sábado, 22 de março de 2014

JOANA ANGÉLICA


SOROR JOANA ANGÉLICA


Joana Angélica de Jesus, religiosa concepcionista, mártir da Independência, nasceu em Salvador no dia 12 de dezembro de 1761, sendo seus pais José Tavares de Almeida e Catarina Maria da Silva.

Tendo concluído os estudos iniciais, satisfez sua aspiração religiosa, ingressando, em 21 de abril de 1782, para o noviciado no Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa, na capital baiana. Alí fez uma brilhante carreira claustral: em 1797, foi escrivã da irmandade; de 1812 a 1814, foi mestra de noviças, conselheira e vigária; em 1815, foi abadessa e em 1819, prelada.

“A sua vida, toda ela dedicada a Deus e à glória maior do seu mosteiro, disse Antônio Loureiro de Souza, foi um exemplo edificante para as suas companheiras”.

A Irmã Joana Angélica de Jesus ocupava a direção do Convento, em fevereiro de 1822, quando eclodiu na cidade imensa agitação contra as tropas portuguesas comandadas pelo brigadeiro Inácio Luis Madeira de Melo, chegadas a Salvador em 9 de janeiro.

O movimento de resistência à ocupação portuguesa havia começado no ano anterior. A posse de Madeira de Melo foi obstada, no dia 18 de fevereiro, mas a superioridade numérica de seus comandados impingiu a derrota momentânia dos brasileiros.

A luta começou com um ataque ao forte de São Pedro e aos quarteis da Palma e da Mouraria, onde se encontravam os oficiais e soldados brasileiros. Na investida ao quartel da Mouraria, os portugueses, alegando perseguirem “revoltosos”, invadiram várias residências e assaltaram ruas inteiras. Não satisfeitos, tentaram invadir o Convento da Lapa, sob a alegação de que no convento se encontravam sediciosos e armas escondidas.

A clausura era defendida por um portão de ferro. Forçaram-no, aos gritos e ameças.  A abadessa, temendo o pior, ordenou que as monjas fugissem pelas portas do fundo. Quando a soldadesca pôs abaixo o portão, Joana Angélica surgiu na segunda porta e abriu os braços. Postou-se diante dos soldados e marinheiros, obstaculando a invasão. Assim posicionada, fincou os pés no chão e  exclamou:

--“Para trás, bandidos. Respeitem a Casa de Deus. Recuai, só penetrareis nesta Casa passando por sobre o meu cadáver !”

A soldadesca avançou e, com uma violência incontida, assassinou a abadessa. A golpes de baioneta penetraram no convento, onde encontraram apenas o velho capelão, Padre Daniel da Silva Lisboa a quem espancaram a golpes de coronhadas, matando-o.

A abadessa faleceu no dia 20 de fevereiro de 1822. Foi uma mártir da Independência do Brasil. Em sua homenagem, a avenida ao lado do Convento da Lapa foi batizada com o seu nome.


  

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