quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

135- ASSIS VALENTE



José de Assis Valente, mais conhecido como Assis Valente, nasceu, ao que parece,  em Santo Amaro da Purificação em 19 de março de 1911, sendo seus pais José de Assis Valente e Maria Esteves Valente.

Para ser exato, não sabemos ao certo a data do nascimento deste estranho compositor. Alguns dizem que ele nasceu no dia 19 de março de 1908; outros, afirmam que seu nascimento foi em 19 março de 1911. O local também é incerto: ora ele dizia que nasceu quando sua mãe fazia uma viagem de Bom Jardim para Patioba; ora dizia que nasceu em uma casa no Campo da Pólvora, em Salvador.

Assis Valente foi sequestrado por um certo Laurindo e entregue à família Canna Brasil, em Alagoinhas.  Esta família  lhe ensinou as primeiras letras  e lhe deu “uma ocupação algo extenuante”.”Trabalhei como um condenado, dizia ele, Minha patroa me tratava quase como um escravo e à noite  me obrigava a estudar. Depois, ela se mudou para o Rio de Janeiro e eu tive de me virar sozinho. A felicidade é que encontrei uma vaga de lavador de frascos na farmácia do Hospital Santa Izabel...”

Seu trabalho entusiasmou um padre que freqüentava o hospital e ele levou o jovem Assis para Bonfim, empregando-o na farmácia de um hospital, onde acabou se transformando secretário do Diretor. Sendo grande  admirador de Castro Alves e Guerra Junqueiro, foi chamado para declamar em uma quermesse,  ocasião em que recitou  versos anticlericais, revoltou seus superiores e acabou  demitido.

Desempregado, seguiu um circo mambebe.  Certo dia, aproveitando o intervalo de uma apresentação circense, pulou para a picadeiro e declamou uma poesia de sua autoria. Agradou tanto que se tornou orador e comediante e como tal  andou pelo interior da Bahia, de cidade em cidade, durante cerca de um ano. Ao cabo deste tempo voltou para Salvador, retomou os estudos, trabalhou como ajudante de farmácia e  aprendeu desenho no Liceu de Artes e Ofícios. Ao mesmo tempo fez dentaduras com um protético amigo.

Em 1927, mudou-se para o Rio de Janeiro onde trabalhou como protético e conseguiu publicar e vender alguns desenhos.

Nos anos trinta começou a compor algumas canções. A primeira foi “Tem Francesa no Morro”, cantada ´por  Aracy Cortes. Pouco a pouco suas criações alcançaram sucesso entre os grandes intérpretes da musica popular, como Carmem Miranda, Orlando Silva e Altamirando Carrilho.

Seu repertório é um dos mais extensivos. Assis Valente compunha quase uma canção por dia; muitas foram vendidas a preço vil e  os compradores figuram como autores. Também são de sua autoria peças para o teatro de revista,

Pressionado para pagar uma dívida que contraiu com Elvira Pagã, tentou o suicídio, pela primeira vez, cortando os pulsos. Em 1941 tentou o suicídio, mais uma vez, saltando do Corcovado. Algum tempo depois, pressionado pelos credores, tentou quitar seus débitos, sem resultado.. Diante do insucesso, sentou-se em um banco de rua e ingeriu formicida.

Depois de morto, caiu no esquecimento mas nos anos sessenta suas produções  voltaram  a ser cantadas, por grandes intérpretes tais como Chico Buarte, Maria Bethânia, Elis Regina, Adriana Calcanhote, etc.

Sua morte foi muito sentida por amigos e admiradores. Um deles fez o seguinte comentário:
“Para quem conhecia mais intimamente Assis Valente, sua morte, apesar de inesperada, não se constituiu exatamente em surpresa; pois ele já tentara o suicídio outras vezes, Nos últimos tempos adotara um tom de lamentação e acusação contra tudo e todos. Vivia angustiado e atormentado, sentindo-se injustiçado e abandonado pelos amigos. Pela sua trajetória de menino pobre, mulato e com pouca instrução formal, alcançar fama e sucesso para suas músicas nas vozes dos mais destacados cantores e cantoras brasileiras, cair novamente na pobreza e no esquecimento era insuportável. O suicídio foi o fim para o que ele considerava uma vida desgraçada, onde a solidão sempre foi uma companheira constante. Sempre fora assim, desde quando, muito garoto, foi afastado do convívio de seus pais e irmãos”.

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