terça-feira, 29 de abril de 2014

ANTÔNIO CELESTINO DA SILVA

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CENTRO HISTÓRICO DE GUIMARÃES- PORTUGAL

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Antônio  Celestino da Silva é um baiano nascido na Vila da Póvoa de Lenhoso, em Portugal, no dia 23 de maio de 1917, sendo seus pais Júlio Celestino da Silva e Virgínia das Dores Simões Veloso de Almeida.
Em 1918, com a morte do seu progenitor, foi levado para a Casa do Ribeiro de São João de Rei, pertencente à família materna. Ali viveu os primeiros anos de sua infância, sob o olhar atento da  mãe, das tias e do avô João José Simões Veloso de Almeida.

Em 1923,  ingressou na escola primária da vizinha freguesia de Monsul, depois de ter aprendido as primeiras letras com sua progenitora. Em 1927, passou a estudar em Guimarães, onde freqüentou o Liceu Martins Sarmento, transferindo-se depois para  o Liceu Sá de Miranda, em Braga.

Em 1939, veio  para o Brasil, onde se fixou no Rio de Janeiro e começou a trabalhar no Banco “Irmãos Guimrães”. Após alguns anos, tendo galgado várias posições,  foi transferido para  Salvador, como  diretor da filial baiana.
Na Bahia, se casou com Cândida Rosa Leal.
De Salvador foi transferido para a capital pernambucana a fim de dirigir a sucursal de Recife. Depois, retornou para sede do banco, no Rio de Janeiro.
Em Salvador, Antônio Celestino se integrou à vida social e intelectual da cidade, fazendo-se amigo fraternal de Jorge Amado, Zélia Gattai, Vinícius de Morais, Carybé, Dorival Caymmi, Floriano Teixeira, Jorge Calmon, Mário Cravo, Raimundo de Oliveira, Carlos Bastos, José Calazans, Fernando Sabino, Calazans  Neto, Pierre Verger, João  Ubaldo Ribeiro, Agostinho da Silva e outras personagens de igual destaque.
Colaborou com a imprensa local, notadamente com os jornais “Tribuna da Bahia” e “A Tarde”, nos quais publicou, com regularidade, apreciadas  crônicas de arte. Tornou-se professor da Universidade Federal da Bahia. Presidente do Museu de Arte Moderna, do Hospital Português, do Instituto dos Cegos, do Gabinete Português de Leitura, conselheiro do Instituto Brasileiro de Oftalmologia e Prevenção da Cegueira, mesário da Ordem Terceira de São Francisco e curador da Fundação Casa de Jorge Amado.
Graças as suas ligações com instituições culturais, trouxe para a Bahia grandes intelectuais portugueses:  Vitorino Nemésio, Gaspar Simões, Jorge de Sena, Fernando Namora, David Mourão Ferreira, Santos Simões, Alçada Batista e outros.
De seu círculo de relações fizeram parte inúmeros intelectuais, pintores e músicos como Gabriel García Márquez, Mário Vargas Llosa, Fernando Assis Pacheco, Júlio Pomar, José Hermano Saraiva,  Cargaleiro, Dário Castro Alves, José Franco,  Vivaldo Costa Lima, Reynaldo dos Santos, Neves e Sousa e Frederico de Freitas.

A Ele devemos a introdução do financiamento bancário para a  aquisição de obras de arte.
Em 1985, Antônio Celestino regressou para Portugal onde, na Casa do Ribeiro, passou a residir.
Durante as férias, voltou várias vezes à Bahia, onde se casou, em segunda núpcias, com a professora Maria da Conceição Oliveira.
Este ilustre baiano é personagem de várias romances de Jorge Amado.
Membro da Academia de Letras da Bahia, publicou vários livros, dos quais destacamos “Poemas de Cera Perdida” e “Às vezes fico pensando se isto será poesia”.
Era portador de diversas homenagens e condecoração, dentre as quais destacamos as de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique; Grande Oficial da Ordem de Benemerência; Cidadão Honorário da Cidade do Salvador; e a de Conselheiro da União das Comunidades Portuguesas.

Faleceu, aos 95 anos de idade, no dia 21 de Abril de 2013
 

domingo, 27 de abril de 2014

ARISTIDES AUGUSTO MILTON


 
 
Aristides Augusto Milton (não confundir com Aristides Milton da Silveira). Jurista, historiador, jornalista e político  baiano, nasceu em 29 de maio de 1848, na cidade de Cachoeira, sendo seus pais Tito Augusto Milton e Leopoldina Clementina Milton.
Seus primeiros estudos foram em sua terra natal, sendo os subsequentes no Ginásio Baiano, onde foi condiscípulo de  Castro Alves e Rui Barbosa. Concluídos o preparatórios, foi para Recife, ingressou na Faculdade de Direito e, em 1869,  concluiu o curso de Ciências Jurídicas e Sociais.
Formado, regressou à Bahia. Foi Juiz Municipal e de Órfãos em Santa Isabel do Paraguaçu (hoje Mucugê). Depois, foi Juiz substituto da capial (por dois anos), Juiz de Direito de Maracás e  D. Pedro II (Piaui).
Como jornalista, militou na imprensa de Salvador (onde foi redator do “Correio da Bahia”) e, em sua cidade natal, (onde fundadou o “Jornal da Cachoeira”).
Como político, teve uma carreira brilhante. Filiado ao Partido Conservador, foi eleito deputado provincial e, depois, deputado geral. Proclamada a República, foi eleito deputado à Constituinte, sendo reeleito deputado geral em quatro legislaturas consecutivas. Em 1881, assumiu a presidência da província de Alagoas e, em seguida, foi chefe de polícia, em Sergipe.
Desempenhou relevante papel na comissão encarregada do projeto do Código Penal Brasileiro. Sua vasta cultura jurídica elevou-o a um papel de destaque como um dos principais redatores da primeira Constituiççao republicana.
Como escritor, dedicou-se aos estudos históricos. Seus principais trabalhos são "A Campanha de Canudos, “A República", "Federação no Brasil", "Análise da  Constituição do Brasil" e "Efemérides Cachoeiranas".
O livro “A Campanha de Canudos” (lançado antes de “Os Sertões”, de Euclides da Cunha), é o resultado  de exaustivas pesquisas realizadas a pedido do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.  Data de 1897 e  é considerado “um relato minucioso, direto e objetivo da guerra no sertão baiano”
A obra “Análise da Constituição do Brasil”, é considerada o melhor trabalho sobre a primeira constituição da República.
Em “Efemérides Cachoeiranas” Aristides Milton retrata, com honestidade  e acendrado amor filial,  os principais acontecimentos históricos da cidade, desde a chegada de colonos portugueses ao aldeamento indígena que existia no Rio Paraguaçu e que deu origem à Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira.
Como cidadão cachoeirano probo e idealizador, fundou o “Monte Pio dos Artistas Cachoeiranos”, entidade que congregava os artesões da cidade. Foi abolicionista, pugnou pelos direitos previdenciários muito antes da promulgação da ligislação específica  e foi um ardoroso cultor da história e do engrandecimento de sua cidade.   
Foi membro efetivo do Instituto Histórico e geográfico Brasileiro e da Santa Casa de Misericórida de Cachoeira, da qual foi provedor: em sua  gestão, saneou as finanças da entidade e obteve, com seu prestígio, significativo subsídio, com o quail ampliou os mecanismos de assistência social da região.
Assim, amado e admirado por todos, faleceu no dia 26 de janeiro de 1904, aos 56 anos de idade.
Em sua homenagem os cachoeiranos deram o nome de Praça Dr. Milton a um dos principais logradouros da cidade.
 


 
 

segunda-feira, 21 de abril de 2014

FRANCISCO GÊ ACAYABA DE MONTEZUMA, VISCONDE DE JEQUITINHONHA

 
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Francisco Gê Acayaba de Montezuma, nascido Francisco Gomes Brandão, advogado, jurista e político baiano, nasceu em Salvador no dia 23 de março de 1794, sendo seus pais Manuel Gomes Brandão (comerciante português) e Narcisa Teresa de Jesus Barreto (brasileira).
Concluída a aprendizagem das primeiras letras, ingressou no seminário franciscano, em 1808, pois era desejo de seu pai fazê-lo padre. Em 1816, contrariando a vontade paterna, seguiu para Portugal, onde se matriculou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, pela qual foi diplomado em 1821.
Diplomado, regressou para a Bahia, onde se revelou grande defensor da Independência do Brasil. Com este propósito fundou o jornal “O Constitucional”, porta-voz da aspiração brasileira.  Instalado o Governo Provisório na vila de Cachoeira,  a ele deu todo o apoio, ocasião em que revelou sua qualidade de aguerrido tribuno . Proclamada a Independência, abandonou seu nome de batismo, passando a chamar-se Francisco Gê Acayaba de Montezuma (Gê, atualmente grafado com J, é uma homenagem aos índios brasileiros do tronco linguístico não-tupi-guarani; Acayaba, hoje grafado com i, é uma palavra de origem tupi; Montezuma é uma homenagem ao imperador asteca).
Em reconhecimento à sua participação nas lutas pela Independêcia, foi agraciado por D. Pedro com o títuilo de Barão de Cachoeira, título que recusou, aceitando o de comendador da Imperial Ordem do Cruzeiro.
Em 1823, ingressou na política, elegendo-se deputado junto a corte, motivo pelo qual mudou-se para o Rio de Janeiro. Alí deu vasão ao  seu gênio aguerrido, fazendo ferrenha oposição ao Ministro da Guerra. Preso, exilou-se na França – onde permanecu oito anos.
Regressando ao Brasil, foi eleito para a Assembléia Geral Constituinte de 1831, onde se destacou pelo seu reconhecido talento. Foi o primeiro deputado da história do Brasil a lutar contra o tráfego negreiro, revelando-se, portanto um pioneiro do movimento abolicionista.
Em 1837, foi nomeado Ministro da Justiça e dos Estrangeiros, e eleito, mais uma vez, deputado pela Bahia. Foi, ainda plenipotenciário do Brasil junto ao Império Britânico.
Em 1851, elegeu-se Senador.
Montezuma foi o primeiro Presidente do Instituto dos Advogados do Brasil e em 1850 lutou, sem sucesso, pela criação da Ordem dos Advogados do Brasil. Foi um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil e autor de obras sobre economia, história, política e ciências jurídicas e sociais. Além destas atividades, desempenhou papel de destaque na história da Maçonaria no Brasil, sendo, inclusive 1º Soberano Grande Comendador brasileiro.
Em 1854 foi elevado ao título de Visconde de Jequitinhonha, com Grandeza (Grande do Império). Além de comendador da Imperial Ordem do Cruzeiro, Montezuma foi comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e potador da Medalha da Guerra da Independência.
Sobre o Visconde de Jequitinhonha, disse o memorista Américo Jacobina Lacombe: “misto de estadista e politiqueiro; de jurista e de chicanista; de cabotino e de homem de honra; de mestiço e de fidalgo; combatendo a aristocracia e pleiteando para seus filhos um lugar na nobreza; contradição viva, enfim, que deixou em seus contemporâneos uma impressão de versatilidade, de ceticismo, e de sarcasmo, curiosamente contrabalançados por uma vaidade surpreendente.”
São palavras de Antônio Loureiro de Souza: “A ação de Montezuma, na política e no parlamento, foi das mais grandiosas. Quando ainda era deveras perigosa a manifestação das idéias abolicionistas, teve a coragem de, no parlamento, clamar pela libertação dos escravos. Venera-lhe a pátria o  nome insígne, como o de um de seus filhos que mais a diginificaram.”
Montezuma faleceu em 15 de fevereiro de 1870, com 75 anos de idade.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

ZUZA FERREIRA

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José Ferreira Júnior, mais conhecido como Zuza Ferreira, nasceu em Salvador no último quartel do século XIX, sendo seu pai José Ferreira, tesoureiro do British Bank, em Salvador. 
A família Ferreira morava no Rio Vermelho, pertencia a classe média alta e havia passado algum tempo em Londres.
Zuza, garoto endiabrado, cometia tanta peraltice que deixava seus pais preocupados. Raro era a semana  em que não havia alguma queixa do menino. Depois de várias tentativas, ficou decido que o jovem seria enviado para a Europa, em busca de uma educação aprimorada.
Em Londres, Zuza foi matriculado em um colégio apropriado.
Passados quatro ou cinco anos, José Ferreira foi buscar o filho e no dia  25 de outubro de 1901, retornaram a Salvador, a bordo do navio Clyde, da Mala Real Inglesa.
O que José Ferreira não imaginava era que  Zuza iria fazer mais uma de sua diabruras: ele trouxe da Inglaterra, bem escondida no fundo da mala, uma bola de couro.
No primeiro domingo após a chegada, reuniu os  companheiros de infância e com eles foi para o campo da Pólvora. Alí, Zuza e o seu grupo formaram um “time”. Deu as instruções necessárias, apanhou duas pedras, colocando-as a uma distância uma da outra, 10 metros, mais ou menos. Mostrou aos amigos a bola de couro, explicou que a brincadeira se chamava football, sucesso incontestável em toda a Europa. Designou um goleiro, voltou para o meio do campo, dividiu a rapaziada em dois grupos antagônicos, escolheu dois zagueiros e cinco atacantes. Em seguida deu um chute na bola e iniciou o jogo. Foi um verdadeiro sucesso: estava introduzido o futebol na Bahia !
O número de adeptos do ”futebol” cresceu enormemente. Todos os domingos, dias santos e feriados, os jovens de Salvador jogavam bola  no Campo da Pólvora, na Quinta da Barra, na Fonte do Boi, no Papagaio, no Rio Vermelho e no Barbalho. As partidas se sucederam, até no meio das  ruas menos movimentadas.
E assim, em pouco tempo, o “futebol” se tornou uma paixão dos baianos.
                                                             *
 Dois anos depois, em 30 de agosto de 1903, achando-se atracado no porto da Bahia um navio americano, chegou ao conhecimento da rapaziada que no navio havia um time de  futebol. Foi feito o convite para uma partida e, tendo sido aceito o convite, foi realizado uma partida no Campo da Pólvora entre os oficiais americanos e um combinado anglo-brasileiro. O resultado foi de 2 a 0 para o combinado, que jogou com a seguinte formação:  Orr, Arthur Morais e F. Morell, Alberto Catarino, Mac Nair e Rob Mc Nair, Euclides Almeida, Juvenal Tarquinio, Tourlison, Álvaro Tarquinio e Arnaldo Moreira. Os gols foram de Arthur Morais e Álvaro Tarquinio. O combinado jogou com calções pretos e camisas brancas e os americanos com calças brancas e camisas brancas.          
                                                              *
Vencido o primeiro jogo internacional, os rapazes do comércio organizaram o primeiro  clube de futebol da Bahia, o Sport Club Bahiano, fundado em 7 de setembro de 1903. Seus sócios realizavam todos os domingos partidas de futebol entre os times Branco e Verde, sempre com uma banda de música para alegrar os presentes.
O novo esporte se espalhou pela capital baiana, onde surgiram vários clubes:  Baiano de Tênis,  Internacional de Cricket,  São Salvador,  Esporte Clube Vitória,  Santos Dumont,  Ypiranga,  Associação Atlética,  Sport Cloub Bahia  e  Botafogo Futebol Clube.
O Internacional de Cricket, time da colônia inglesa, foi o primeiro a conquistar o campeonato baiano, jogando com apenas dois desafiantes: o Vitória, o Baiano de Tênis.              
                                                       *
Zuza trabalhou no Bak of London, agência do Campo Grande, onde seu pai era o  tesoureiro.
O curioso é que, apesar de ser o introdutor do futebol na Bahia, ele não praticava este esporte, nem foi escalado para atuar em uma só partida.....
 
 
 
 
 
 
 
 




terça-feira, 15 de abril de 2014

MINELVINO FRANCISCO SILVA


MINELVINO FRANCISCO SILVA


Minelvino Francisco Silva, poeta popular, cordelista, fotógrafo, tipógrafo e xilógrafo, nasceu na Fazenda Olhos D´Água, no povoado de Palmeiral, município de Mundo Novo, no dia 29 de novembro de 1926.

Viveu a infância em Jacobina, onde trabalhou como garimpeiro.  Mudou-se, depois, para Itabuna, onde teve seu primeiro contato com a literatura de cordel.

Versejou  aos vinte e dois anos de idade. Sua primeira sextilha, segundo a professora Edilene Matos, foi improvisada durante o I Congresso Nacional de Trovadores e Violeiros. Dedicada a João Martins de Ataíde, a sextilha dizia o seguinte: “Até eu cheguei na hora / Como humilde trovador / Abracei ele, dizendo: / Parabéns meu Professor / Por todas as suas obras /de grandioso valor”.
Montou uma gráfica em sua residência e imprimiu seus  livretos e xilogravuras, vendendo o produto de seu trabalho na feira livre e nas praças da cidade. Não fazia segredo disso, e dizia: “Eu mesmo escrevo a estória / eu mesmo faço o clichê / eu mesmo faço a impressão / Eu mesmo vou vender / e canto na prça pública / para todo mundo ver”.
Depois, comprou para uma impressora elétrica. Em 1979,  sofreu um acidente. Perdeu três dedos mas continuou no ofício, dizendo: “No dia dez de outubro / Compus uma oração / Botei na máquina impressora / Para fazer a impressão / Em vez de imprimir o papel / Errei e imprimi a mão”.
Imprimiu também em tipografias e editoras de terceiros, como a Tipografia São Francisco, em Juazeiro do Norte (Ceará), a Luzeiro e a Prelúdio, em São Paulo.
Poeta popular e xilógrafo talentoso, tanto no versejar quanto no fazer xilogravuras, compôs, sobretudo, sextilhas e setilhas. “Viveu intensamente o universo do cordel, passando por todas as modalidades e deixando a marca da qualidade e do rigor em tudo o que escreveu”.  

Seu primeiro folheto data de 1949,- “A enchente de Miguel Calmon Calmon e o desastre do trem de Água Baixa”. Depois, foram dezenas, centenas. No total, cerca de mil.

Ardoroso defensor  da poesia popular, lutou para que os vereadores de Itabuna apresentassem  proposta dando a denominação de Rua dos Trovadores a uma dos logradouros de Itabuna. Outra batalha que empreendeu foi a da aposentadoria para os trovadores.
Muito religioso, grande devoto de Bom Jesus da Lapa, adotou para si mesmo a alcunha  de “O Trovador Apóstolo”.
Sua produção, por demais fecunda, chegou a cerca de um milheiro de folhetos, ilustrados com belas xilogravuras. Dentre os títulos mais famosos destacam-se:  “João acaba mundo e a serpente encantada”, “O gigante quebra osso”, “Maninha e a machadinha”, “O Filho de João acaba mundo”, “ABC dos tubarões”, “Debate de Lampião com São Miguel”, “O Cangaceiro do Nordeste”, “História do touro que engoliu o fazendeiro” , “A mulher de sete metros que apareceu em Itabuna”, dentre  outros.
Em 1980, recebeu o Prêmio Literatura de Cordel, promovido pelo Núcleo de Pesquisa e Cultura da Literatura de Cordel, durante as comemorações do centenário de João Martins de Ataíde, quando concorreu com o folheto “Vida, profissão e morte de João Martins de Ataíde”.
Conseguiu o reconhecimento nacional. Ficou famoso. Fez uma exposição no Museu do Folclore,  no Rio de Janeiro, e teve o seu nome incluido na “Antologia Baiana de Literatura de Cordel”, organizada pela Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia.
Faleceu em 1999, no dia de seu aniversário, na mesma casa onde viveu em Itabuna, deixando grande número de amigos e admiradores.
Minelvino  escreveu e publicou sua auto-biografia,  começando  assim:
“Primeiro peço a Jesus / E a Maria Concebida / Pra me darem inspiração / Nesta jornada comprida / Pra escrever aos leitores / Os traços da minha vida
Olhos D´Água de Bel[em / Bem perto do Palmeiral / Vinte e nove de novembro / Por ordem celestial / Do ano de 24 (1924) / Eu vim ao mundo afinal
Município Mundo Novo / Em nosso estado baiano / Os meus pais do mesmo estado / Cada qual com o mesmo plano / Sábios por acreditar / Em nosso Pai Soberano
Mudamos pras Alagoas, Bahia / E de lá pra Jacobina / Trabalhei bastante em ouro / E na lavra diamantina, / Criei=me naquelas terras / Vendo a verdosa campina
Escola enquanto criança / Não é bom nem se falar / Porque meu pai era pobre / Não podia me educar, / Nem sequer uma cartilha / Ele podia comprar
 
 
 
 









domingo, 13 de abril de 2014

BAUTISTA VIDAL


BAUTISTA VIDAL
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José Walter Bautista Vidal, conhecido simplesmente como Bautista Vidal, engenheiro civil, físico e professor, nasceu em Salvador, no dia 12 de dezembro de 1934, sendo seus pais José Bautista Alconero e Lourdes Vidal Rodriguez.

Concluídos os preparatórios, ingressou na Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, pela qual foi diplomado em Engenharia Civil. Fez pós-graudação nas Universidades de Santiago de Compostela (Espanha) e Stangord (Estados Unidos),  pelas quais se tornou, respectivamente, “bauchiller” e pós-doutor, em Física.

Seu currículo é por demais extenso:

  • Professor assistente do Centro de Pesquisas Físicas (1959-1960).
  • Professor das Universidades Federal da Bahia (UFBa), Nacional       de  Brasília (UNB) e Estadual de Campinas (UNICAMP).
  • Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia da Bahia (1969-1972)
  • Secretário de Tecnologia Industrial do Ministério da Indústria e do Comércio, por 3 vezes (1974-78 e 1985-87)
  • Secretário de Articulação Municipal do Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (1988)
  • Membro titular dos Conselhos Nacionais de Desenvolvimento Industrial (CDI), de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Atividades Espaciais (COBAE); Recursos Marinhos (CIRM); Comunicações (CNC); Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO); Fundo Nacional de Tecnologia;  Fundação de Tecnologia Indutrial (FTI); Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Bahia (CEPED); Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Minas Gerais; Fundação para o Desenvolvimento da Ciência na Bahia; Núcleo Tecnológico do Estado do Ceará (CETEC).
  • Presidente da Coordenação do Aperfeiçoamento de Pessoal de Nivel Superior (CAPES).
  • Membro do Conselho de Administração de várias empresas (ACESITA, TELERGIPE, CODETEC, etc).

Em sua folha de serviços, consta:

  • Fundador de cerca de trinta Instiuiçoes de Pesquisa e Desenvolvimento (universitárias, científicas, tecnológicas e industriais).
  • Criador do Curso de Especialização em Geofísica da Universidade Federal da Bahia.
  • Professor de Administração Estratégica no Mestrado da Universidade Nacional de Brasília.
  • Consultor das Nações Unidas (UNESCO  e UNIDO), Organização dos Estados Americanos (OEA), Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
  • Consultor de diversos Governos Estaduais.
  • Relator Geral da Conferência das Nações Unidas para Ministros da Ciência e Tecnologia da América Latina (Caracas, 1975).
  • Negociador de Acordos de Tecnologia Industrial do Brasil com vários países: Japão, República Federal da Alemanha, Franca, etc.
  • Conferencista da Escola Superior de Guerra (ESG), Escola de Guerra Naval, Escola de Estado Maior do Exército, Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, e em centenas de congresos nacionais e internacionais.
  • Coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos da Universidade de Brasília.
  • Assessor do Congresso Nacional.
  • Perito da Escola Superior de Guerra.
  • Organizador e coordenador de  centenas de conferências e seminários  sobre desenvolvimento econômico e social.
  • Fundador dos Seminários “Nação Brasileira” e “Questão Nacional e o Mundo”.
  • Autor de centenas de trabalhos publicados em periódicos nacionais e estrangeiros, nas áreas de ciência, tecnologia, planejamento, política econômica, desenvolvimento industrial, meio ambiente, educação superior e energia.
  • Presidente fundador do “Instituto do Sol”


Destaque especial merece o de Bautista Vidal ser o principal responsável pelo planejamento e implantação do Programa Nacional do Alccol (PROÁLCOOL). Juntamente com Urbano Ernesto Stumpt (1916-1998), foi o idealizador do motor a álcool.

De sua avultada bibliografia destacamos os seguintes livros:

  • “Energia da Biomassa: Alavanca de uma Nova Política Industrial” (1986).
  • “De Estado Servil a Nação Soberana” (1987)
  • “Soberania e Dignidade, Raízes da Sobrevivência” (1991)
  • “Desafio Amazônico” (1992)
  • “O Esfacelamento da Nação” (1994).
  • “Reconquista do Brasil” (1996).
  • “Poder dos Trópicos” (1998).
  • “Nação do Sol” (1999)
  • “Amazônia, Império das Águas” (2000)
  • “Brasil, Civilização Suicida” (2000)
  • “Petrobrás, um Clarão da História” (2001)
  • “Dialética dos Trópicos” (2002).

Dentre os prêmios e comendas recebidas, destamos:

  • “Matrícula de Honror” (Espanha, 1948)
  • “Joaquim Wandeley Pinho” (Bahia, 1958)
  • “Mérito Universitário” (Rio Grande do Sul, 1968)
  • “Ordem de Rio Branco” (Brasil, 1974)
  • “Orden di Mérito" (Brasil, 1975)
  • “Ordem do Mérito” (Alemanha, 1977)
  • “Prêmio Casa Grande e Senzala” (Pernambuco, 1987)
  • “Prêmio José Marti” (Cuba, 1994)
  • “Personalidade da Tecnologia”  (São Paulo, 1994)
  • “Ordem do Mérito Cívico” (Brasil, 2001).

Bautista Vidal faleceu aos 78 anos de idade, em um hospital de Brasília (onde residia desde 1873), no dia 3 de junho de 2013. Seu corpo foi cremado em uma cerimônia íntima com a presença de familiares.

A leitura das obras de Bautista Vidal é obrigatória para quem quer entender mais sobre a economia brasileira. Ele acreditava que o Brasil tem potencial para ser a principal economia do mundo. “O Brasil, dizia ele, é o futuro da humanidade” (sempre repetia esta frase em suas entrevistas e depoimentos ...).

sábado, 12 de abril de 2014

HERBERTO SALES


HERBERTO  SALES
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Herberto de Azevedo Sales, mais conhecido como Herberto Sales, jornalista, contista, romancista e memorialista, nasceu em Andaraí, no dia 21 de setembro de 1917, sendo seus pais Heráclito Souza Sales e Aurora de Azevedo.

Fez  o curso primário em Andaraí, na Chapada Diamantina. Depois, foi para Salvador, onde se matriculou no Colégio Antônio Vieira. O professor Agenor Almeida descobriu sua vocação literária, chamando para isso a atenção do padre Cabral que se mostrou interessado no futuro do jovem estudante. Herberto não se interessou pelos estudos e, qundo cursava o quinto ano ginsial, abandonou o Colégio, voltando para Andaraí. Na sua cidade natal dedicou-se ao garimpo, ao comércio de madeiras e às atividades agropecuárias. Aos 21 anos, tornou-se titular do cartório de registro de imóveis e publicou algumas crônicas na revista “Vamos Ler”.

Em 1943, escreveu  seu primeiro livro, o romance “Cascalho”, considerado um clássico do regionalismo brasileiro. O sucesso da estreia colocou Herberto Sales no cenário intelectual. "Publicado em 1944, quando Herberto Sales tinha 27 anos, "Cascalho" é o imenso romance que logo se colocou ao lado das grandes obras do nosso ciclo nordestino" afirmou Carlos Heitor Cony (que o sucedeu na Academia Brasileira de Letras).

Em 1945, escreveu o segundo romance, “Além dos marimbus”, também ambientado em Andaraí, mas resolveu destruir os originais, para reescrevê-los em 1947 e publicá-los em 1961.

Em 1948, fixou residência no Rio de Janeiro, onde colaborou com vários órgãos da imprensa, inclusive “O Cruzeiro”, revista de grande circulação. Desta revista foi, também, assistente de Redação e jornalista de renome nacional.

Em 6 de abril de 1971, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, onde sucedeu Aníbal Freire da Fonseca, e foi o quarto ocupante da Cadeira número 3.

Em 1974, mudou-se para Brasília, onde dirigiu, durante dez anos, o Instituto Nacional do Livro e foi assessor da Presidência da República durante o governo de José Sarney.

Em 1986, foi á Paris, como adido cultural da Embaixado do Brasil, assim permanecendo durante quatro anos.

Regressando ao Brasil, isolou-se na pequena cidade de São Pedro da Aldeia, onde viveu um verdadeiro exílio voluntário, o que mereceu  de Josué Monteiro, o epíteto de “O Solitário de São Pedro da Aldeia”.

A extensa bibliografia de Herbert Sales pode ser assim resumida:

Cascalho, romance (1944)
A Eterna infancia, antología (1948)
Baixo Relêvo, crónica (1954)
Além dos Marimbus, romance (1961)
Dados Biográficos do Finado Marcelino, romance (1965)
Histórias Ordinárias, contos (1966)
O Sobradinho dos Pardais, infanto-juvenil (1969)
O Lobisomem e outros contos folclóricos, contos (1970)
Uma Telha de Menos, contos (1970)
O Japão: experiências e observações de uma viagem, notas de viagem (1971)
A Feiticeira da Salina, infanto-juvenil (1974)
A Vaquinha Sabida, infanto-juvenil (1974)
O Homenzinho dos Patos, infanto-juvenil (1975)
O Fruto do Vosso Ventre, romance (1976)
Armado Cavaleiro o Audaz Motoqueiro, contos (1980)
Einstein, o Minigênio, romance (1983)
Os Pareceres do Tempo, romance (1984)
O Menino Perdido, infanto-juvenil (1984)
A Volta dos Pardais do Sobradinho, infanto-juvenil (1985)
A Porta de Chifre, romance (1986)
Subsidiário, memórias (1988)
Na Relva da tua Lembrança, memórias (1988)
Andanças por umas Lembranças (Subsidiário 2), memórias (1990)
O Urso Caçador, infanto-juvenil (1991)
Eu de mim com cada um de mim (Subsidiário 3), memórias (1992)
Rio dos Morcegos, romance (1993)
As Boas Más Companhias, romance (1995)
Rebanho do Ódio, romance (1995)
A Prostituta, romance (1996)

Herbert Sales recebeu vários prêmios, dentre os quais destacamos o “Christiana Malburg” e o diploma de mérito da “International Board on Books for Young"
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O grande escritor e jornalista faleceu no Rio de Janeiro. no dia 13 de agosto de 1990, aos 81 anos de idade. O corpo foi velado na Academia Brasileira de |Letras e sepultado no Cemitério João Batista, no Mausoléu da Academia.