terça-feira, 21 de janeiro de 2014

134- SOSÍGENES COSTA


SOSÍGENES COSTA

O poeta Sosígenes Costa nasceu em Belmonte, no dia 11 de novembro de 1901.

Realizou os primeiros estudos em sua terra natal, onde se tornou mestre-escola.

Viveu em Belmonte até os 25 anos, quando se transferiu para Ilhéus, alí permanecendo durante a maior parte de sua existência. Foi escriturário da Associação Comercial, telegrafista dos Correios e Telégrafos e redator do “Diário da Tarde”. Neste periódico manteve uma coluna diária intitulada “Diário de Sósmacos”, assinada com o pseudônimo de Príncipe Azul.

Em 1954, aposentou-se dos Correios e Telégrafos e passou a residir no Rio de Janeiro. Participou, em Buenos Aires, de um Congresso de Cultura e no ano seguinte viajou para a Europa e a Ásia, demorando-se mais tempo na China.

“Ler Sosígenes Costa, diz Renato Suttana, é beber numa das mais belas fontes de conhecimento e sentimento, cujo talento está em sua capacidade excepcional de nos envolver totalmente no mundo que cria. Seus versos são estranhos e, antes de tudo, impressionantemente belos”.

A poesia de Sosígenes surgiu timidamente em 1922, durante a efervecência do modernismo, época em que ligou-se a Pinheiro Viegas (1954-1937) e participou da "Academia dos Rebeldes".

Poeta estranho, arredio à publicidade, tímido e modesto, nunca quiz reunir sua produção em livros. Em 1959, precionado por amigos, venceu a timidez e publicou uma coletânea de noventa e nove poesias sob o título “Obra Poética”, em uma edição de mil exemplares, hoje esgotada. Em 1979, pela Editora Cultrix, saiu uma obra póstuma, intitulada “Iararana”. Em 2001, o Conselho Estadual de Cultura da Bahia publicou “Sosígenes Costa, Poesia Completa”.

A respeito de Sosigenes Costa, disse Agripino Grieco (1888-1973): "Um dos melhores poetas do norte do país é Sosígenes Costa. Solteirão, esquisito. O vocábulo "cegonhento" apesar de um pouco preciso, como que foi fabricado para ele. Está no mundo com um ar de pernalta pensante. Funcionário dos Telégrafos e escriturário de uma associação comercial, desforra-se dos seus magríssimos ordenados em esbanjamentos poéticos de pedrarias e sedas, como raros dos seus confrades se permitem. Na imaginação desse asceta há sempre um pecaminoso rumor de saias proibidas. Qualquer mulher se lhe afigura "princesa, atriz e gata". Vinga-se do seu isolamento e da sua imobilidade em visões como as não tiveram Sardanapalo e Sindbad o Marítimo. Recorda sempre os belos dias que passou em Belmonte e fala dessa cidadezinha do interior da Bahia como se falasse do Oriente, acendendo todas as gambiarras, fazendo faiscar todas as ourivesarias, compondo todas as decorações florais. É um admirável ornamentista de frades. Modernista, ainda crê na rima rica e um excesso de luz que lhe torna certas passagens obscuras, numa espécie de névoa de ouro. Esse filho da roça pensa na  Vênus de Paris e alude constantemente a pavões e castelos. Sente-se perdido numa Taiti que fosse cheia de duquesas enjoalhadas pelo francês Lalique. Muito justo o que escreveu dele, em famoso artigo, Édison Carneiro, especialmente ao acentuar que Sosígenes transfigura tudo isso, em matéria nossa, sente tudo isso brasileirissimamente. Ainda meio simbolista, diz-se ele "pagem da Musa e príncipe da Morte", mas é um panteísta bem vivo ao inebriar-se na gama de amarelos do sol dos trópicos. Sua amada tem "trinta anéis de pérolas ovais", mas o seu noturno de Ilhéus a ‘descrição’, é algo de bem contemporâneo"

Sosigenes Costa faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de novembro de 1968
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A Biblioteca Pública Municipal de Belmonte tem o seu nome.




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