domingo, 2 de fevereiro de 2014

147- ALBERTO VALENÇA


ALBERTO  VALENÇA


Alberto de Aguiar Pires Valença ,mais conhecido como Alberto Valença, pintor, paisagista, retratista e professor, nasceu em Alagoinhas, em 1890.

Dos 15 aos 24 anos, estudou no Liceu de Artes e Ofícios, em Salvador, onde foi aluno de Manuel Lopes Rodrigues.

De 1906 a 1914, freqüentou a Escola de Belas Artes, na capital baiana, ocasião em que entrou em contato com Presciliano Silva com quem começou a pintar.

Em 1829, ingressou no Grupo  A Távola, e em 1925 foi para a Europa com bolsa de estudo do Governo da Bahia. Em Paris, estudou com o professor Emile Bernard, na Academia Julian.

De regresso a Salvador, trabalhou como professor no Colégio da Bahia, nos anos de 1928 e 1929..

Em 1940, foi contratado como consultor do Museu do Estado da Bahia, assim permanecendo até 1960.

Em 1945, trabalhou como desenhista de casarios antigos da Bahia para a Empresa de Planejamento Urbano da Cidade do Salvado e e, 1950 tornou´se professor efetivo de Modelo Vivo na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia; no ano seguinte passou a professor catedrático, aposentando-se em 1960, quando foi distinguido pelo Conselho Universitário com o título de professor emérito.

Em 1961, tornou-se membro da Academia Brasileira de Belas Artes, e em 1970 ganhou o Prêmio Odorico Tavares.

Três anos depois, deixou de realizar suas atividades artísticas em virtude de deficiência visual irreversível, causada por catarata. em ambos os olhos.

Em 1980, a Organização Odebrecht lançou o livro “Alberto Valença- Um estudo biográfico e crítico”, de autoria de Clarival do Prado Valadares, com  131 reproduções  policromáticas, produzidas durante os anos de 1914 a 1973.


Alberto Valença realizou várias exposições individuas e coletivas, em Salvador e Rio de Janeiro.

Faleceu em Salvador, em 1983, com 90 anos de idade.

A Universidade Federal da Bahia, comemorando seu centenário, promoveu uma exposição de  seus trabalhos na Galeria Cañizares da Escola de Belas Artes..

A respeito de Alberto Valença, disse Jayrth Moreira: “Falar do professor e amigo Alberto Valença é voltar ao passado. É lembrar a Escola de Belas Artes da Bahia, nos anos 50, localizada na rua 28 de Setembro, onde hoje funciona um órgão público. Naquela época – recordo com certa emoção – era aluna do terceiro ano e, desta forma, qualificada a transpor as portas do “atelier”, local para mim, cheio de mistério, onde o Mestre Valença ministrava a Cadeira de Modelo Vivo. Na minha fantasia, aquele salão, cheirando a tinta-óleo e terebentina, parecia um santuário, um lugar sagrado onde se falava baixo e se aprendia a descobrir o caminho das cores e, mais do que tudo, a perceber a dança das luzes que entravam pela clarabóia. O Mestre nos guiava por este mundo, através da sua voz mansa, mas firme e de um sorriso difícil de ser definido. Seu olhar, por detrás dos grossos aros dos seus óculos, refletia tonalidades que variavam do azul ao cinza, conforme a situação, como quando cometíamos o pecado de não obedecer à ordem correta de colocar as tintas na palheta. Essa diversidade de cromatismo repetia-se nas suas obras impressionistas. Devo a você, Mestre, por ter despertado e refinado, com seus ensinamentos, a minha natural sensibilidade de artista. Acredito que a sua morada, hoje, deve ser a mais colorida estrela, onde você continua pintando céus, praias e paisagens”.

Sante Scaldaferri acrescenta: “O Prof. Valença era um homem muito sensível e se emocionava facilmente, indo constantemente às lágrimas. Costumava sempre dizer: “Eu sou sincero”, e realmente não mentia. Com estas palavras ele se referia a arte moderna querendo justificar a sua não adesão a essa Escola, devido a não acreditar nela. Isto ocorria na década de 50, quando fui seu aluno, e a arte moderna em Salvador já tinha dado os primeiros passos no rumo de sua definitiva implantação. A Escola de Belas Artes da UFBa, obedecia a padrões de ensino regidos pelos cânones acadêmicos, vindos da Escola de Belas Artes de Paris. O Prof. Valença, ao lado da quase maioria dos professores da Escola de Belas Artes, manteve-se fiel ao seu pensamento e aprendizado, não tomando conhecimento da linguagem da arte moderna que já existia antes dele estudar na Europa. Não somente ele, mas Presciliano Silva e Mendonça Filho, professores com a mesma formação e com estudos na Europa, mais ou menos na mesma época. Mesmo com uma linguagem ultrapassada, eles foram tão bons artistas, dentro do que se propusaram realizar, como excelentes professores. Posso afirmar que Valença era um homem bondoso e muito rigoroso quanto às suas convicções. Dos três gêneros da pintura mais em voga na época, ele foi um mestre do retrato, da paisagem e de marinhas. Para nosso reconhecimento e deleite, seus quadros podem ser vistos em vários museus, principalmente os de Salvador e em coleções particulares. Lembro sempre com carinho e saudades o meu velho mestre que, ao lado de todos os outros meus professores da Escola de Belas Artes, deixou ensinamentos muito úteis para o meu aprendizado”.


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