES

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Pedro Moraes Trindade, conhecido como Mestre Moraes, famoso difusor da capoeira de Angola, nasceu na Ilha da Maré, em 9 de fevereiro de 1959. Seu pai, também capoeirista, era -- de igual modo, adepto da capoeira de Angola.
Moraes começou a praticar a capoeira quando tinha oito anos, ocasião em que freqüentou a academia de Mestre Pastinha que já estava cego e não dava mais aula. Nessa altura da vida Mestre Pastinha passou o comando de sua academia para os alunos João Grande e João Pequeno.
Desde a mocidade, Mestre Moraes foi um apaixonado pela capoeira de Angola. “Eu nasci com a missão de aprender e ensinar a capoeira de Angola”, afirma ele. O  estilo de Angola era praticado pelos escravos africanos como meio de defesa contra os maus tratos dos colonizadores. Era ensinado aos mais novos pelos escravos mais velhos, e assim passou de geração a geração, até a década de trinta do século passado. Sobreviveu, apesar da perseguição sofrida pelos  seguidores. Na Guerra do Paraguai, por exemplo, foram enviados para o campo de batalha para serem exterminados. Nos anos trinta, Mestre Bimba criou um novo estilo de capoeira mais ao gosto da classe  dominante. A primeira apresentação dessa nova capoeira, chamada regional, foi em palácio, para o Presidente Getúlio Vargas. A capoeira de Angola tem como principais defensores, Mestre Pastinha e seus discípulos, João Pequeno e João Grande. É praticada por artesões e proletários: sapateiros, pedreiros, estivadores, açougueiros, porteiros e estivadores. 
Em 1970, Mestre Moraes mudou-se para o Rio de Janeiro de onde voltou após a morte de Pastinha, treze anos depois. De regresso a Salvador, fundou o Grupo de Capoeira Angola Pelourinho (GCAP), com o objetivo de transmitir e preservar os ensinamentos que recebeu de seus mestres. Além de presidente do GCAP, é professor de Inglês, Mestre em História Social pela Universidade Federal da Bahia, doutor em Cultura e Sociedade pela mesma universidade e compositor de música de capoeira. Seu disco “Roda de Capoeira” foi indicado ao Grammy, em 1984.
Apaixonado pelo estilo de Angola, afirma: “Eu acredito que nasci com a missão de aprender e ensinar a capoeira”. Durante os últimos quarenta e cinco anos não tem feito outra coisa senão aprender e ensinar capoeira,  estabelecer relações com outros capoeiristas, pesquisar e analisar a capoeira e realizar trabalho de campo.
Em entrevista a Claudiane Lopes revelou que para restabelecer o prestígio da capoeira de Angola, e difundi-la em outros países, teve de ingressar na UFBa e estudar inglês e literatura.
 Mestre Moraes leciona português e inglês no sistema público de ensino.
O GCAP tem sede em Salvador mas possui escolas de capoeira no Ceará,  Rio Grande do Sul, São Paulo e Japão. “Nós do GCAP visamos sensibilizar, plantando sementes e orientando pessoas que são vozes levantadas contra o preconceito e o racismo. Em todos os momentos da nossa história, a capoeira tem sido uma arma de resgate e cidadania. O  GCAP é o único grupo voltado para a questão sócio-política”.
 

"A história nos engana.
Diz tudo pelo contrário.
Até diz que a abolição
Aconteceu no mês de maio.
A prova dessa mentira
É que da miséria não saia.
Viva vinte de novembro
Momento pra se lembrar
Não vejo em treze de maio
Nada pra comemorar
Muito tempo se passou
E o negro sempre a lutar
Zumbi é nosso herói
Zumbi é nosso herói, colega velho
Do Palmares foi senhor
Pela causa do homem negro
Foi ele quem mais lutou
Apesar de toda luta, colega velho
O negro não se libertou..."



(Mestre Moraes)




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