sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

145 - SÍLVIO BARBATO


MAESTRO SÍLVIO BARBATO



Sílvio Sérgio Bonaccorsi Barbato, mais conhecido como Sílvio Barbato, músico, maestro e compositor de ópera e balé, nasceu em Candeias, no dia 11 de maio de 1959.
Seus pais foram Daniele Barbato e Rosalba Bonaccorsi, imigrantes italianos que chegaram ao Brasil em fins do século XIX. Eram médicos, e exerceram a profissão em Candeias. O casal teve 3 filhos: Silviane (renomada psicóloga, com diversos cursos no Brasil e no exterior), Sandra (engenheira) e Sílvio  (formado pela Universidade de Chicago, maestro da Orquestra Sinfônica do Brasil, professor, doutor em filosofia, compositor de música clássica, maestro do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o mais jovem maestro brasileiro de uma Orquestra Sinfônica). Silviane e Sandra moram em Brasília. Sílvio morava no Rio de Janeiro.
Silvio Barbato estudou composição e regência com Cláudio Santoro.
Em Chicago, realizou seu pHD em Ópera Italiana, sob orientação de Philip Gossett.
Em 1984, recebeu o diploma de mérito, na Academia Musicale Chigiana de Sienna e no ano seguinte foi contratadp pelo Teatro Municipal do Rio de Janeiro, ocasião em regeu, pela primeira vez, uma ópera (“Tosca”).
Era uma expressão exponencial da musica erudita, motivo pelo qual recebeu várias homenagens, títulos e honrarias.
Em Milão, frequentou a classe de Franco Ferrara, colaborou com o maestro Romano Gandolfi, no Teatro Scala, e recebeu o Diploma de Alta Composição, no Conservatório Giuseppe Verdi (medalha de ouro). 
Em 1996, durante as comemorações do centenário de Carlos Gomes, foi curador da ópera “O Guarani”, em Washington.
Em 2001, recebeu o “Grande Prêmio Cinema Brasil”, por seu trabalho como diretor musical do filme “Villa Lobos, Uma Vida de Paixão” (melhor trilha musical).
Em 2002 foi distinguido com a Medalha da Ordem do Mérito Cultural da Presidência da República, ocasião em que foi promovido ao grau  de Comendador da Ordem de Rio Branco.
Em 2003, compôs o balé “Terra Brasilis” que se apresentou em sua estreia mundial  no  Teatro Municipal do Rio de Janeiro  (e no Teatro Massimo  Bellini de Catânia, na Itália, em 2005, quando foram esgotadas as lotações, de nove apresentações)
Em 2006, regeu a primeira audição europeia da ópera “Colombo”, no Teatro Massimo Bellini.
Sílvio Barbato regeu concertos em Roma (Piazza Navona), Lisboa (Mosteiro dos Jerônimos), nos Teatros Municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro) e em diversas capitais brasileiras.
O maestro faleceu em um acidente aéreo, em pleno Oceano Atlântico, quando se  dirigia do Rio de Janeiro para Paris, no dia 1º de junho de 2009. De Paris deveria seguir para Kiev, na Ucrânia, onde regeria uma de suas óperas.
“Sílvio Barbato era um homem vaidoso, sempre bem vestido e perfumado. Tornou-se conhecido não apenas pelo talento, mas pela personalidade forte e o bom-humor. "I love you", ele costumava dizer aos músicos, com largo sorriso, quando se queixavam de alguma coisa”, conta a musicista Jesuína Passaroto
"Ele tinha a ópera no sangue. Fazia a orquestra respirar com os cantores", disse Fernando Bicudo.
Em seus últimos tempos, estava compondo uma ópera sobre Simón Bolivar, que seria apesentada no Teatro Carreño, em  Caracas, Venezuela.


 
 
 
 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

144- ABÍLIO BORGES, BARÃO DE MACAÚBAS


ABÍLIO  BORGES


Abílio Cesar Borges, mais conhecido como Abílio Borges, Barão de Macaúbas, médico, pedagogo e educador, nasceu em Macaúbas, no dia 9 de setembro de 1824, sendo seus pais Miguel Borges de Carvalho e Mafalda Maria da Paixão.
Realizou os estudos iniciais em sua terra natal.

Em 1838, mudou-se para Salvador com o objetivo de completar sua educação.

Em 1841, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, onde iniciou  o curso médico. Transferido  para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, por ela foi diplomado em 1847.

Regressando para a Bahia, dedicou-se ao magistério e fundou, com outros intelectuais, uma agremiação  intitulada “Instituto Literário da Bahia”.

Sempre ávido por conhecimentos, viajou para a Europa, onde  aperfeiçoou seus métodos pedagógicos.

Em 1858, fundou o "Ginásio Bahiano", do qual foi professor e diretor. Como diretor, revolucionou o ensino introduzindo  novidades pedagógicas, inclusive a abolição dos castigos físicos. No "Ginásio Bahiano" e no “Colégio Sebrão” (outro estabelecimento de ensino famoso naquela época) estudaram as maiores expressões culturais da Bahia, tais como Rui Barbosa, Castro Alves, Cézar Zama, Aristides Spínola e Plínio de Lima.

Em  1871, quando, regressava da  Europa, mudou-se para a capital do Império, onde fundou o “Colégio Abílio”.
Em 1881, fundou uma filial do “Colégio Abílio” em Barbacena (Minas Geais) e no ano seguinte representou o Brasil no Congresso Internacional de Pedagogia, realizado em Buenos Aires

Nos colégios criados por Abílio Borges, no Rio e em Barbacena, estudaram grandes expressões da intelectualidade brasileira, dentre os quais destacamos Raul Pompeia, autor de “O Ateneu”.
De suas ideias inovadoras,  além da abolição de qualquer castigo físico, destacamos a realização de torneios literários, o culto ao civismo e um método próprio de aprendizagem,  chamado “Leitura Universal”.

Além de educador, Abílio Borges foi um patriota exaltado. Por ocasião da Guerra do Paraguai escreveu vários artigos conclamando ao povo à defesa da Pátria e organizou, com recursos próprios, o  “ Batalhão dos Zuavos Baianos”.

Foi um ferrenho defensor da abolição da escravatura, pelo que fundou a “Sociedade Libertadora 7 de Setembro”, mantenedora do jornal “O Abolicionista”.

Em 1881, foi agraciado com o título de Barão de Macaúbas e distinguido com a honra de Grande do Império. No seguinte, foi condecorado com o título de Comendador da Imperial Ordem da Rosa, da Ordem de Cristo e da  Ordem de São Gregório.

Abílio Borges pertenceu à Academia Filomática, foi diretor geral do ensino na Bahia (1856), membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia e de outras instituições literárias, educacionais e científicas do Brasil e do exterior.
D. Pedro II tinha especial apreço pelo Barão de Macaúbas. 

Seus contemporâneos o consideravam um homem à frente do seu tempo.

O Barão de Macaúba faleceu no Rio de Janeiro, em 17 de janeiro de 1891.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

143- ARTHUR DE SALLES




Arthur Gonçalves de Salles, mais conhecido como Arthur de Salles, poeta, tradutor e escritor, nasceu em Salvador no dia 7 de março de 1879, sendo seus pais Severiano Gonçalves de Sales e Maria Eufrosina de Aragão Salles.

Desde criança, exercitou  seus dotes artísticos e literários.

Estudou as primeiras letras em sua terra natal, onde se formou pela Escola Normal da Bahia, no final de 1905.

Escreveu seus primeiros versos aos 13 anos, quando estudava no Colégio Carneiro Ribeiro. Esses primeiros versos, diz Rita de Cássia Ribeiro de Queiroz, são “versos voltados para a contemplação da natureza, e refletem a forte ligação que ele teve com o mar: o mar da baia de Todos os Santos, de sua infância, vivida na Cidade Baixa onde nasceu; e depois,  o mar da Vila de São Francisco, no Recôncavo baiano, local onde residiu durante alguns anos”.

Aos 22 anos criou,  com outros jovens, a “Nova Cruzada”, agremiação  que divulgou  durante quase dez anos a produção  literária de seus fundadores. Arthur Salles foi seu presidente, nos anos de 1913 e 1914..

Em 1908, foi nomeado bibliotecário da Escola Agrícola da Bahia, situada em São Francisco do Conde. Escreveu, nesta época, várias poesias, recitadas nos serões e recitais que participou, ao lado de
Amélia Rodrigues e outros poetas,
 .
A revolução de 1930, fechou a Escola Agrícola deixando  Artur Sales em disponibilidade.

Em 1935, foi nomeado professor adjunto da Escola de Aprendizes de Quissamã, nas proximidades de Aracaju (Sergipe). Nos  anos em que esteve em disponilidade, ensinou francês, português e história no Instituto Bahiano de Ensino, em Salvador,

Em 1949, foi eleito “Príncipe dos Poetas Baianos”.

Arthur de Salles foi um dos  membros fundadores da Academia de Letras da Bahia  e  fez parte da  Associação Brasileira de Escritores.  Sua tradução de Macbeth, de Shakespeare, é a única  em versos rimados, na língua portuguesa.

“Meu primeiro contato  com a obra de Arthur de Sales, disse Rita de Cássia Ribeiro de Queiroz, foi em 1991, quando cursava, como aluna especial, o Mestrado em Letras da Universidade Federal da Bahia”. Desde então o interesse pela produção literária do   poeta
foi crescente. Arthur de Salles não compilou toda a sua obra em livros, deixando, ao morrer, uma vasta produção dispersa. Colaborou em diversos jornais e revistas literárias, como: “Gazeta do Povo”, “O Imparcial”, “Diário da Bahia”, “Nova Revista”, “Nova Cruzada”, “Os Annaes”, “Arco e Flexa”, “Renascença”, “A Luva”, “Bahia Ilustra”, dentre outros.

Homem simples, não gostava de exibicionismo. Em 1920, seus amigos reuniram suas poesias em um livro intitulado “Poesias”. Em 1928, Arthur de Salles publicou o poema dramático “Sangue-mau” (reeditado em 1949, juntamente com “O ramo da Figueira”.)

Sua poesia tem dois traços fortes: a Religião e a Natureza.

Para Lafaete Spínola, “o sentimento religioso, que se desprende, vago e profundo, de seus versos, é um prolongamento do culto à Natureza, que é nele uma religião”. Para Cláudio Veiga, “o sentimento religioso presente em sua poesia é a velha religião dos colonizadoes, o catolicismo. As festas religiosas populares, como o Natal e o São João, são presenças marcantes em sua poesia, cujo poema “O Ramo da Fogueira” é um dos representantes”. Rita de Cássia Ribeiro acrescenta:  “Além disso, Arthur de Salles escreveu versos à Virgem, bem como hinos religiosos: “Hino ao Senhor do Bonfim”, conhecido popularmente na voz de Caetano Veloso, e “Hino à Nossa Senhora da Conceição da Praia”. Note-se que este poeta residiu  no Convento de Nossa Senhora das Brotas, em São Francisco do Conde e ocupou a mesma cela que o poeta Junqueira Freire.

No que ser refere à Natureza, e, de modo especial,  ao mar, lembra Rita de Cássia Ribeiro:  “Eugênio Gomes inspirou o poeta a escrever alguns dos mais belos poemas marítimos da literatura brasileira.  O mar, que batia na soleira da sua casa de infância, está presente em muitos dos seus poemas, seja como cenário de morte, seja como cenário de uma radiosa visão. Não só o mar, puro e simples, figura em seus versos, como os elementos que fazem parte dele ou que desfilam por ele: peixes, moluscos, conchas e embarcações”.  “Arthur Sallles, declara Lafaiete Spínola, faz versos como quem tem medo. Sente o infinito dos mistérios da natureza, compreende o pavor do desconhecido, alcança a imensidade do sofrimento humano, e se estarrece diante de sombras  que lhe parecem hostis. Vultos e fantasmas são-lhe os companheiros eternos, a segredar-lhe tragédias incruentas”.

Arthur Salles faleceu em Salvador, no dia 27 de junho de 1952 
Raul Sá, que  desfrutou de sua amizade, disse:   “Èstás  vivo, Arthur de Salles, e continuarás redivivo em tua Bahia, que compreende, ama e vive a tua Poesia!”.
Arthur de Salles é patrono das Academias de Letras de Ilhéus e de Santp Amaro da Purificação.



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O ÚLTIMO

Sonetóes, sonetinhos ou sonetos
não cancei o leitor com versalhada
De légoa e meia ou de légoa de estrada
Batida de avejões rubros e pretos

Quatorze linhas só, na forma usada:
Deduzidas as duas dos tercetos,
Lidas em quatro fôlegos diretos
Um sorvo, um trago, um ai! uma pitada...

Cada qual, sendo mau, dura mui pouco...
Se é bom, lembra um sorvete que se peça
Mignon, de creme, de baunilha, ou côco.
Dobra-e a dose, mal não faz, nem dura!
Sem ser pesado, ao estômago e à cabeça,
não dá lugar ao sono na leitura,,,


TROVAS

O coração que não ama
é como noite sem lua,
é como um barco sem vela,
sozinho, na praia nua.

Sou pescador sem ventura,
Desgraçado pescador:
Lanço a rede da alegria
e apanho o peixe da dor.

Livrei-me da tesmpestade,
da cerração, dos escolhos.
Mas acabei naufragando
no recife dos teus olhos.







terça-feira, 28 de janeiro de 2014

142- WALDICK SORIANO




Eurípedes Waldick Soriano, mais conhecido como Waldick Soriano, foi um cantor e compositor  famoso, nascido  em Caetité, no dia 13 de maio de 1933.

Seu pai,  Manuel Sebastião Soriano, era comerciante de ametistas. Sua mãe, a quem ele era muito apegado, abandonou o lar, o que.por certo lhe causou grande desgosto.

Viveu a juventurde em sua cidade natal como lavrador e garimpeiro, sempre na boemia, até que, por uma contrariedade amorosa, resolveu tentar a sorte em São Paulo onde trabalhou como engraxate e lavador de carros.

Nos idos de 1950,  ingressou na vida artística, com  roupa preta e óculos escuros, cantando a música “Quem és tú?”.

Pouco a pouco foi ganhando notoriedade, a ponto de ser transformando em um ícone da música “braga”.

Seu maior sucesso foi “Eu não sou cachorro não”, que mereceu uma versão em inglês macarrônico, gravada pelo cantor Falcão, denominada “I´am Not Dog No”.

De seu repertório constam,além de outros,  os seguintes sucessos: “Ninguém é de ninguem”, “Sede de amor/Renúnica”, “Fujo de ti/Tortura de amor”, “Cantor apaixonado”, “Homenagem a Recife/Amor numa serenata”. “Quem é você/Vestida de branco”,  “Foi Deus/Errei, Senhor”, “Ciúmes/Desunião”, “Cantor apaixonado”,  “O elegante Waldick Soriano”, “Como você mudou para mim”, “Waldick, sempre Waldick”.

O historiador e jornalista Paulo César de Araújo, no ensaio intitulado “Eu não sou cachorro não”, afirma que Waldick, ao contrário do que muitas pessoas pensam,   não aderiu ao movimento revolucionário de 1964, Como prova, lembra que a música   “Tortura de Amor”, foi censurada em 1974.

Para alguns, Waldick Soriano é o mais folclórico dos cantores cafonas do Brasil. Em sua terra natal ele sempre “foi tratado com certo desprezo”, mas, em compensação,  durante muito tempo ele  foi o cantor mais popular do país.

Em sua homenagem Patricia Pillar  escreveu e dirigiu  um documentário intitulado “Waldick–Sempre em Meu Coração”,  em parceria com Fausto Nilo e Quito Ribeiro. Neste documentário, além de reproduzir várias canções do artista, ela traçou  o retrato de sua vida, “tocante e melancólica”. Nos últimos anos, Wadick (que teve 14 mulheres no curso de sua existência, “sem  encontrar a felicidade com nenhuma delas"), passou a morar sozinho, rejeitando o afeto daqueles que o amavam. Em depoimento gravado para a película, declarou: “"Sou famoso, e daí? Me falta tanta coisa... Sei que não vou encontrar ninguém pra dizer: estou contigo."

Em Fortaleza  alugou um modesto apartamento. Após ter colocado três pontes de safena e sofrer a perda de uma de suas filhas, descobriu que estava com câncer de próstata em estado avançado e iniciou o tratamento. Ao saber que o estado de saúde de seu pai havia se agravado, os sete filhos se mobilizaram e transportaram-no para o Rio, onde ficou hospedado em casa de sua ex-esposa, Walda Soriano. Nos últimos dias ficou internado no Hospital do Câncer, em Vila Isabel, onde morreu no dia 4 de setembro de 2008, aos 75 anso de idade. O velório foi na Câmara de Vereadores de Niteroi. O  o sepultamento, no Cemitério do Caju. Sua filha declarou que ele “tinha a certeza de que ia melhorar e voltar a fazer shows”. E acrescentou: “Nunca vi tanta garra em uma pessoa. Ele só pediu para ser internado no domingo após sentir muitas dores, mas mesmo no hospital achava que ia ficar bom",

Por ocasião da morte, Patrícia Pillar disse: "Me aproximei de Waldick como fã e, hoje, posso dizer que me sinto parte da família. Percorrendo o Brasil, vi o quanto ele era querido e derretia o coração das fãs. Com seu jeito divertido, conseguia falar direto ao coração. Waldick fará falta porque era um invasor de corações e a cara do Brasil. Waldick, além de ser um grande artista popular, era um homem amoroso e sempre tinha um olhar inteligente sobre as coisas".



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EU NÃO SOU CACHORRO, NÃO

Eu não sou cachorro, não
Pra viver tão humilhado
Eu não sou cachorro, não
Para ser tão desprezado
Tu não sabes compreender
Quem te ama, quem te adora
Tu só sabes maltratar-me
E por isso eu vou embora.
A pior coisa do mundo
É amar sendo enganado
Quem despreza um grande amor
Não merece ser feliz, nem tampouco ser amado
Tu devias compreender
Que por ti, tenho paixão
Pelo nosso amor, pelo amor de Deus
Eu não sou cachorro, não


TORTURA DE AMOR
Hoje que a noite está calma
E que minha alma esperava por ti
Apareceste afinal
Torturando este ser que te adora

Volta, fica comigo só mais uma noite
Quero viver junto a ti
Volta, meu amor
Fica comigo, não me desprezes
A noite é nossa e o meu amor pertence a ti

Hoje eu quero paz,
Quero ternura em nossas vidas
Quero viver, por toda vida, pensando em ti

Hoje eu quero paz,
Quero ternura em nossas vidas
Quero viver, por todo vida, pensando em ti








segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

141- SILVIO DEOLINDO FRÉS



Sílvio Deolindo  Fróes -- engenheiro, matemático, filólogo, poeta, compositor, maestro, arranjador, instrumentalista, professor e autor de artigos para revistas e jornais -- nasceu em Salvador, em 28 de outubro de 1864, sendo seu pai  Salustiano Ferreira Fróes (doutor em Direito, pela Universidade de Paris).

Sua mãe, Adelaide Emília, cantora lírica e professora de música, canto e de línguas, era alemã, formada pelo Conservatório de Música de Paris,  filha do barão Von Enghenswatz.

Sílvio revelou seu gosto pela música aos 4 anos de idade, quando decidiu estudar piano tendo como mestra sua própria mãe que também lhe ensinou francês, italiano e alemão. Aos 10 anos, escreveu sua primeira peça, denominada “Harmonia”, título que sua progenitora substituiu por “Música dos Anjos”. Quando tinha 16 anos, Carlos Gomes visitou  Salvador, ouviu Sílvio tocar piano e fazer improvisos com três motivos de “O Guarany”. Admirado, exclamou: “Este minino é um prodígio!”   

Aos 18 anos, prestou concurso para a Escola Politécnica  do Rio de Janeiro, onde se formou em Engenharia. Sem abandonar  sua vocação musical. se aperfeiçoou com o maestro Miguel Cardoso.

Retornando para a Bahia, onde permaneceu por pouco tempo, resolveu fixar residência em Paris, onde aprimorou seus conhecimentos em harmonia, contraponto, composição e órgão. 

Depois, visitou vários países europeus, detendo-se na Alemanha, onde estudou em Leipzig e Karlsruhe. Regressando à França, desenvolveu intensa atividade musical como compositor, organista e regente de suas próprias criações. Participou de vários concertos nas salas mais afamadas da capital francesa, merecendo o reconhecimento dos críticos mais exigentes.

Após dez anos no exterior, voltou para a Bahia e realizou uma série de apresentações em várias cidades brasileiras. A maior parte de suas exibições foi, todavia, em Paris, onde se apresentou na Sala Herz (1902), na Sala Pleyel (1903) e na Maison Musicale (1903).

Aos 84 anos, realizando uma visita ao Engenho Santa Cruz, no Recôncavo baiano, conheceu Anna América, sua prima em terceiro grau, pianista, que falava fluentemente francês, de rara beleza. Foi um amor à primeira vista. Apaixonou-se e com ela se casou em 3 de dezembro de 1948.

Sílvio Deolindo Fróes é o introdutor do ensino regular da música na Bahia. Criou, organizou e dirigiu o Conservatório de Música da Bahia, durante 40 anos e nele ensinou contraponto, fugas, harmonia, análise harmônica, piano e harmônio. Deixou vasta produção musical e contribuiu para a formação artísitica de vários alunos da Bahia e de outros estados.

Faleceu em Salvador, no dia 3 de dezembro de 1948. Durante as exéquias foi executada, a seu pedido, a “Marcha Fúnebre”, de sua autoria.

Depois de sua morte, o Conservatório de Música da Bahia foi anexado à  Universidade Católica do Salvador, que mantem uma sala, denominada “Sala Sílvio Deolindo Fróes,  para concertos musicais e recitais de canto, com capacidade para 500 pessoas.

Há, nos jardins do Palácio da Aclamação, em Salvador, um busto deste notável baiano.

Em 1976, Hebe Machado Brasil publicou um livro de sua autoria, intitulado “Fróes, Um Notável Músico Baiano”.  No prefácio, disse Pedro Calmon: "Deolindo Fróes não pertence apenas à província, embora nas manifestações artísticas a província fosse metrópole; vem da Europa, projeta-se no país, reorganiza o Conservatório, institucionaliza o bom gosto, educa as vocações e as plateias, comete a doce proeza de fazer, e deixar discípulos; e nessa parábola de beleza, associa a humildade ao triunfo. Conhecíamos o exímio professor, comparável aos maiores músicos que teve o Brasil. Faltava-nos conhecer o homem nos refolhos da modéstia e da benemerência, tão notável, que se equiparava aos gigantes da harmonia, tão simples, que se confundia com os pobres da terra." Hebe Machado, descrevendo a personalidade de Sílvio Deolindo Fróes, escreveu: "Temperamento por demais introspectivo, quem o visse por estas ruas de Salvador, jamais poderia imaginar que naquele vulto humano, sisudo, de voz de barítono, pudesse abrigar-se um talento gigantesco, perspicaz, um verdadeiro sábio, um profeta que passaria a ser respeitado, logo após seu regresso triunfal da Europa, nos últimos anos do século XIX e lhe fosse oferecido um voto de confiança ilimitado, de seus conterrâneos, para empunhar a batuta definitivamente e liderar a educação musical baiana - liderança esta que perdurou durante mais de quarenta anos e ainda hoje ecooa em nossas almas.".

Em 2001, o Governo do Estado e a Universidade Federal da Bahia olançaram um CD contendo grande parte do acervi de Sílvio Deolindo Fróes.

sábado, 25 de janeiro de 2014

140- ROZENDO MUNIZ BARRETO


Rozendo Muniz Barreto, filho de Francisco Muniz Barreto, notável repentista, nasceu em 1º de março de 1845, na cidade do Salvador.

Era irmão de Francisco Muniz Barreto Filho, grande violinista  e poeta, que, no modo de dizer de  Machado de Assis era “um rapaz todo arte, brandura e alegria”. Para este violinista famoso. Tobias Barreto, desafiando Castro Alves, ofereceu o mote: “No teu arco prendeste à eternidade”. O poeta, aceitando o desafio, de improviso  recitou:

AO VIOLINISTA FRANCISCO MONIZ BARRETO FILHO

“Era do céu, à luz da lua errante,
Moema triste, abandonando os lares,
Cindia as vagas dos celúrios mares
Te erguendo ao longe, ò peregrino infante !

Lá dos jardins sob o vergel fragrante,
À  sombra dos maestros, sobre os ares,
Ouvias das estrelas os cantares
-Aves d´ouro no espaço cintilante.

Mas quando o gênio teu se alteia aflito,
Da alabastrina luz à claridade,
Lançando flores, lá do céu proscrito,

Pasma Belini; e em meio à imensidade
Diz a lua suspensa no infinito:
“No teu arco prendeste à eternidade!”

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Rozendo Muniz Barreto foi um poeta de mérito, além de escritor, professor e médico militar.

Fez os primeiros estudos em Salvador. Concluiu os preparatórios, e ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, onde estudou até o quarto ano médico, quando interrompeu o curso e seguiu para o campo de batalha, na Guerra do Paraguai.

Regressou em 1868, a fim de concluir o curso médico. 

Diplomado, permaneceu no Exército.

Não obstante ser médico militar e professor de Filosofia no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, se dedicou às letras, distinguindo-se principalmente como poeta e crítico literário.

Escrevia com correção e leveza sobre os mais diversos assuntos literários e científicos. A poesia era o seu forte. Versejava com facilidade e produzia sempre, quase sem parar.

Sua estréia foi em 1860, quando iniciou a atividade literária na Revista Acadêmica Baiana e publicou “Cantos d´Aurora”. Em 1968, publicou a biografia do seu pai, “Muniz Barreto, o Repentista”. A este seguiram-se outros livros de sucesso: “Tributos e Crenças” (1868), “José da Silva Pararanhos, Visconde do Rio Branco (1868), “Võos Ícaros” (1877), “Preito a Camões” (1880), “Tributos e Crenças” (1991), etc.

“Pela simples inspeção dos títulos de suas obras, escreveu Sílvio Romero, vè-se que ele foi um espírito voltejador que passou aqui e alí por necessidade do momento. Medicina, Indústria,  Artes. História, Filosofia, Política, Poesia, Romance, Crítica, de tudo um pouco. Inteligente, estudioso, fácil assimilador, o talento deste prestimoso baiano em tudo tocou com rapidez e destreza”. Além de poeta, Sílvio Romero destacou seu papel de ensaísta, no trabalho que dedicou ao seu pai.

Rozendo Muniz Barreto faleceu no Rio de Janeiro, em 18 de fevereiro de 1897.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

139- JUNQUEIRA FREIRE



Luis José Junqueira Freire, mais conhecido como Junqueira Freire, foi um monge beneditino, poeta, que nasceu em Salvador, em 11 de dezembro de 1832, sendo seus pais José Vicente de Sá Freire e Felicidade Augusta Junqueira.

Realizados os estudos iniciais e os de latim, ingressou, em 1849,  no Liceu Provincial, onde, ao par de excelente aproveitamento, revelou seus dotes de poeta.

Em 1851, ingressou na Ordem dos Beneditinos, para atender vontade da família e foi ordenado com o nome de Frei Luis de Santa Escolástica Junqueira Freire.

Viveu revoltado e arrependido, no Mosteiro de São Bento, em Salvador e acabou pedindo para se afastar da disciplina monástica, embora permanecesse sacerdote, pois seus votos tinham caráter irrevogável. Amargurado, continuou fazendo suas leituras preferidas, escrevendo  poesias e exercendo o mister de professor.

Em 1854 obteve a secularização e recolheu-se à casa, onde escreveu sua autobiografia e cuidou da publicação de uma coletânea de versos, denominada “Inspiração do Claustro”. Em 1869, surgiu uma edição póstuma de um compêndio de sua autoria intitulado “Retórica Nacional”, no qual “explica sua concepção de poesia como cadência medida e até certo ponto prosaica”.

Seus versos são ultra-românticos e demonstram seu erro vocacional, misturando preces e  blasfêmias, seu desespero, seu horror ao celibato, seu desejo reprimido e seu sentimento de pecado. Há em sua obra uma constante revolta  “contra  a regra, contra o mundo e contra si próprio, o remorso e, como conseqüência natural, a obsessão de morte”.

Junqueira Freire morreu jovem, muito jovem, no dia 23 de junho de 1855, com apenas 23 anos de idade.

Sonho

Era um bosque, um arvoredo,
Uma sagrada espessura,
— Mitológica pintura
Que o romantismo não faz.
Era um sítio tão formoso,
Que nem um pincel romano,
Nem Rubens, nem Ticiano
Copiariam assaz.

Ali pensei que sonhava
Com a donzela que me inspira,
Que põe-me nas mãos a lira,
Que põe-me o estro a ferver;
Que me acalenta em seu colo,
Que me beija a vasta crente,
Que me obriga a ser mais crente
No Deus que ela julga crer.

Sonhei com a visão dourada,
Que todo o poeta sonha,
— Idéia gentil, risonha,
Tão poucas vezes real!
Que só, com o peito abafado,
Se vai de noite em segredo
Contar no denso arvoredo
Ao cipreste sepulcral.

Mas, despertando do sonho,
Que aos homens não se revela,
Achei comigo a donzela,
Me apertando o coração,
E ainda presa a meus lábios,
Entre um riso, entre um gemido,
Murmurou-me ao pé do ouvido
— Que não era um sonho, não. —

E não mais, enquanto vivo,
Deixarei esta espessura,
— Mitológica pintura
Que o romantismo não faz.
Era um sítio tão formoso,
Que nem o pincel romano,
Nem Rubens, nem Ticiano
Copiariam assaz.

Teus Olhos

Que lindos olhos
Que estão em ti!
Tão lindos olhos
Eu nunca vi...

Pode haver belos
Mas não tais quais;
Não há no mundo
Quem tenha iguais.

São dois luzeiros,
São dois faróis:
Dois claros astros,
Dois vivos sóis.

Olhos que roubam
A luz de Deus:
Só estes olhos
Podem ser teus.

Olhos que falam
Ao coração:
Olhos que sabem
Dizer paixão.

Têm tal encanto
Os olhos teus!
— Quem pode mais?
Eles ou Deus