terça-feira, 2 de outubro de 2012

AUGUSTO TEIXEIRA DE FEITAS, O JURISCONSULTO DO IMPÉRIO


AUGUSTO TEIXEIRA DE FREITAS
 


 

Augusto Teixeira de Freitas, considerado “O jurisconsulto do Império”, nasceu em Cachoeira, no dia 19 de agosto de 1816.
Ingressou, em 1833, na Faculdade de Direito de Olinda, onde realizou o primeiro ano do curso de Direito. O segundno, o terceiro e o quarto anos do currículo acadêmico foram realizados na Faculdade Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo.
No quarto ano voltou para a Faculdade de Direito de Olinda, pela qual foi diplomado com nota máxima em 1837.
No ano seguinte foi nomeado juiz de direito, na Bahia.
Em 1843, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde abriu um escritório de advocacia na Rua da Quitanda. Pouco depois, com Josino do Nascimento Silva, Carvalho Moreira e outros, fundou o Instituto dos Advogados do Brasil.
Em 1844 foi nomeado advogado ante o Conselho de Estado do Império.
Em 1857  assumiu a presidência do Instituto dos Advogados do Brasil e publicou sua “Consolidação das Leis Civis”.
Dois anos depois, foi novamente contratado para elaborar o projeto de lei do Código Civil Brasileiro.
Em 1860, publicou a primeira secção do seu “Esboço do Código Civil”, o qual concluiu quatro anos depois.
O “Esboço de Código Civil”, uma obra monumental de cinco mil artigos, serviu de inspiração para os trabalhos que resultaram no Código Civil, de autoria de Clóvis Beviláquia, editado em 1916. Inspirou, também procesos de codificação no Paraguai, Uruguai, Chile, Nicaragua e na Argentina.
Teixeira de Freitas foi o idealizador e organizador do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitca.
De sua extensa bibliografia destacamos:
1-Consolidação das Leis Civis, 1857
2-Código Civil -  Esboço, 1864
3-Córtice Eucarístico- Mistério, 1871
4-Pedro quer ser Augusto, 1872
5-Prontuário de Leis Civis, 1878
6-Aditamento ao Código de Comércio, 1878
7-Formulário dos Contratos e Testamento, 1882
8-Regras de Direito Civil e Vocabulário Jurídico, 1883
9-Primeira Linhas sobre o Processo Civil (Adaptação) de Pereira   de Souza
10-Doutrina das Ações (Adaptação) de José Homem Correia
 
O nobre jurisconsulto, o maior do seu tempo, faleceu em Niteroi, no dia 12 de dezembro de 1883.
Em 1957 o chefe da agência de estatística de Alcobaça, Miguel Geraldo Farias Pires, solicitou  à Prefeitura e Câmara de Alcobaça a homenagem a Augusto Teixeira de Freitas, dando o nome do ilustre baiano ao povoado de São José de Itanhém, o que foi aceito pelo Executivo e Legislativo de Alcobaça.
 
 

LUIZ TARQUÍNIO, PIONEIRO SOCIAL


LUIZ TARQUÍNIO
 







Luiz Tarquínio nasceu em Salvador, no ano de 1844.
Com sua mãe, Maria Luiza dos Santos, escrava liberta, aprendeu as primeiras letras.
Mais tarde, freqüentou uma escola pública durante três anos.
 Enquanto criança, vendeu bilhetes de loteria, artesanato e doces caseiros. Foi moleque de recados, e carregador.
Quando completou dez anos de idade, começou a trabalhar em um loja de tecidos de propriedade de Lino Porphyrio da Silva.
Na loja de tecidos começou varrendo o chão e executando outros afazeres da limpeza mas, em virtude de conhecer as quatro operações de cálculo e possuir certo discernimento,  logo depois passou a tender clientes no balcão.
Ao atingir os 15 anos, foi trabalhar com João Gaspar Bruderer, sócio de Bruderer & Cia., grande importadora e atacadista de tecidos.
 
Aprendeu inglês ouvindo os empregados e, com o auxílio de  alguns amigos, absorveu  noções de contabilidade empresarial.
Assim preparado, foi para a Europa. Ali ampliou seus conhecimentos sobre economia, política, finanças, artes plásticas e música.

Em 1890, tornou-se sócio de Bruderer e passou a ser considerado um grande importador de tecidos.

No ano seguinte criou, no bairro da Boa Viagem, a Companhia Empório Industrial do Norte. Sua empresa, em apenas quatro anos, assumiu metade da produção algodoeira  do estado, empregando um terço de todos os operarários  da Bahia e dois terços de todos os teares existentes na região.

Em 1901 construiu a primeira Vila Operária do país, com 258 residências para as famílias dos trabalhadores, que recebiam gratuitamente assistência médica, odontológica e hospitalar e tinham à sua disposição creches, escolas, biblioteca, museu de   de história natural e cooperativa. Foi a primeiro a instituir no Brasil a licença maternidade.

Tornou-se personalidade de destaque no mundo empresarial e  pioneiro da assistência social.

Esteve presente em todos os movimentos sociais do Império,  inclusive, no movimento em prol da abolição da escravatura.

Luiz Tarquinio faleceu em Salvador, no ano de 1903, pouco depois de concluir sua admirável obra social.

 

 

 
.
 
 
 
 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

CLEMENTINO FRAGA

 
CLEMENTINO FRAGA






Clementino da Rocha Fraga, mais conhecido como Clementino Fraga, médico de renome internacional, político e escritor, nasceu em Muritiba, no dia 15 de setembro de 1880, sendo seus pais Clementino Rocha Fraga (do mesmo nome) e Córdula de Magalhães Fraga.
Tendo concluído os preparatórios, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, pela qual recebeu o grau de doutor em medicina em 1903.
Em 1906 transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde ocupou o cargo de Inspetor Sanitário.
Pouco depois, em 1910, foi professor substituto de Clínica Médica da então Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil,  delegado sanitário especial para a profilaxia do “cholera morgus” a bordo do vapor “Araguia” e representante do Brasil junto ao XVII Congresso Internacional de Medicina, realizado em Londres.
Em 1927  representou o Brasil no Congresso Internacional de Tuberculose, em Córdoba, Argentina.
No ano seguinte, dirigiu a campanha contra a febre amarela, no Rio de Janeiro.
Em 1930 foi Secretário Geral de Saúde e Assistência do Distrito Federal, ocasião em que reorganizou e modernizou vários serviços de saúde, merecendo de seus superiores hierárquicos os maiores elogios.
Culminou sua vida acadêmica, após brilhante concurso (no qual teve como concorerente o Prof. Prado Valadares), como professor catedrático de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Bahia e, posteriormente, da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Todos são unânimes em considerá-lo uma das figuras mais notáveis de sua época, tanto como médico como homem de letras e cidadão exemplar.
Muitos o consideram um sábio.
Fez parte de inúmeras instituições científicas e culturais, no Brasil e no exterior:  Academia Brasileira de Letras,  Academia de Letras da Bahia, Academia Fluminense de Letras,  Academia de Medicina de Paris,  Academia de Medicina de Buenos Aires,  Academia de Ciências de Lisboa, e muitas outras.
De sua bibliografia, constam “Ceticismo em Medicina”, “Bovarismo antes e depois de Flaubert”, “A vocação  de Xavier Marques”, “Medicina e Humanismo”, “Vida e Obra de Antero de Quental”, “Vida e Obra de Teófilo Dias”, “Afonso Celso, educador”, “Meditações”, etc, etc.
Em 1968 publicou suas memórias, sob o título “Reencontros Imaginários”.
Sua linguagem era nobre, elegante e pura, à altura de um homem que foi grande cientista e, ao mesmo tempo, notável homem de letras.
Clementino Fraga faleceu no Rio de Janeiro, no dia 8 de janeiro de 1971.
Pouco antes de sua morte, foi agraciado com a medalha da mais alta distinção, pela Academia Militar do Brasil.
 
 
                                                ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS
 
                                                                                 
 

ACADEMIA DE LETRAS DA BAHIA
 
ACADEMIA FLUMINENSE DE LETRAS
 
ACADEMIA DE MEDICINA DE PARIS
 
ACADEMIA DE MEDICINA
DE BUENOS AIRES
 
ACADEMIA DE CIÊNCIAS DE LISBOA

 
                                                                                    
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



 

AFRÂNIO PEIXOTO


AFRÂNIO PEIXOTO

 



Afirmou José Santiago da Mota: “ Júlio Afrânio Peixoto, que eu tive a ventura de conhecer, de receber provas de amizade e de ouvir sua palavra cristalina, acadêmica, serena e escorreita, em orações magistrais, foi um homem extraordinário em diversos ramos do saber”.

Médico legista, higienista, sociólogo, etnógrafo, romancista, ensaísta, historiador, merece o respeito e a consideração de todos os baianos.

Filho do Capitão Francisco Afrânio Peixoto e Virgínia de Morais Peixoto, nasceu a 17 de dezembro de 1876, na cidade de Lençóis. Concluídos os preparatórios, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, doutorando-se em 1898, quando apresentou a tese intitulada “Epilepsia e Crime”, a qual repercutiu não só no Brasil como na Europa.

Foram seus colegas de turma : Antônio do Amaral Ferrão Muniz, Augusto Couto Maia, Menandro dos Reis Meireles Filho e Luiz Pinto de Carvalho, todos professores da Faculdade.

Em 900, iniciou sua atividade de escritor, publicando “Rosa Mística”.

Em 1902, seguiu para o Rio de Janeiro, onde foi nomeado Inspetor Sanitário e, no ano seguinte, médico do Hospital Nacional de Alienados. Substituindo ao seu mestre Juliano Moreira, quando este estava na Europa, assumiu a direção do Hospital, quando promoveu reforma radical na tradicional instituição.

Em 1903, foi eleito Membro Titular da Academia Nacional de Medicina.

Em 1905, realizou viagem de estudos à Europa, onde freqüentou os cursos dos professores mais famosos de Berlim, Viena e Paris.

Ao regressar, conquistou, por concurso de títulos e provas, a cadeira de Medicina Legal, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Nessa época, publicou o romance: “Esfinge”, ao qual se seguiram “Maria Bonita” (sua obra prima, publicada em 1914), “Minha Terra e Minha Gente”(1916), “Poeira de Estrada”(1916), “Fruta do Mato”(1920), “Parábolas”(1920), “Castro Alves, o Poeta e o Poema”(1922), “Bugrinha”(1922), “As Razões do Coração” (1925), “Uma Mulher como as Outras”(1928), “Ramo de Ouro”(1928), “Sinhazinha”(1929), “Tristão e Iseu”(1930), “Viagem Sentimental”(1931), “Humor” (1936), “Educação da Mulher”(1936), “História do Brasil”(1940).

Em 1907, criado o Serviço Médico Legal da Polícia do Distrito Federal, foi nomeado seu primeiro Diretor.

Em 1913, assumiu a cadeira de Medicina Pública da Faculdade de Direito do Rio de Janeiro e publicou, no mesmo ano, “Elementos de Higiene”.

Em 1926, foi eleito deputado federal pela Bahia e como deputado federal teve atuação das mais brilhantes.

Diz Loureiro de Souza: “A sua obra literária e científica é imensa, não perdendo, no entanto, pela extensão, a grandiosidade”. E acrescenta: “Já prestes do fim, divulgou dois trabalhos que são um hino de ternura e amor à sua terra: “Breviário da Bahia”e “Livro e horas da Bahia” .

Faleceu, no Rio de Janeiro, em 12 de janeiro de 1947.


MANOEL TRANQUILINO BASTOS


MANOEL TRANQUILINO BASTOS
 
 





Manoel Traquilino Bastos, clarinetista, compositor, arranjador, professor e regente musical,  nasceu em Cachoeira, no dia 8 de outubro de 1850.

Filho de pai português e mãe negra alforriada, Manoel Tranquilino Bastos, foi um gênio da música, um semeador de orquestras.
Quando criança, aprendreu  a tocar clarineta, e se incorporou ao Coro de Santa Cecília.
Ainda menor de idade, passou a integrar a Banda Marcial São Benedito, composta por músicos negros.
Depois, aos 14 anos incompletos, tocou clarineta em diversos eventos musicais e absorveu, por si só, e com imenso esforço, a cultura musical européia, muito particularmente da Itália, Alemanha e, principalmente, da França.
Sua fama transpôs os limites do Brasil e chegou ao Velho Mundo, onde  suas composições foram aplaudidas de pé por platéias eruditas.
Foi, durante muito tempo, o representante na Bahia de .fábricas francesas de instrumentos musicais, inclusive da Casa Sax, do inventor do saxofone Adolf Sax, e da casa franco-britânica Besson.
 Intermediou a compra de instrumentos para diversas bandas do recôncavo baiano, orientou os fabricantes  sobre as particularidades do clima tropical e trocou correspondência com figuras importantes do Velho  Mundo, inclusive Adolfo Sax.
Absolucionista convicto, ficou conhecido pelo epíteto “O Maestro da Abolição”.
Esteve à frente dos movimentos em favor da abolição da escravatura. O “Hino Abolicionista” e a música “Airosa Passeata” são de sua autoria. “Airosa Passeata”  retrata a passeata em que ele, à frente de mais de duas mil pessoas, a maioria composta por negros recém-libertados, foi às ruas de Cachoeira na noite de 13 de maio de 1888, comemorando a assinatura da Lei Áurea.
De sua autoria são as primeiras composições de música de câmara da Bahia. Sua paixão pela música fez com que, de seus dez filhos, três se tornarem músicos, perpetuando  o legado paterno, composto por 295 dobrados, 150 marchas festivas, 50 marchas fúnebres e 205 fragmentos de ópera transcritos para banda marcial, além de inúmeras valsas e peças sacras.
De sua autoria são, 120 crônicas e artigos para jornais e revistas, bem como manuscritos e diários, além de cadernos de música
Era espírita. Fiel à sua convicção religiosa, fundou, em 1877,  com alguns amigos,  a Sociedade Espírita Cachoeirana.
 Manoel Tranquilino Bastos faleceu em 1935.