sábado, 8 de março de 2014

171- WILSON ROCHA




Wilson Rocha é  um baiano que não nasceu na Bahia. Nasceu em Cochabamba, na Bolívia, em 1921, mas sua vida intelectual e artística se desenvolveu na Bahia.

Poeta e crítico de arte, chegou a Salvador nos idos de 1940, quando publicou seus primeiros versos (“Poemas”) e, ao lado de Cláudio Tavares, Vasconcelos Maia e Darwin Brandão, fundou o “Caderno da Bahia”, revista que muito contribuiu para transformar a mentalidade dos artistas e literatos da “Boa Terra”.

Depois, em 1950, publicou “O Tempo no Caminho”, e iniciou sua atividade como crítico de arte, no jornal “A Tarde”, de Salvador. 

Pouco a pouco estendeu sua colaboração ao “Diário de Notícias” e outros jornais e revistas de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo.

Mudou-se para São Paulo, em 1959. Depois, em 1974, passou para o Rio de Janeiro. Em ambas as capitais, manteve relações com figuras  representativas do mundo artístico e cultural. Também esteve algum tempo em Buenos Aires, ocasião em que visitou museus e coleções particulares e criou amizade com intelectuais europeus e sul americanos.

Em 1960, publicou “Livro de Canções”, livro de versos, editado pela Imprensa Oficial da Bahia.

O quarto livro, saído em 1963 e intitulado “De tempo Soluto”, traz uma  reprodução do retrato a óleo de Pancetti, e foi editado em Lisboa.

Finalmente, em 1980, publicou “Carmina Convivalia”, em Recife, com ilustrações de Ismael Caldas.

Retratando a vida e a obra de Wilson Lins, afirma Pedro Moacir Maia, de quem extraímos grande parte da presente súmula: “Amigos e admiradores consideram “A Forma do Silêncio” a melhor introdução ao conhecimento da produção poética de Wilson Rocha; é uma antologia editada no Rio de Janeiro, recheada de fotografias, desenhos e fac-símiles, com o apoio da Fundação Cultural da Bahia. Mais completa, porém, é “Poesia Reunida”, publicada pela Biblioteca Nacional, no Rio, em 2002, com um texto de João Carlos Teixeira Gomes, “O Lirismo de Wilson Rocha”.

Disse Roger Bastide, em 1951: “Wilson Rocha é um poeta autêntico”. Para Mário Mota, “emociona ver a nossa atual poesia liberta de prevaricações e desvio madrigalescos na voz de Wilson Rocha, uma voz impregnada dos grandes mistérios da vida e da morte e que, por isso mesmo, surgiu para ressonâncias perenes”.

O grande poeta faleceu em 2005.


==============================================


CANÇÃO DE AMOR Á BAHIA
De Wilson Rocha, para Alice Soares


Os casarios da Bahia,
puras formas desnudadas,
suas pedras, suas portas barrocas,
ó distâncias prolongadas.

Recolhem uma luz conforme
suas velhas cores, suas grades,
e as igrejas com os seus santos.
Interiores, mistérios, saudades.

Intensa, como o passado,
a solidão aflora — grito mudo.
Ó contida soledade,
ó lento fim de tudo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário