sábado, 31 de maio de 2014

PADRE LUIS GONZAGA CABRAL

 
PADRE LUIS GONZAGA CABRAL
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O Padre Luis Gonzaga Cabral, professor, escritor e orador sacro, descendente de uma família aristocrática, nasceu em 1º de outubro de 1866, na Foz do Douro, em Portugal.
Educado por jesuítas, freqüentou o Noviciado do Barro, em Terra Vedras, estudou no Colégio São Francisco de Setúbal, fez o curso de Filosofia, em Uclés (Espanha) e o de Teologia, em Vais (França). Ordenou-se padre jesuíta em 1897, foi confessor  real e professor do Colégio Lisboeta de Campolide, do qual se tornou reitor em 1903.
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A partir de 1875, quando surgiram os partidos Socialista e Republicano, a monarquia portuguesa começou a dar sinais de esgotamento e em outubro de 1910 os revoltosos proclamaram a República. O novo regime proibiu o ensino religioso e expulsou as ordens e congregações religiosas. Os jesuítas tiveram de fechar os colégios de Campolide e São Francisco e fugirem de Portugal.
O padre Luis Gonzaga Cabral, Provincial da Companhia, solicitou ao governo brasileiro autorização para instalar os religiosos no Brasil. Em 1911, obtida a autorização, os jesuítas vieram para a Bahia, foram acolhidos pelo arcebispo D. Jerônimo Tomé de Souza e fundaram  o Colégio Antônio Vieira. O Padre Cabral foi para a Bélgica onde passou a ensinar Literatura e Oratória aos estudantes exilados, até 1916, ano em que chegou em Salvador para ensinar no Colégio Antônio Vieira, do qual se tornou diretor em  1930.
Na Bahia o Padre Cabral permaneceu durante mais de vinte anos, exercendo louvável atividade apostólica e educacional. Importantes expoentes da cultura baiana e brasileira foram alunos dos jesuítas na fase em que os portugueses permaneceram na direção do Colégio Antônio Vieira, e de modo especial no período em que o Padre Cabral foi seu diretor. Dentre os discípulos mais distinguidos citamos Thales de Azevedo (um dos mais importantes antropólogos do Brasil), Hermes Lima (jurista, político e ensaísta, Primeiro Ministro em 1962), Anísio Teixeira (um dos maiores educadores do país), Jorge Amado (famoso romancista baiano), Hélio Simões (poeta e professor universitário), Herbeto de Azevedo (importante jornalista e escritor) e muitos outros. Três deles (Hermes Lima, Thales de Azevedo e Jorge Amado) registraram em seus livros suas memórias do tempo de estudante. Hermes Lima descreveu o colégio dos Coqueiros da Piedade como “uma residência espaçosa, de excelentes instalações”, e considerou os Padres Cabral e Torrend como as maiores expressões do  corpo docente. Thales de Azevedo demonstrou grande apreço pelo Padre Cabral, dizendo tratar-se de “um exemplo de laboriosidade e constância que se dedicou à mocidade de então, sem mostrar cansaço ou enfado, sem impacientar-se, sempre metódico e organizado, como se comprova na série de cadernos em que fazia o resumo dos seus sermões”. Jorge Amado confessou: “minha vocação literária foi despertada pelas aulas desse jesuíta, aplaudido orador sacro, grande estrela do colégio. A sociedade baiana vinha em peso ouvir seu sermão dominical”. Contou que “em determinado dia, em sala de aula, o mestre deu como atividade a escrita de um texto sobre o mar. O menino Jorge, em vez de tratar, como a maior parte dos seus colegas, dos “mares nunca dantes navegados” de Camões, preferiu escrever sobre o mar de Ilhéus, cidade da região cacaueira onde morou e da qual sentia saudades. O Padre Cabral levou os deveres para corrigir em sua cela. Na aula seguinte, entre risonho e solene, anunciou a existência de uma vocação autêntica de escritor naquela sala de aula. Pediu que escutassem com atenção o que ia ler. Tinha certeza, afirmou, que o autor daquela página seria no futuro um escritor conhecido. Não regatou elogios”. Jorge Amado acabara de completar, apenas, onze anos...
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O Colégio Antônio Vieira funcionou, inicialmente, nos Coqueiros da Piedade, cabendo ao Padre Cabral a construção da sede definitiva, no Garcia. “O publico baiano, a comunidade jesuítica e os alunos, afirmou Fernando Azevedo, ficaram encantados com a nova casa, ampla e arejada”. O Padre Luis Gonzaga Mariz, entusiasmado, escreveu: “Até que enfim estamos no novo Colégio Antônio Vieira! O edifício é esplêndido !”.
A mudança para as novas instalações foi realizada no início de 1933. O Padre Cabral deixou a direção do Colégio em setembro daquele ano, sendo substituído pelo Padre Manoel dos Santos. As preocupações financeiras decorrentes da construção abalaram sua saúde. Muito cansado, foi descansar no Colégio Manoel da Nóbrega, em Recife. A situação foi se normalizando pouco a pouco, no decorrer do reitorado do Padre Santos. Em 1935, mais tranqüilo, o Padre Cabral foi rever Portugal e por lá demorou alguns meses. Voltando   para a Bahia, faleceu cercado pelo carinho de seus alunos e admiradores, em 28 de janeiro de 1939, com a idade de 73 anos.
 




quinta-feira, 29 de maio de 2014

LUIS DOS SANTOS VILHENA

 I

 
ANTIGA IGREJA DA AJUDA, EM  SALVADOR
(INÍCIO DO SÉCULO XIX)
 
 
Luis dos Santos Vilhena nasceu em 1744, na vila de    São Tiago de Cassino, Portugal e chegou em Salvador no ano de 1787.
Serviu ao exército por dez anos, em Setúbal, aproveitando as horas vagas para estudar grego e latim. Em 1785, após deixar o exército, candidatou-se à regência da cátedra de grego. Foi aprovado mas não tomou posse  do cargo pelo fato de ter ficado doente. Recuperado, assumiu a cátedra na Cidade do Salvador, onde ensinou grego de 1787 a 1799. Neste último ano a cátedra foi extinta e ele  foi aposentado com metade dos vencimentos.
Além de  professor de grego, Vilhena inventou mecanismos para melhorar o desempenho de engenhos. Em 1802, publicou suas famosas cartas com informações sobre a vida e os costumes de Salvador. Escreveu também sobre Porto Alegre, Rio de Janeiro e o Brasil, em geral. São vinte e quatro cartas “escritas, segundo ele, pelo mais humilde dos vassalos, professor régio da língua grega na cidade do Salvador”, e endereçadas a dois amigos fictícios, Filipono e Patrifilo. As vinte primeiras datam de 1798 a 1799. Dezesseis referem-se à Bahia, sete descrevem outras capitanias e a última preconiza um novo programa de política colonial.
Como lembra Pedro de Almeida Vasconcelos, Salvador naquela época, embora tivesse perdido sua condição de capital do Brasil, “continuava como principal porto e principal cidade da colônia até o início do século XIX”. De acordo com o historiador inglês Southey, “com a transferência da sede do governo para o Rio de Janeiro outra nenhuma perda, além da dignidade, sofreu São Salvador... continuando a ser uma das maiores, mais opulenta e florescentes cidades do Novo Mundo”. A cidade, afirma Pedro de Almeida Vasconcelos, “pelas informações disponíveis podemos afirmar que, em 1808, causava impacto aos visitantes que aqui chegavam, sobretudo com a precoce verticalização da Cidade Baixa, o que pode ser comprovado pelo frontispício de Vilhena, sendo, inclusive, mais importante que o Rio de Janeiro”
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Vilhena dedicou suas cartas ao Príncipe D. João (futuro D. João VI). O Príncipe, ao que parece, não leu a obra e a  remeteu ao Conde de Linhares, que também não  deu a ela a devida atenção, guardando-a em sua biblioteca. Com a vinda da família real para o Brasil, o livro foi trazido para o Rio de Janeiro e continuou ignorado até sua descoberta no início do século XIX.
Em 1917, alguns pesquisadores baianos descobriram a obra de Vilhena na Biblioteca Nacional. A Academia de Letras da Bahia chamou a atenção para esta descoberta, fazendo com que o Governo da Bahia a republicasse em 1921. Braz do Amaral debruçou-se sobre o assunto, recolhendo as poucas informações que hoje possuímos sobre Vilhena.
Para Emanuel Araújo, Vilhena “retratou uma sociedade escorregadia, difícil de entender, onde conviviam opulência e miséria, burocracia venal e intelectuais idealistas, inércia estimulada pela rigidez da tradicional ordem estabelecida, administrativamente consagrada, e impulsos de mudança radical, de rompimento, de renovação total”.
Vilhena morreu em Salvador, em 1814, estando sepultado no convento de Santa Tereza no Hábito do Carmo.
Em 1969, a obra, intitulada “Recopilação de Notícias Soteropolitanas e Brasílicas e Cartas de Vilhena” foi mais uma vez republicada, em três volumes, com comentários de Braz do Amaral.
Os manuscritos originais, datados de 1802, encontram-se na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
Como afirma Günter Weime, “dentre os cronistas do Brasil colonial, Vilhena foi um dos mais competentes e, mesmo assim, muito pouco conhecido”.
Ao que parece, Capistrano de Abreu foi o primeiro a lhe dar o devido valor. Para ele as Cartas de Vilhena são um dos melhores  trabalhos sobre o Brasil Colônia. Apesar disto, poucos historiadores prestaram a Vilhena e suas cartas, significativa atenção.
 
 
 
 
 


terça-feira, 27 de maio de 2014

ADELELMO NASCIMENTO

 
ADELELMO  NASCIMENTO
=adelelmo+nascimento
 
Afirma Nei Lopes em seu “Dicionário Escolar Afro Brasileiro” que o violinista Adelelmo do Nascimento nasceu em Feira de Santana, em 1852 e faleceu em Paris, em 1898. O local e a data do nascimento deste filho ilustre da Bahia são incertos. Alguns afirmam que ele nasceu na freguesia de Santana. O historiador Guilherme Melo diz que Adelelmo nasceu na freguesia da Sé, em Salvador, em 1848.
Sua mãe chamava-se Felippa Gouveia de Portugal. Seu pai, José Francisco do Nascimento, foi um conhecido clarinetista, de quem Adelelmo herdou o gosto pela música, tomou as primeiras lições de rudimentos de violino e sucedeu como mestre da capelania  da Sé.
Aos estudos iniciais  com o seu progenitor, seguiram-se a aprendizagem com um professor chamado Isidoro. Posteriormente Adelelmo tomou lições com o  violinista Giuseppe Baccigaluppi, italiano de Gênova que morou durante vinte anos  no Brasil e que  passou algum tempo na Bahia como professor da Sociedade de Belas Artes.
Após a conclusão do curso primário, Adelelmo freqüentou o Liceu Provincial e o Colégio Oito de Dezembro, onde realizou os preparatórios para entrar na Faculdade de Medicina e se matricular no curso de Farmácia, projeto que não se realizou.
Pouco depois assumiu a mestrança da capelania da Sé, da qual foi, pouco tempo depois, demitido. A partir de então  enfrentou dias difíceis: ficou desempregado e, como se não bastasse,  teve de lutar contra a inveja de seus rivais.
Graças a influência de amigos conseguiu, durante as temporadas artísticas do Teatro São João,  o lugar de  1º violinista e, vez por outra, regente. Na condição de maestro atuou durante a apresentação da companhia artística de Eva Carlani, o que de certo modo contribuiu para o  fortalecimento do seu nome.  Pouco depois recebeu o convite de Carlos Gomes para dividir consigo a regência de “O Guarani” durante a temporada lírica de 1880, na cidade do Salvador. A partir de então surgiram outras oportunidades: a de dividir o palco com o violinista cubano José White e a de excursionar com a companhia lírica de Tomás Passini, como 1º Violino  e 2º Regente. Nesta condição chegou a Belém. Na capital paraense recebeu um convite do diretor da Instrução Pública do Amazonas, Pedro Ayres Marinho, para ocupar a vaga de professor de música (disciplina de caráter obrigatório nos cursos primário, médio e normal, no  Estado do Amazonas).
Em 14 de julho de 1883, terminado  o contrato com a companhia lírica, Adelelmo foi nomeado professor da Escola Normal do Amazonas, do Instituto dos Educandos Artífices e do Ginásio Amazonense.
Sua atividade em Manaus foi meritória. Ao  Instituto dos Educandos Artífices, fez chegar os instrumentos de cordas e de metal necessários, deu continuidade à banda marcial e organizou uma orquestra, sendo maestro de ambas. Com este  eficiente e dedicado trabalho lançou novos valores na carreira musical, como por exemplo Lourival Muniz e Gentil Bittencourt que foram à França aperfeiçoar-se em violino. O próprio Adelelmo atuou como 1º violino e regente substituto em diversas temporadas líricas.
Aposentando-se em 1897, foi viver na França onde morreu no ano seguinte, deixando uma legião de discípulos e  admirados espalhados pelo Brasil. Somente no Ginásio Amazonense, orientou mais de 400 alunos. Em 1904 o Governo do Amazonas publicou  o  “Método Adelelmo do Nascimento”, por ele escrito para os alunos do Ginásio Amazonense e da Escola Normal.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

ESTEVAM MOURA


ESTEVAM  MOURA

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Estevam Pereira de Moura, mais conhecido como Estevam Moura, musicista, compositor de marchas, dobrados e músicas para filarmônicas, nasceu em Santo Estevão, no dia 13 de agosto de 1907, sendo seus pais João Pedreira Moura e Minervina Carvalho Moura.
Seu pai faleceu quando Estevam tinha três anos de idade,  deixando sua família má condição  financeira. Sua mãe, mulher forte e decidida, criou seus filhos com o ofício de costureira, dando exemplo de rara dignidade.
Estevam demonstrou, desde criança, forte inclinação para música, tocando flautas feitas com galhos de mamoeiro nas festas de Santo Estevão. Utilizava também um instrumento indígena, feito de cerâmica e chamado “ocarina” por ele mesmo fabricado, do qual extraia belíssimo som.
Aos sete anos ingressou em uma escola pública. Sua professora, notando sua habilidade e aproveitando a oportunidade em que Santo Estevão organizava sua primeira filarmônica, o encaminhou para os responsáveis pela banda musical. Ali, na Filarmônica 26 de Dezembro, Estevam foi aluno do  Prof. Manoel Luis de França. Bem cedo aluno e professor entraram em discordância a respeito da colocação de uma nota musical em um dobrado. A disputa chegou ao conhecimento do público e se espalhou, didivindo a cidade. A Lira Cachoeirana (de Cachoeira),  escolhida para árbitro da contenda, decidiu que Estevão estava com a razão. O maestro, envergonhado, abandonou a cidade passando a regência da Filarmônica 26 de Dezembro para o professor Sobral. Este, reconhecendo o valor de Estevam, decidiu entregar a batuta ao jovem aluno. Estevam, entusiasmado, assumiu o cargo e compôs  seu primeiro dobrado.
Em 1925, com a decadência econômica da Filarmônica 26 de Dezembro, Estevam Moura se mudou para Bonfim de Feira  a fim de reger a Filarmônica Minerva. Em Bonfim de Feira, então distrito de Feira de Santana, permaneceu sete anos. Compôs diversos dobrados e conheceu a jovem Regina Bastos de Carvalho com a qual manteve tumultuado romance. Enfrentado a oposição da família de Regina, fugiram para Santo Estevão e ali se casaram no ano de 1931.

Em seguida o casal foi residir na cidade de Afonso Pena (hoje Conceição de Almeida), onde Estevam ocupou o cargo de regente da Filarmônica local. No ano seguinte, mudaram-se para Feira de Santana, onde nasceu o segundo filho, Ernani, apelidado de “Tusca”. Para ele Estevam compôs um de seus mais belos dobrados. Compôs também um dobrado em honra ao Deputado Arnold Silva, prefeito de Feira de Santana. Outras composições da mesma época são a marcha “Constelação”, os dobrados “Magnata”, “João Almeida”, “Vida e Morte”, o Fox “Reveilion”, o “Hino do Congresso Eucarísitico” e muitas “Ave Maria”.

Sua grande aspiração era fundar uma escola de música em Feira de Santana, o que se tornou quase realidade quando, ao lado da professora Georgina Erismann e outros, realizou uma tentativa infelizmente frustrada.
Com o intuito de incentivar os feirenses pelo gosto da música, criou o Coral São Miguel com quarenta vozes masculinas.

Durante muitos anos foi professor de música no Ginásio Santanópolis.
Recebeu muitos convites para ser músico no Rio de Janeiro, cidade que visitou na década de 40 como participante de uma temporada do Corpo de Bombeiros de Salvador.  Ainda na década de 40, Estevam Moura, regendo a Filarmônica 25 de Março, de Feira de Santana, se apresentou  na Rádio Nacional e provavelmente na Rádio Ministério da Educação.
Muito educado, gozava a fama de ser verdadeiro “gentleman”. Mantinha intensa vida social e andava sempre bem vestido. Nas Micaretas de Feira de Santana e em outras festas populares da cidade, regia a Filarmônica 25 de Março.
Visinho, e grande amigo, de Georgina Erismann, com ela aprendeu piano, aprofundou seus conhecimentos musicais, e  compôs algumas produções.
Por ocasião da Segunda Guerra Mundial, enfrentando a falta de palhetas importadas para instrumentos de sopro, passou a fabricá-las, atendendo pedidos de várias cidades do Brasil.
Morreu em Feira de Santana, no dia 8 de maio de 1951.
Suas músicas são até hoje executadas por várias filarmônicas de Cachoeira, Maragogipe, Santo Amaro e outras cidades baianas. Em 1978, por ocasião de um concurso nacional de filarmônicas promovido pela Rede Globo de Televisão, transmitido para todo o Brasil, com a participação de filarmônicas de várias regiões do Brasil, esteve presente a Sociedade Filarmônica 25 de Março de Feira de Santana, interpretando composições de Estevam Moura. Obteve o segundo lugar na classificação final. Do júri participaram renomados maestros, como Edino Krieger, Marios Nobre, Isaac Karabithevsky e Júlio Medaglia. O maestro Marios Nobre fez emocionante pronunciamento, lamentou a morte precoce de Estevam Moura e a falta de reconhecimento do seu trabalho.
 
 
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sábado, 24 de maio de 2014

JOÃO DA GAMA FILGUEIRA LIMA

 
JOÃO DA GAMA FILGUEIRA LIMA (LELÉ)
 
A3o+da+Gama+Filgueira+Lima
 
João da Gama Filgueira Lima, mais conhecido como Lelé,  nasceu no Rio de Janeiro, em 10 de janeiro de 1932. Apesar de ter nascido no Rio, ele viveu a maior parte de sua vida adulta em Brasília e Salvador.
Concluídos os estudos preparatórios, ingressou na Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro), pela qual se formou em arquitetura, no ano de 1955.
Desde os primeiros dias de seu exercício profissional, recebeu a influência de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e Nauro Esteves, pelo que mudou-se para Brasília, no exato momento em que foi iniciada a construção da nova capital. Trabalhando com esse grupo pioneiro, constuiu, projetou e colaborou na edificação da metrópole brasileira.
Em 1962, ingressou no corpo docente da Universidade Nacional de Brasília, da qual se afastou em 1965, com outros 209 professores e servidores, em protesto pela repressão policial contra a referida universidade. Foi reintegrado em 1990 e neste ano se aposentou.
Seu interesse pela arquitetura industrializada surgiu durante a construção de Brasília, quando se viu obrigado a edificar um número infindável de acampamentos e barracões de madeira. Nesta época sentiu a necessidade de aprofundar seus conhecimentos sobre a racionalização do concreto armado, o que o levou aos países do leste europeu: União Soviética, Tchecolosvaquia e Polônia. “A equipe foi aumentando—disse ele,  e, com ela, a necessidade de fazer as coisas andarem mais depressa. Daí o interesse pelos pré-fabricados. Na própria construção dos prédios principais seria preciso industrializar alguma coisa, aproveitar os elementos repetitivos para ganhar tempo na construção”
Poucos arquitetos brasileiros possuem  tantos projetos  espalhadas pelo país. No Distrito Federal, o Memorial Darcy Ribeiro da Universidade Nacional de Brasília, os Hospitais Regionais de Ceilândia e Taguatinga e o Hospital Sarah Kubitscheck de Brasília. No Norte e Nordeste, a Sede do Tribunal de Contas da União em Sergipe e os Hospitais Sarah Kubitscheck de Natal, Recife, Fortaleza e São Luiz. No Rio de Janeiro, o Presídio de Segurança Máxima. Em Salvador, o Palácio Thomé de a Souza, a Sede do Tribunal de Contas da União, o Hospital Sarah Kubitscheck, o Mercado Municipal de Paripe, a Estação da Lapa, o Convento de Brotas, a Igreja dos Alagados, a Igreja da Ascenção do Senhor e vários edifícios  do Centro Administrativo, além das passarelas coloridas que são a marca da capital baiana.
Os  projetos de João Filgueira Lima se caracterizam pela busca da racionalização e da industrialização. Sua preocupação máxima eram as exigência do clima e a pre-fabricação. A ele devemos métodos e processos inéditos de construção, o que o levou a possuir mais de uma fábrica de pré-moldados. Poucos como ele souberam utilizar a “argamassa armada”.  Empregou este material (nata de cimento e malha de ferro) para desenvolver peças mais leves e flexíveis, tais como as placas utilizadas na urbanização e melhoria de algumas áreas de ocupação irregular nas encostas de Salvador. Lelé desenvolveu projetos de escadarias drenantes, contenções de encostas e canais de drenagem  em vários bairros da capital baiana. A experiência serviu para a instalação de fábricas de equipamentos urbanos em Abadiânia (Goiás) e Salvador.
No Centro de Tecnologia da Rede Sarah, em Brasília, ele desenvolveu projetos de construção de novos hospitais e equipamentos especializados, tais como o da cama-maca móvel utilizada pelas unidades da rede.
De sua autoria são os projetos e a construção dos Tribunis de Contas da União em Salvador, Aracaju, Cuiabá, Terezina, Vitória e Belo Horizonte..
Em 2003 recebeu o título de professor Honoris Causa da Universidade Federal da Bahia e no Rio de Janeiro existe um logradouro com o seu nome.
João Figueira Lima faleceu em Salvador, no dia 21 de maio de 2014.
 


 
 
 
 

 

terça-feira, 20 de maio de 2014

JOATAN NASCIMENTO


JOATAN  NASCIMENTO

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Joatan Nascimento, um dos maiores trompetistas de sua geração,  baiano de Maceió, nasceu no ano de 1968. Seu avô materno constuia violões. Seu pai, João Nascimento,  saxofonista amador, diz ele, “ lutava  para conseguir tocar alguns compassos... Mas, sem dúvida, foi minha primeira influência”. A grande influência, todavia, foi a do seu tio materno, Edson Martins de Mendonça, trombetista, saxofonista e tocador de violão, cavaquinho e pandeiro. Este  tio, cego, estudou em uma escola especial em Recife e foi o primeiro professor de Joatan que, aos onze anos começou a estudar música, tocando cavaquinho, depois trombone de válvulas e saxofone e, em seguida, trompete.

Não possuindo trompete, seu tio começou a lhe dar aulas de solfejo e leitura rítmica. Recordando sua juventude, Joatan afirma: "Uma coisa marcante foi uma técnica utilizada por meu tio para me ensinar ritmos novos, sempre através de um exemplo prático, normalmente em uma canção ou numa marchinha de carnaval. Então, para me ensinar tercinas, ele me mostrou a introdução da marcha "O teu cabelo não nega", que eu já conhecia. Era muito divertido, aprendia facilmente e nunca mais esqueci.  Meu pai treinou meu ouvido no choro, no frevo e no samba, gêneros pelos quais tenho verdadeira adoração. Meu tio Edson me ensinou a observar detalhes, que só um ouvido bem treinado é capaz de perceber, num disco de Raul de Barros que ele tinha e que ouvi exaustivamente durante minha infância.  Raul de Barros foi o músico que mais me influenciou nesta primeira fase. Ele e Saraiva, um saxofonista alagoano que gravou muitos discos, no Rio de Janeiro e em Santos, durante os anos de 1960 e 1970. Curiosamente, um trombonista e um saxofonista. Eles chegaram até mim através de meu tio Edson e de meu pai”.
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Pouco depois matriculou-se na Escola Técnica Federal de Alagoas, onde encontrou uma banda formada por alunos e onde estudou pelos métodos de Harry James e Jean Baptiste Arban. Ali  encontrou Edson Rocha Ferro, professor que teve papel decisivo em sua formação de trompetista. “Edson Rocha Ferro, afirmaria ele, me ensinou a tocar melodicamente. E Pedro Jerônimo, trompetista alagoano muito importante na minha formação, me apresentou o mundo do jazz. Me fez ouvir todos os trompetistas famosos, americanos e brasileiros.  Edson Rocha é um dos mais respeitados trompetistas alagoanos. É um músico completo. Lê bem, escreve bem, tem conhecimentos de harmonia e uma técnica invejável, uma sonoridade que me inspira até hoje e, principalmente, conhece muitos estilos diferentes, o que me ajudou a ser o músico versátil que sou hoje."
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Em 1987, mudou-se para Salvador onde ingressou na Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, e se graduou em trompete. Dois anos depois, iniciou sua participação na  Orquesta Sinfônica da Bahia. onde entrou em contato com  os maestros Isaac Karabchevsk, Roberto Duarte e  Júlio Medaglia. Em 1994, participou do show do percussionista protoriquenho Tito Puente no Fest´in Bahia e desde 1995 integrou a banda de Daniela Mercury. Em 1998 participou da tornê Livro Vivo, de Caetano Veloso.
De sua discografia constam gravações ao vivo com Carlinhos Brown, Banda Eva, Fred Dantas, Banda Cheiro de Amor, Chiclete com Banana e Ivete Sangalo.

Joatan Nascimento é doutor em Trompete e professor da Universidade Federal da Bahia. É um dos trompetistas mais

Universidade Federal da Bahia e um dos trompetistas mais importantes do Brasil, tendo atuado sob a regência de maestros como Issac Karabchevisk, Júlio Medaglia, Roberto Tibiriçá, Ernest Widmer, Ira Levin e Roberto Duarte.

É detentor do Troféu Caymmi de Revelação Instrumental (1986) e Melhor Instrumentalista / Disco (2000). Em 2002, lançou o disco “Eu Choro Assim” , indicado para o Troféu Caymmmi de Melhor Disco e, em 2003 para a categoria Revelação do Prêmio TIM de Música.

 



segunda-feira, 19 de maio de 2014

RICARDO CASTRO

 
RICARDO  CASTRO
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Ricardo Castro, pianista e maestro brasileiro, nasceu em Vitória da Conquista, no ano de 1964.
Aos três anos, tomando parte nas aulas que sua irmã tomava com uma tia, demonstrou apurado gosto pelo piano. Aos cinco, foi aceito em caráter excepcional nos Seminários de Música de Salvador, oportunidade  em que esteve sob os auspícios  de  Hans    Joachim Koellreuter e Ernest Widmer. Aos oito, fez a sua estreia em um recital solo, tocando composições de Bach, Diabelli, Haydn e Villa-Lobos. Aos dez, foi solista do Concerto para piano em Ré Maior de Haydn, acompanhado pela Orquestra Sinfônica da Universidade Federal da Bahia. Aos dezesseis, apresentou-se em São Paulo, com a Orquestra Sinfônica Estadual, regida por Eleazar de Carvalho, no Concerto para piano em La menor de Grieg. Finalmente, aos vinte, às suas próprias custas, foi estudar na Europa, onde ingressou no Conservatório Superior de Música de Genebra nas classes de virtuosidade e regência, ministradas respectivamente por Maria Tipo e Arpad Gerecz. Dos cinco aos dezoitos anos, foi discípulo de Esther Cardoso e Madalena Tagliaferro. Desta última recebeu o elogio que abaixo reproduzimos: “Ricardo Castro é um grande artista e um grande pianista. Só lhe falta envelhecer”.   
Em 1985, conquistou o primeiro lugar do concurso Rahn em Zurique e em 1986 o primeiro lugar no de Pembaur, em Berna. Assim credenciado, recebeu do Conservatório de Genebra, no ano seguinte, o “Premier Prix de Virtuosité avec Distinction et Félicitations du Jury”.
Ainda em 1987, foi vencedor do Concurso Internacional da ARD de Munique e pouco depois completou seus estudos de piano em Paris, como aluno de Dominique Merlet.
Em 1993, conquistou o primeiro lugar no famoso “Leeds International Piano Competion”, na Inglaterra (primeiro vencedor da América Latina, desde sua fundação, em 1963).
Passando a residir na Suíça, foi convidado a dar concertos na BBC Philharmonic de Londres e em várias outras orquestras européias. Nesta oportunidade, colaborou com regentes famosos, tais como Simon Rattle, Yakov Kreizberg, John Neschling, Kazimierz Kord, Gilbert Varga, Alexander Lazarev e Michioshi Inone.
Em 2003, iniciou uma colaboração em duo com a pianista portuguesa Maria João Pires, com a qual realizou vários recitais em Viena, Barcelona, Frankfurt, Madri, Amsterdam e Zurique.
Ricardo Castro já gravou diversos discos com obras de Mozart, De Falla, Liszt e Chopin (este último, em comemoração dos 150 anos de nascimento do grande compositor polonês).
Sua atividade pedagógica e social é intensa:
  • É professor de grupo de jovens pianistas profissionais na Haute École de Musique de Friburgo (Suiça),
  • Apoia o Projeto Axé, em Salvador,.
  • Apoia o programa Conquista Criança, em Vitória da Conquista,
  • É Diretor Geral e Artístico dos Núcleos de Orquestras Juvenis e Infantis do Estado da Bahia (Neojiba).
A discografia de Ricardo Castro, registra:
1990 - Olivier Messiaen - Quatuor pour la fin des temps
1995 – Frédéric Chopin – Nocturnes Vol. 1 Nos. 1-10
1995 – Franz Liszt – Années de Pélerinage – Rigoletto Concert Paraphrase
1998 – Frédéric Chopin – Nocturnes Vol. 2 Nos. 11-21
1998 - Frédéric Chopin – Piano Concertos Nos. 1&2; Vol. 1: Polonaises Op.22, 26 e 53
1999 – Frédéric Chopin – Sonatas – Waltzes – Nocturne
2004 – Franz Schubert – Ricardo Castro e Maria João Pires.
Em 14 de maio de 2013, em cerimônia realizada em Londres, Ricardo Castro recebeu o “Honorary Membership of the Royal Philarmonic Society”. Foi o primeiro brasileiro a receber esta distinção, criada em 1826, quando Carl Maria von Weber a recebeu pela primeira vez. Depois dele, o título foi concedido apenas a 131 personalidades: Mendelssohn (1829), Rossini (1839), Berlioz (1859), Wagner (1860), Brahms (1882), Clara Schumann (1887), Tchaikovsky(1889), Serguei Rachmaninov (1902), Stravinsky (1921), Aaron Copland (1970), Paul Sacher (1991), Evelyn Barbirolli (2001) e outros famosos compositores, maestros, interpretes,  editores e educadores.
Ricardo Castro  tem pouco interesse pela carreira solo, preferindo o duo,  música de câmara, concertos, atividades pedagógicas e sociais e, sobretudo, a educação musical. “A música, diz ele, precisa ser compartilhada não só através de apresentações mas também pelo ensino sistemático”. Por isso, desde 1992, ensina na classe de mestrado da Haute École de Musique de Lausanne, na Suíça.
Ao lado de sua atividade acadêmica, dedica-se a programas sociais para jovens e crianças. A partir de 2007  assumiu o encargo de implantar e dirigir em Salvador um projeto inspirado no “El Sistema” da Venezuela e apoiado pelo seu fundador José Antônio Abreu. A convite do Governo da Bahia, criou o NEOJIBA (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia), programa pioneiro no Brasil. O NEOJIBA  já realizou  apresentações em importantes salas de concerto, tais como o ‘Queen Elizabeth Hall’ de Londres, o “Victoria Hall”  de Genebra, o ‘Konzerhaus’ de Berlim, o “Centro Cultural de Belém” em Lisboa e a “Sala São Paulo” na capital paulista.
“Ricardo Castro, afirma Teixeira Gomes, conseguiu extrair pepitas de ouro, onde antes parecia haver apenas um sáfaro deserto de vocações musicais (no campo, naturalmente, da música clássica na Bahia). Essas “pepitas” são os jovens que, em tão pouco tempo, ele formou e congregou em torno da Orquestra Juvenil da Bahia, fundada em 2007 e hoje uma realidade no panorama musical brasileiro”.
 
 
 
 
 
 


domingo, 18 de maio de 2014

FRANCISCO ELESBÃO PIRES DE CARVALHO E ALBUQUERQUE, PRIMEIRO BARÃO DE JACUÍPE

     
 
TELAS DO PRIMEIRO BARÃO E DA BARONESA DE JAGUARIPE
 
EXISTENTES NO INSTITUTO GEOGRÁFICO E HISTÓRICO DA BAHIA
 
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Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque, primeiro Barão de Jaguaripe, nasceu no Castelo da Casa da Torre, município de Mata de São João, em  1785, sendo seus pais o capitão-mor José Pires de Carvalho e Albuquerque e Ana Maria de São José e Aragão. Desta feliz união nasceram três heróis da Independência: Francisco Elesbão, Joaquim e Antônio Joaquim.
Após receber educação elementar e ter vivido a infância e a adolescência no Castelo da Casa da Torre, Francisco Elesbão casou-se com sua prima, Maria Delfina Pires e Aragão. Um filho, também chamado Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque, falecido em 16 de agosto de 1884, foi o segundo Barão de Jaguaripe
Entre os dias 17 e 20 de fevereiro de 1822, os militares brasileiros aquartelados na Cidade do Salvador se insurgiram contra a nomeação do General Madeira de Melo para o cargo de Governador das Armas. Os revolucionários exigiam que o brasileiro Manuel Pedro Guimarães fosse mantido no cargo de Governador das Armas, posto que  ele ocupava até aquele momento, em caráter interino.
O tenente coronel Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque d´Ávila Pereira e o coronel Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, irmãos de Francisco Elesbão, aderiram ao movimento. A rebelião foi controlada e Madeira de Melo, numa atitude ditatorial, dissolveu a Junta Administrativa da província (da qual Francisco Elesbão era membro integrante). Afastado, Francisco Elesbão, foi eleito presidente da Junta Revolucionária, pelo que assumiu o Governo da Bahia durante esse conturbado período de nossa história.
Investido na chefia do governo, lutou com determinação e coragem ao lado de seus irmãos, demonstrando em todos os episódios da  Independência, muita garra e heroísmo.
Em 1º de dezembro de 1824, D. Pedro I o condecorou com a Medalha da Independência (também chamada Medalha da Restauração da Bahia) e o distinguiu com o título de Barão de Jaguaripe.
Cercado do conforto de seus familiares e do reconhecimento de seus patrícios, Francisco Elesbão faleceu no Castelo da Casa da Torre, no dia 5 de agosto de 1856.
Em sua homenagem existe um edifício e um logradouro no Rio de Janeiro e um Proto Socorro em Roraima.
 
 


sexta-feira, 16 de maio de 2014

JOAQUIM PIRES DE CARVALHO E ALBUQUERQUE D´ÁVILA PEREIRA, BARÃO E VISCONDE DE PIRAJA, CONHECIDO COMO "SANTINHO",




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Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque d´Ávila Pereira nasceu em 1788, no Castelo da Casa da Torre, no município de Mata de São João, sendo seus pais José Pires de  Carvalho e  Albuquerque e Ana Maria de São José e Aragão.
Recebeu uma educação elementar na casa paterna, após o que se dedicou à vida pública e às ações militares em favor da Independência do Brasil.

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Entre os dias 17 e 20 de fevereiro de 1822, os militares brasileiros aquartelados na  Cidade do Salvador se insurgiram contra a nomeação do General Madeira de Melo para o cargo de Governador das Armas. A rebelião se espalhou por diversos quartéis. Os revoltosos exigiam que o brasileiro Manuel Pedro de Freitas Guimarães fosse mantido no cargo de Governador das Armas, posto que ele vinha exercendo interinamente.
O tenente coronel Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque d´Ávila Pereira, conhecido como “Santinho”, com apenas 34 anos de idade, aderiu aos revoltosos. Partiu para o seu Castelo da Casa da Torre com a finalidade de armar seus batalhões e marchar para Itapoã a fim de impedir a entrada do reforço esperado pelas  tropas portuguesas.

A rebelião foi controlada por Madeira de Melo mas os soldados liderados pelos oficiais brasileiros conseguiram escapar do cerco ao Forte São Pedro e se dirigiram para a Casa da Torre a fim de se unirem às tropas arregimentadas por “Santinho”. O objetivo era a retomada de  Salvador.

Joaquim Pires de Carvalho estava disposto a marchar com suas tropas sobre a capital  mas seus irmãos Antônio Joaquim e Francisco Elesbão o impediram. Francisco Elesbão era membro da Junta Provisória de Governo, entidade responsável pelo governo da província.

Com o passar dos dias, a crise se aprofundou, a ponto de tornar-se impossível qualquer tentativa de reconciliação.
Grande parte dos soteropolitanos fugiu para o Recôncavo e muitos portugueses que habitavam o Recôncavo rumaram para Salvador, a guisa de proteção. Entre os brasileiros que saíram de Salvador estavam os irmãos da Casa da Torre.

O irmão Antônio Joaquim foi aclamado comandante militar da Vila de Santo Amaro e o outro, Francisco Elesbão, foi eleito chefe do Conselho Interino de Governo, com sede na vila de Cachoeira. Nesta altura dos acontecimentos, mais precisamente no dia 25 de junho, D. Pedro foi aclamado Príncipe Regente, em Cachoeira.
As tropas arregimentadas na Casa da Torre foram colocadas em Pirajá com o objetivo de fechar a estrada das boiadas. Os dois batalhões ficaram “em uma colina cercada de um lado por matas, onde brejos e alagadiços não faltavam, e, de outro, pela encosta que se projetava sobre as praias de Itacaranha, Periperi e outras”. Fecharam o acesso  para a capital, interromperam as comunicações e estabeleceram o cerco a Salvador, impedindo que o gado bovino entrasse na cidade. Com isto impediram o abastecimento das tropas portuguesas.

Firmada esta estratégia, “Santinho” lançou uma proclamação ao povo de Salvador, dizendo: “Habitantes da Bahia! Os males que tendes sido vítimas não nos são estranhos: os nossos governos não os pode remediar: as provisões de boca estão cortadas, e não sei qual seja a vossa demora nessa malfadada cidade: fugi para o seio de vossos irmãos, que de braços abertos vos esperam: vinde com eles vencer ou morrer pelo nosso adorado príncipe, por el-rei e pelas Cortes, que não autorizaram tiranos para nos flagelarem. Habitantes da Bahia! A demora é prejudicial, confiai em meu patriotismo e crede que no estado da defesa em que me acho não me atemorizam esses vassalos que nos oprimem!”.
Os batalhões de “Santinho” eram formados por milicianos, militares, negros e índios. Dentre estes, destacacou-se o tapuia Bartolomeu que lutou como um herói na batalha de Pirajá.

O capitão Pedro Ribeiro de Araújo, ficou responsável pelas operações em Pirajá, enquanto "Santinho" se posicionou em Irapoã. O território das operações era muito extenso para ser confiado a uma só pessoa: ia da estrada da Feira do Capuame (atual Dias Dávila), Pirajá e Aratú, até Itapoã.  A guerra era a de guerrilha, com ataques pontuais, de surpresa e muito rápidos.

Até a chegada do general Labatut e do seu “exército pacificador” (o que ocorreu em 28 de outubro de 1822), coube a Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque o comando das ações militares dos brasileiros. Labatut o promoveu a coronel do Estado-Maior e ajudante general do seu exército.
Os batalhões da Casa da Torre tiveram atuação decisiva na batalha de Pirajá.

Depois da entrada triunfal das tropas brasileiras, em 2 de julho de 1823, “Santinho” e o Conselho Interino de Governo se ressentiram com os desmandos do general Labatut. Tentando amenizar os ânimos, o Imperador D. Pedro I nomeou Joaquim Pires para o cargo de Governador das Armas do Ceará. Isso não impediu que Labatut mandasse prender “Santinho”, sob acusação de conspirador. A prisão, todavia, não foi executa e Labatut acabou deposto, em 23 de maio de 1823.
A participação de Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, foi decisiva para a vitória das tropas brasileiras. Em 19 de março de 1826, ele foi agraciado com o titulo de Barão de Pirajá e, seis meses depois,  elevado a Visconde.

Cercado da admiração de todos, Joaquim Pires de Carvalho faleceu em seu Castelo da Casa da Torre, “fiel aos princípios de lealdade e patriotismo que o levaram a engajar-se ardentemente nas lutas pela Independência da Bahia e do Brasil”.



quinta-feira, 15 de maio de 2014

ANTÔNIO JOAQUIM PIRES DE CARVALHO E ALBUQUERQUE, BARÃO E VISCONDE COM GRANDEZA DA CASA DA TORRE

 
 
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Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, Barão e Visconde com Grandeza da Casa da Torre de Garcia d´Ávila, nasceu em Salvador no dia 12 de fevereiro de 1785, sendo seus pais o capitão-mor José Pires de Carvalho e Albuquerque e Ana Maria de São José e Aragão.
Em sua atribulada existência foi portador dos seguintes cargos e honrarias: Capitão de Ordenanças de Santo Amaro da Purificação, Capitão-Mór da Vila de Santo Amaro, Oficial Tesoureiro do Regimento de Artilharia da Cidade do Salvador, Coronel do Regimento de Milícias e Marinha da Torre, Membro do Conselho Geral da Capitania da Bahia, Secretário de Estado do Governo do Brasil, Familiar do Santo Ofício, Comendador da Ordem de Cristo, Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro, Cavaleiro da Casa Imperial, Gentil-homem da Câmara, Oficial da Imperial Ordem de Avis, Grande do Império, Coordenador e Comandante do Exército Libertador que lutou pela Independência da Bahia e do Brasil.
Em 1 de dezembro de 1811, foi honrado com  o título de Barão da Torre de Garcia D´Ávila, único título outorgado  no dia da coroação de D. Pedro I e, durante quase dois anos, o único título nobiliárquica existente no Brasil.
O Decreto tem o seguinte texto: "Havendo respeito aos grandes merecimentos e distintas qualidades que concorrem na pessoa do Coronel Comendador Antonio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, Senhor da Torre de Garcia d'Ávila na Província da Bahia; e aos relevantes serviços que tem prestado com a maior honra, patriotismo, decidido entusiasmo em bem do Estado e gloriosa causa da Independência e Constituição do Império; e considerando também ser a Casa tal, por sua antigüidade e nobreza que os que nela sucederem me poderão sempre servir e aos meus Augustos Sucessores tão honradamente como deles espero, e o fizeram os de quem ele descende, cuja memória Me é muito presente; E por folgar outrossim que por todos estes motivos e pela muito boa vontade que tenho de lhe fazer Mercê (sendo por certo de quem ele é) Me saberá sempre merecer, continuando a prestar à Nação iguais serviços; Me praz e Hei por bem de lhe fazer Mercê, como faço, do Título de Barão da Torre de Garcia d'Ávila, elevando por este modo o Título de Senhorio de que de tempos antigos tem gozado a sua Casa e Família. Paço em o primeiro de Dezembro de mil oitocentos e vinte dois, primeiro da Independência e do Império." Imperador D. Pedro I
José Bonifácio de Andrada e Silva
(Arquivo Nacional, Rio de Janeiro / Graças Honoríficas).
Em 12 de janeiro, o Barão  agradeceu ao Imperador, dizendo: “Nada mais me resta, Senhor, que de novo possa oferecer à Vossa Majestade Imperial, porque honra, vida e fazenda há muito dediquei à defesa da Pátria". (Arquivo Nacional, Rio de Janeiro, lata 34). O fato de mencionar o “Coronel Comendador Antônio Joaquim como Senhor da Torre de Garcia d´Àvila”, da qual era ainda herdeiro, suscitou um protesto de sua mãe D. Anna Maria de São José e Aragão, detentora do vinculo (Rui Vieira da Cunha, “Estudo da Nobreza Brasileira”, 1996).
Affonso De Taunay, em sua obra “Grandes Vultos da Independência do Brasil”, comemorativa do Primeiro Centenário da Independência, assim se refere à participação da Casa da Torre nas lutas pela Independência na Bahia: “Feliz casal, o do Secretário de Estado do Governo do Brasil e de D. Anna Maria de São José e Aragão! Três varões ilustres dele provieram: Joaquim, Antônio Joaquim e Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque. Um deles - Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque, depois Barão de Jaguaripe, membro da junta administrava, ditatorialmente dissolvida pelo General Madeira, eleito para a junta revolucionária, aclamado seu presidente, é o chefe do Governo que dirige a Província em todo esse dificílimo período. Outro - o Coronel de Linha Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, Brigadeiro graduado, Barão e depois Visconde de Pirajá, envolve-se nas primeiras conspirações; submetido a Conselho, retira-se para os seus engenhos, levanta os ânimos, arma soldados a sua custa e é quem primeiro se apresenta no campo de luta, de que saiu arruinado. Outro finalmente, o primogênito, que lhe havia de suceder, como sucedeu, nos bens e títulos da Casa - o Coronel Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, Barão e depois Visconde da Torre de Garcia d'Ávila, seguiu para o seu Castelo, onde organizou e de onde comandou a base de operações do exercito libertador, renovando os relevantíssimos serviços que na invasão holandesa prestara seu avô Francisco de Avila ... . "
Em 2 de julho de 1825, o Imperador D. Pedro I criou a Medalha da Independência, também chamada Medalha da Restauração da Bahia e com ela condecorou os três irmãos.
Em 12 de outubro de 1826, o Visconde da Casa da Torre com a filha de seu irmão, o Coronel de Linha Brigadeiro Graduado Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, Visconde de Pirajá, e de sua mulher Maria Luiza Queiroz de Teive e Argolo.
Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque faleceu em Salvador, em 5 de dezembro de 1852, vitimado por uma doença do coração. Com sua morte, já extinto o regime de Morgadio no Brasil desde 1835, não houve sucessão do Morgado, nem de seus anexos, por não mais existirem os vínculos.
 
 
 
 

quarta-feira, 14 de maio de 2014

MANOEL VITORINO PEREIRA

 
MANOEL VITORINO PEREIRA
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Manoel Vitorino Pereira, médico, jornalista, professor universitário, escritor e político, nasceu em Salvador no dia 30 de janeiro de 1853, sendo seus pais o marceneiro português Vitorino José Pereira e Carolina Maria Franco Pereira.
Filho de uma família humilde, teve uma infância muito pobre, mas possuidor de uma inteligência privilegiada, e muito estudioso, realizou os preparatórios e, em 1871, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, onde cumpriu o tirocínio médico. Enquanto estudante, foi professor particular para os colegas dos cursos médico e de farmácia, e tornou-se preparador interino de bioquímica. Colou o grau de doutor em medicina em 1876, filiou-se ao Partido Liberal e tornou-se lente substituto da Faculdade de Medicina.
Em seguida, viajou para a Europa, onde realizou estágios e cursos de aperfeiçoamento nos hospitais de Paris, Viena, Berlim e Londres.
Em 1885, submeteu-se a concurso para professor catedrático da 2ª cadeira de Clínica Cirúrgica, sendo aprovado com brilhantismo.
Pouco depois, foi eleito secretário do diretório do Partido Liberal e designado chefe de redação do “Diário da Bahia”. Nesta oportunidade defendeu a abolição da escravatura, a monarquia federativa e a extinção da vitaliciedade do senado.
Indicado para o cargo de governador da Bahia, declinou em favor de Virgílio Clímaco Damásio, alegando não ser republicano histórico e não querer tomar posse em um quartel. Indicou para o cargo seu amigo Virgílio Clímaco Damásio que governou  por apenas cinco dias, tempo suficiente para que Manoel Vitorino, cedendo aos argumentos de Ruy Barbosa, reconsiderasse sua decisão. Demovido do propósito inicial, tomou posse no dia 23 de novembro de 1889,  na Câmara Municipal e escolheu Virgílio Damásio como seu Vice. Imbuído da responsabilidade de professor, fez um governo voltado para a educação: promoveu medidas expansionistas e inovadoras, executou o censo escolar, criou um fundo para financiamento da educação, deu ênfase ao ensino da higiene e incrementou a construção de prédios escolares. No campo político, dissolveu os partidos remanescentes do Império (O Conservador e o Liberal), fez um rearranjo político-partidário, passou a Bahia de província unitária a estado federativo, criou a Milícia Civil (sob o comando do governador) e promoveu outras medidas de impacto. A magnitude destes projetos causou forte reação e ele, premido pelas consequências, foi afastado do cargo seis meses depois. Em 26 de abril de 1890,  renunciou em favor do irmão mais velho do Marechal Deodoro, Hermes da Fonseca que, de imediato desfez as reformas empreendidas pelo antecessor.
Em 1895, foi eleito senador pela Bahia. Na condição de Presidente do Senado, tornou-se vice de Prudente de Morais. Como vice-presidente, assumiu a presidência do Brasil durante quatro meses, em virtude do afastamento do titular que passou por uma cirurgia para extrair cálculos biliares, intervenção cirúrgica, na época considerada complexa e de lenta recuperação. No exercício da presidência assumiu uma orientação política diversa da seguida pelo titular, nomeou novos ministros e transferiu a presidência do Palácio do Itamaratí para o Palácio do Catete. Em conseqüência destas medidas, e de outras, Prudente de Morais reassumiu o governo.
Em 1998, ao concluir o mandato do Presidente,  Manoel Vitorino recolheu-se à vida privada, morrendo quatro anos depois, em 1902, com 49 anos de idade.