sábado, 20 de abril de 2013

WALFRIDO MORAES



Walfrido Moraes, político, jornalista, professor e escritor, nasceu em Lenções e diplomou-se pela antiga Faculdade de Filosofia da Bahia, onde cursou jornalismo, história e geografia.
Passou a infância em sua cidade natal onde, disse Evelina Hoisel, viveu intensamente sua meninice, “embrenhando-se nas suas paisagens e nos seus conflitos e, por isso mesmo, deixou um legado de relatos que constituem importantes documentos para se conhecer a história das lutas políticas da Chapada Diamantina”.
Culto e de natureza simples e comunicativa, de temperamento lhano e cativante, honrou as letras baianas legando à posteridade “Jagunços e Heróis”, livro indispensável para o entendimento do jagunço e sua luta fratricida. O jagunço, disse ele, não deve ser confundido com o bandoleiro ou o cangaceiro, Não obstante a capacidade de luta e a coragem inolvidável de uns e outros, temos de convir que o jagunço é um homem de trabalho, entregue à pastorícia, à lavoura ou ao garimpo, raramente mercenário profissional, pegando em armas coletivamente na defesa de seus direitos”.
Walfrido Ingressou na Academia de Letras da Bahia no dia 28 de maio de 1991.
Ninguém melhor do que ele descreveu a guerra entre os coronéis e o Governo, guerra que transformou as Lavras Diamantinas em um teatro de conflitos e tensões que marcaram para sempre a história da região. Este fato, narrado de forma magistral por Walfrido Moraes, “contagiou a todos, sobretudo os meninos do seu tempo”.
O sonho da juventude era participar do cenário da guerra, fazer parte da cidade sitiada pelas tropas do governo e pelos jagunços do Coronel Horácio de Matos. Esse quadro fratricida mobilizou o imaginário dos meninos de então, levando-os a serem jagunços. O sonho de todos era “descer o desfiladeiro do lavrado com um fuzil em punho, ir para as linhas de frente, onde ocorriam os encontros mais sangrentos, e ver os seus feitos comentados, admirados e aplaudidos...”
Walfrido Moraes foi um dos meninos daquela época. Cresceu convivendo com o coronel  Horácio de Matos e outros chefes políticos. Aos 9 anos, ingressou na tipografia do jornalista Franklin de Queirós, criador do semanário “O Sertão”. 
Em 1930, a revolução liderada por Getúlio Vargas, acabou com o coronelismo. Muitos coronéis foram presos, Franklin de Queirós fugiu e Horácio de Matos foi levado para Salvador, onde foi assassinado.
Walfrido Morais, com apenas 17 anos de idade, foi obrigado a assumir a função de redator-chefe do jornal e fez de suas páginas  uma tribuna onde deu asas à sua rebeldia.  Depois, o destino o  deslocou para a capital baiana onde ingressou  no “Correio Bahiano”, no “O Imparcial” e no  vespertino “A Tarde”, de Ernesto Simões Filho.
Realizou os preparatórios, ingressou na Faculdade de Filosofia e, uma vez diplomado, participou do corpo docente do Colégio Estadual da Bahia e de outros estabelecimentos de ensino.
“Certa vez, disse Wagner Ribeiro, um amigo me emprestou um livro que iria mudar a minha visão para o termo “jagunço”. Até então, jagunço para mim era um homem terrível, sanguinário, que matava sem dó nem piedade, que não respeitava a família. O livro em questão é “Jagunços e Heróis” do escritor baiano Walfrido Moraes. Como disse o autor no prefácio à terceira edição: “Como tal, os personagens deste livro não são fictícios. Ao contrário, são personagens reais. Existiram. Viveram. Lutaram. Sofreram. Amaram e se odiaram na paisagem agreste”. O autor conviveu com eles, ainda menino. Jagunços como ele mesmo disse, “de uma bondade extrema; de uma filosofia de vida juncada de sabedoria, severidade, honradez e prudência; e de uma jovialidade e compreensão que os homens de gabinete, os estadistas, todos aqueles que, por vezes, decidem os destinos do mundo e da humanidade, precisam, sem nenhum demérito, assimilar e adotar”.
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