segunda-feira, 30 de junho de 2014

JULIANO MOREIRA


JULIANO  MOREIRA
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Juliano Moreira,  precursor da  psiquiatria científica brasileira, nasceu em Salvador em 6 de janeiro de1873, sendo seus pais uma simples empregada doméstica e um humilde funcionário da Prefeitura..

Começou a estudar no Colégio D. Pedro II, e depois no Liceu Provincial.  Aos 13 anos de idade foi perfilado por Manoel do Carmo Moreira Júnior, servidor municipal. Após os preparatórios, matriculou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual recebeu o grau de doutor em medicina em 1891, aos 18 anos, após defender tese sobre “Sífilis Maligna Precoce”. Essa tese mereceu honrosas referências por parte do sifilógrafo francês Buret e do neurologista Raymond.

Durante o curso médico, sempre através de concursos em que saiu vencedor, foi interno da Cadeira de Moléstias Cutâneas e Preparador de Anatomia Médico-Cirúrgica.
Cinco anos depois de formado, se submeteu ao concurso para professor da Faculdade de Medicina. O fato se tornou famoso nos anais daquela casa de ensino. Dede cedo, os portões ainda não tinham sido abertos, uma multidão de estudantes se postava no Terreiro de Jesus, aguardando o resultado. Eles tinham acompanhado o concurso de perto, lotando o salão nobre. Os estudantes queriam impedir que o jovem candidato, um negro, fosse injustiçado por uma banca examinadora predominantemente escravocrata. Abertos os portões naquela manhã de 1896, os futuros médicos tiveram uma surpresa: Juliano Moreira tinha recebido 15 notas dez !!!. A vitória foi comemorada até altas horas da noite. Juliano era muito querido e agora, aos 23 anos de idade, se tornara o professor mais jovem da Faculdade de Medicina.
“Em seu discurso de posse, em maio de 1896, Juliano Moreira descreveu de forma tão elegante quanto contundente, o que parece ser sua experiência pessoal com relação ao marcante preconceito de cor existente na sociedade brasileira de então” (Ana Maria Oda e Paulo Dalagalarrondo).
Juliano permaneceu em Salvador  até 1902. Neste período publicou diversos artigos na “Gazeta Médica da Bahia” e em periódicos da França e da Inglaterra, sobre  lepra, bouba, leishmaníase cutânea-mucosa, sífilis, micetomas, foi um dos fundadores da Sociedade de Medicina e Cirurgia  e da Sociedade de Medicina Legal da Bahia.
Entre 1895 e 1902, realizou uma série de viagens à Europa, para tratar-se de tuberculose pulmonar, contraída pelo excesso de dedicação à pesquisa e ao estudo.  Aproveitando as oportunidades, freqüentou vários cursos sobre doenças mentais, realizou estágio  de anatomia patológica com Virchow e visitou as clínicas psiquiátricas mais importantes da Alemanha, Inglaterra, Escócia, Bélgica, França, Itália, Áustria e Suíça.
Na Bahia, a vida de Juliano não foi fácil, pois teve de lutar contra “as amarras de um sistema hierárquico discriminador”., até que surgiu o convite do Ministro José Seabra para mudar-se para o Rio de Janeiro e assumir a direção do Hospital Nacional de Alienados, cargo que exerceu de 1903 a 1930. Como diretor do Hospital Nacional de Alienados, tornou-se o grande divulgador da psiquiatria científica brasileira, fundou os Arquivos Brasileiros de Medicina, a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Ciências Afins e representou o Brasil em congressos médicos, na Europa e nos Estados Unidos (Berlim, em 1900, do qual foi eleito Presidente;  Lisboa, em 1906; Amsterdã e Milão, em 1907; Londres e Bruxelas, em 1913) e ingressou em  várias sociedades científicas dos Estados Unidos, Alemanha, França e Inglaterra.
Em 1911, foi nomeado diretor da Assistência Médico-Legal dos Alienados, ocasião em que criou o Manicômio Judiciário.

Em 1928, foi convidado para realizar conferências em universidades Japonesas, em  Kioto, Sendai, Osaka e Tokio, quando foi condecorado com a Ordem do Tesouro Sagrado, pelo Imperador Hirohito.

Faleceu em 2 de maio de 1933, na cidade de Correias, no Rio de Janeiro, para onde se mudara, devido à tuberculose.ul
Juliano Moreira publicou diversas trabalhos, dentre os quais destacamos “A evolução da Medicina no Brasil”, obra que realçou, ainda mais, os dotes deste cientista, um dos maiores do Brasil.
Um fato histórico pouco conhecido é a visita de Albert Einstein à Academia Brasileira de Ciências, realizada em 7 de maio de 1926, ocasião em que pronunciou uma conferência em francês. O cientista se surpreendeu ao verificar que a presidência dos trabalhos era exercida por “um senhor de olhos grandes e penetrantes, pele escura, e franzino”, famoso em todo o mundo. Este cientista era Juliano Moreira, Presidente de Honra daquela Academia, Vice-Presidente e Presidente várias vezes reeleito, reconhecido como um grande médico e “ume sábio, no mais amplo e rigoroso significado dessa expressão”.

Na Sociedade Brasileira de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal, Juliano foi eleito Presidente Perpétuo.
Segundo o discípulo Afrânio Peixoto, “Juliano era múltiplo. Foi médico, tropicalista, dermatólogo, sifilógrafo, alienista, psicólogo, naturalista e historiador da Medicina”. Realmente, sob qualquer ângulo em que examinarmos  sua história de vida,  ela se mostra excepcional, extraordinária!




quinta-feira, 26 de junho de 2014

LUIS ANSELMO DA FONSECA

LUIS  ANSELMO  DA  FONSECA

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Luis Anselmo da Fonseca nasceu em Salvador, no ano de 1842.
Sarcástico, “a ele se atribuem inúmeros ditos de espírito, como de que,”os baianos só se reúnem  para a morte”
Grande abolicionista, escreveu “A Escravidão, o Clero e o Abolicionismo”, na qual tentou provar que o clero da época, não defendeu, como devia, a abolição da escravatura nem lutou pela causa dos oprimidos.
Fez os preparatórios capital baiana e depois ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual foi graduado em medicina em 1875, depois de defender tese doutoral intitulada “Quais as propriedades químicas, as ações fisiológicas e os efeitos terapêuticos do cloral e do clorofórmio? Em que relação se acham?”.
Ocupou, na Faculdade de Medicina da Bahia, os seguintes cargos: Concorrente à Seção de Ciências Acessórias (1877 – 1880). Preparador interino de Física (1882-1883). Professor Adjunto, por concurso, da cadeira de Higiene e História da Medicina (1883). Lente de Física Médica (1891-1901). Professor da cadeira de Higiene (1903). Professor Jubilado (1914).
Diretor do Hospital de Febre Amarela (hoje Hospital Couto Maia), de 1880 a 1884. Membro do Conselho Sanitário do Estado. Vereador do município de Salvador (1881 a 1884). Professor de Psicologia, Lógica e História dos Métodos e Sistemas Filosóficos do Instituto  Oficial do Ensino Secundário, depois denominado Ginásio da Bahia (1890).
Foi o Dr. Luís  Anselmo da Fonseca destacado médico, professor , homem de letras e profundo conhecedor da língua portuguesa.
De sua autoria é o “Projeto para reforma do ensino secundário da Bahia”,bem como outros trabalhos sobre assuntos os mais diversos.
Mereceu de Caio Moura o seguinte elogio: “Na Bahia, não falando dos que fazem profissão de escrever, raros serão os que, mais do que o Prof. Fonseca, hajam escrito” (Eduardo Sá Oliveira).
Sua Memória Histórica da Faculdade de Medicina, referente ao ano de 1891, é considerada uma das melhores. Nela, dentre outros comentários, destaca-se o referente ao estilo livresco que caracterizava o ensino ministrado pelos professores da  Faculdade de Medicina, até 1866, ano em que surgiu a “Gazeta Médica da Bahia”: “A verbosidade, mais ou menos abundante, a memória vigorosa, a facilidade de raciocinar sobre idéias abstratas, a destreza na dialética, a erudição, ainda que nem sempre muito profunda, os requintes do classicismo gramatical, o gosto teatral, a ênfase, as exclamações, eram as qualidades por excelência e os dotes de eleição que não podiam faltar aos que ambicionavam a admiração e o renome” .
Além de médico, professor, homem de letras e grande abolicionista, foi Anselmo da Fonseca filósofo e polemista notável.
A propósito do espírito polemista, é conhecido nos meios médicos da Bahia o rumoroso  afaire do Prof. Anselmo da Fonseca com o Prof. Alfredo Britto, por ocasião do incêndio que praticamente destruiu o prédio da Faculdade de Medicina da Bahia, na noite de 2 de março de 1905. Os jornais de Salvador registram os “ataques continuados, acrimoniosos e impidosos, saídos à luz nas ditas folhas, assinados pelo celebrado e ilustrado lente de Higiene, Dr. Luis Anselmo da Fonseca e dirigidos ao distinto Dr. Alfredo Brito, diretor da veneranda instituição de ensino” (Antônio Nogueira Brito).
De sua bibliografia constam:
  1. “Envenenamento pelas estricnéas.” Tese de concurso. – Bahia – 1877.
  2. “Estudo dos éteres.” Tese de concurso. – Bahia – 1880.
  3. “A escravidão, o clero e o abolicionismo.” - Bahia - 1887.
  4. “Projeto para reforma do ensino secundário, na Bahia; transformado em regulamento do Instituto Oficial do Ensino Secundário.” – Bahia - 1890.
  5. “Memória Histórica da Faculdade de Medicina da Bahia concernente ao ano de 1891.” – Bahia - 1893.
  6. “A questão Acadêmica de 1901 na Faculdade de Medicina da Bahia.” – Bahia - 1903.
  7. “Higiene Pública, aplicada à cidade da Bahia.” - Revista dos Cursos da Faculdade de Medicina da Bahia. Tom. 6, 1908.
  8. Discursos, Manifestos, Polêmicas etc.
Anselmo da Fonseca faleceu em 1929. Em sua homenagem existe um bairro em Salvador, formado pela rua principal que tem o mesmo nome, pelo jardim Santa Teresa, Baixão e Vale do Matatu.
 
 

 



ALEXANDRE GOMES DE ARGOLO FERRÃO







BRASÃO  DA  FAMÍLIA  FERRÃO

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Alexandre Gomes de Argolo Ferrão, marechal de campo e herói da Independência, primeiro e único Barão de Cajaíba, nasceu em 1800, na freguesia da Vila de São Francisco do Conde.

Filho de importante família de ricos senhores de engenhos que teve origem em seu pai,  José Joaquim de Argolo e Queirós,  construtor do sobrado do  Engenho da Ilha de Cajaiba e senhor do Engenho Itatingui. Sua mãe, Maria Joaquina Gomes Ferrão Castelo Branco, era descendente de Antônio Gomes, patriarca da família.
Em 21 de outubro de 1807, com pouco mais de seis anos de idade, foi investido no posto de cadete. A partir dos dez anos  subiu todos os degraus da hierarquia militar: alferes, aos dezoito anos; tenente, aos vinte; capitão aos vinte e quatro; sargento-mor (major), aos vinte e seis; tenente-coronel e depois coronel, aos trinta e oito; brigadeiro aos quarenta e dois e  marechal de campo aos cinqüenta e dois.
Em 1821, foi deputado pela Bahia às cortes portuguesas; em 1822, fez a campanha da Independência; em  1831, foi encaregado do policiamento das Vilas de Santo Amaro da Purificação e São Francisco do Conde; em 1837, comandou a brigada que combateu os revoltosos da “Sabinada”; em 1838, assumiu a   Vice-Presidente da província da Bahia (cargo que exerceu durante vinte anos); em 1865  foi presidente da Bahia; em 1860, foi veador de Sua Majestade a Imperatriz.
Durante a luta pela Independência, comandou um batalhão de caçadores na batalha de Pirajá e ”combateu bravamente contra os portugueses e passou à história como  militar brioso e valente.  Na “Sabinada”  foi “um dos que mais lutaram, contribuindo, decisivamente, para sufocar o levante” (Antônio Loureiro de Souza), Na “Guerra dos Farrapos” lutou com  com  coragem,  valentia e patriotismo.
Era dono do Engenho de Cajaiba, situado na ilha do mesmo nome. Como proprietário de escravos  tinha fama de cruel. Diz Antônio Loureiro de Souza: “Apontam-no como um caráter excessivamente rígido, impulsivo, violento, implacável mesmo. As suas ações na vida privada como latifundiário, eram, talvez, algo ásperas, menos benevolentes do que deveriam ser. O que se não poderá contestar, entretanto, é o seu patriotismo e a sua bravura nos campos de batalha, conduzindo as nossas forças armadas com um alteraria incontestável” A respeito de sua crueldade com os escravos, contam que certa feita um visitante elogiou os seis de uma de suas escravas. O Barão, no fim da refeição, presenteou o convidado com os belos seios em uma bandeja.
Era comendador da Ordem de São Bento de Avis, comendador da Ordem de Cristo, oficial da Ordem da Rosa, Medalha da Independência e Barão com honras de grandeza. A Imperial Ordem de São Bento de Avis é uma antiga ordem militar brasileira, originada da Ordem de Avis de Portugal. A Imperial Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo é uma antiga ordem honorífica do Brasil, originada da Ordem Militar de Cristo. (depois da Ordem da Rosa, é a que possui maior número de titulares). A Imperial Ordem da Rosa é uma ordem honorífica brasileira, criada em 27 de fevereiro de 1829 pelo Imperador D. Pedro I para perpetuar a memória de seu casamento, em segundas núpcias, com Dona Amélia de Leuchtenberg e Eischstädt)
No fim da vida, o marechal Alexandre Gomes de Argolo Ferrão  recolheu-se a uma propriedade que possuia no Recôncavo, onde faleceu em 10 de maio de 1870, com setenta anos. Deixou um filho, Alexandre Gomes de Argolo Ferrão Filho, que foi, depois, o Visconde de Itaparica.